A Ordem dos Médicos está contra a criação de um curso de Medicina pela Universidade Católica e enviou um parecer negativo e não vinculativo à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), a entidade responsável pela decisão, entre o final de setembro e início de outubro, da abertura do curso.
Entre os problemas apontados, de acordo com o jornal Público, estão a “escassez do contacto clínico” dos estudantes, uma vez que a Universidade Católica propõe apenas 24 créditos para o contacto com doentes. Nas faculdades de Medicina no país este rubrica chega aos 48 e 54 créditos – ou seja, dobro.
Além disso, considera o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, há um número insuficiente de docentes e mais de 3.000 horas estão ainda “por atribuir. Os professores que já têm disciplinas atribuídas registam um “carga horária excessiva”.
Miguel Guimarães aponta ainda o facto de vários professores trabalharem noutras faculdade, o que poderia criar inconvenientes nessas instituições. O bastonário coloca também em cima da mesa possíveis problemas na articulação da universidade com os hospitais onde os alunos devem ter formação prática.
Na proposta, a Católica quer colocar os estudantes no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, uma parceria público-privada, no Hospital da Luz e num outro hospital deste grupo privado em Setúbal. Ao todo, os protocolos com estas instituições englobam 760 camas — o que Miguel Guimarães considera insuficiente.
Entre as preocupações da Ordem está ainda o facto de o curso ser lecionado em inglês. O parecer da Ordem não é vinculativo, mas é tido em conta na decisão do Conselho de Administração A3ES.
Em julho, o curso de Medicina proposta pela Católica ficou envolto em polémica depois de o primeiro-ministro, António Costa, criticar o parecer técnico negativo da Ordem dos Médicos, cujo conteúdo não era, porém, ainda conhecido.
Em agosto, entrevistado pelo Observador, António Almeida, futuro diretor da Faculdade de Medicina, garantia que o curso preenchia todos os requisitos. “Temos o decreto lei, sabemos que pontos temos de preencher, e preenchemos, sabemos que a comissão de avaliação apontou algumas fragilidades, todas superáveis. Tenho pena que a Ordem dos Médicos tenha vindo para as notícias dizer isto, sem nos comunicar a nós. Não sabemos em concreto quais são as fragilidades que a Ordem dos Médicos aponta”, disse na altura.
A A3ES é a maior calamidade que aconteceu ao ensino superior em Portugal. Na generalidade é um bando de inúteis e incompetentes que só defendem interesses, a começar pelo interesse próprio, que é assaltar os bolsos das instituições universitárias. Os contactos que tive com essa instituição foram todos altamente negativos, ficando eu com a certeza de que a A3ES é estruturalmente incapaz de avaliar de forma correcta qualquer instituição do ensino superior ou qualquer curso por elas proposto.