Operação Babel em Gaia: empresário por trás do “edifício mais alto do país” é um dos detidos

Elad Dror / Facebook

O empresário israelita Elad Dror (dir)

O diretor-executivo e fundador do Grupo Fortera, Elad Dror, é um dos sete detidos hoje pela Polícia Judiciária (PJ) durante a “Operação Babel”, que investiga projetos imobiliários a rondar os 300 milhões de euros.

A detenção de Elad Dror, líder do grupo de capitais israelitas, que se dedica aos negócios e à promoção imobiliária, foi avançada à agência Lusa por fonte judicial.

O Grupo Fortera assumiu entretanto que “irá colaborar ativamente com a justiça”, em reação à detenção do seu diretor-executivo e fundador.

“O grupo Fortera vem, por este meio, esclarecer e confirmar que Elad Dror se encontra, esta tarde, nas instalações da Polícia Judiciária no Porto e que irá colaborar com a Justiça para o esclarecimento de qualquer facto que lhe possa ser imputado”, esclarece a empresa.

“Neste momento, não há ainda conhecimento dos contornos que serão necessários esclarecer”, acrescenta o grupo empresarial, em comunicado enviado à agência Lusa.

O grupo, com sede em Vila Nova de Gaia, com capitais israelitas e que se dedica aos negócios e à promoção imobiliária adianta “que tem em curso um investimento relevante na área” deste município, admitindo que “poderá ser em torno do mesmo que será necessário prestar esclarecimentos”.

Em causa estará a construção do Skyline Gaia, o edifício mais alto do país, com 30 andares,  projeto que está a ser desenvolvido entre o grupo Fortera e o município de Vila Nova de Gaia.

Segundo fonte da PJ, um segundo empresário detido no âmbito da Operação Babel já o tinha sido no âmbito da “Operação Vórtex”, ao abrigo da qual o ex-presidente da Câmara de Espinho Miguel Reis se encontra em prisão preventiva.

O vice-presidente do município de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo (PS), que tem o pelouro do Planeamento Urbanístico e Política de Solos, Licenciamento Urbanístico, Obras Municipais e Vias Municipais, e dois funcionários da câmara do Porto, um deles chefe de uma divisão da área urbanística e outro com ligações a esta divisão, também foram detidos.

A PJ deteve ainda um técnico superior da Direção Regional de Cultura do Norte e um jurista, acrescentou a mesma fonte à Lusa.

Está previsto que os sete detidos, todos homens, sejam presentes a primeiro interrogatório judicial, a partir de quarta-feira, ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para aplicação de medidas de coação.

A “Operação Babel centra-se na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”, explicou a PJ, em comunicado.

“Nesta fase, foram já constituídos 12 arguidos, estando os detidos, um titular de cargo político, dois funcionários de serviços autárquicos, um funcionário de Direção Regional de Cultura do Norte, dois empresários e um profissional liberal”, deu conta a PJ.

Estes arguidos foram indiciados “pela prática dos crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem, corrupção ativa e passiva, prevaricação e abuso de poder praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político”, acrescenta a PJ.

A autarquia de Gaia já garantiu que, “como é evidente, todos os elementos foram fornecidos” e que o presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), “deu indicação expressa aos serviços para a cedência de todos os elementos necessários às averiguações legais”.

Segundo aquela autarquia, “as questões ficaram devidamente documentadas, mantendo-se os serviços em disponibilidade total para colaborar com a Justiça e com a investigação”.

Em comunicado ao final da manhã, a Câmara Municipal do Porto afirmou que as buscas da PJ nos serviços municipais do urbanismo não visam o município, mas empresas privadas com processos urbanísticos ali a tramitar.

Além disso, a autarquia confirmou que a PJ estava a analisar dois telemóveis, sem avançar a quem pertencem.

Anteriormente, fonte da Câmara do Porto confirmou terem sido apreendidos os telemóveis do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, e de uma chefe de divisão do Urbanismo.

ZAP // Lusa

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