Ómicron assusta Velho Continente. Europa prepara travão de emergência (e há “casos em investigação” em Portugal)

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Kim Ludbrook / EPA

A Ómicron veio mudar as regras do jogo. O mundo está apreensivo com a quantidade de mutações da nova variante, que pode ser mais transmissível e mais resistente às vacinas. Há “casos em investigação em Portugal”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou à suspensão imediata de todo o tráfego aéreo a partir dos países da África austral, onde foi detetada a presença da nova variante B.1.1.529.

Apesar de o consenso dos 27 recair em puxar o travão de emergência, isso não significa que aconteça no imediato. O Observador explica que cada país tem de pôr em marcha os seus mecanismos e alguns deles já avançaram com restrições, como é o caso de Portugal.

A partir da próxima segunda-feira, os voos de e para Moçambique vão ser suspensos. Além disso, “já a partir das 00h00 deste sábado, todos os passageiros de voos oriundos de Moçambique (assim como da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbabué) ficam obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias.”

Os restantes países deverão tomar a decisão durante a próxima semana.

O apelo da líder do executivo comunitário surgiu esta sexta-feira, já depois de alguns países europeus terem unilateralmente tomado a iniciativa de proibir voos da África do Sul.

As declarações de Von der Leyen também surgiram pouco tempo depois de o Governo belga ter confirmado que já tinha identificado um caso de contágio no país.

Trata-se de uma jovem adulta que não foi vacinada contra a covid-19 e que viajou para o Egito, tendo regressado à Bélgica num voo com escala na Turquia, a 11 de novembro. Um teste realizado no dia 22 do mesmo mês confirmou a infeção.

Quando o ministro da Saúde belga confirmou o caso, anunciou também um conjunto de restrições no país, tais como o encerramento dos restaurantes e lojas noturnas às 23 horas; a proibição de público em competições desportivas; o cancelamento das viagens escolares; e o fecho das discotecas.

Já este sábado, 61 passageiros de dois voos da África do Sul testaram positivo para a covid-19 na chegada a Amesterdão. As autoridades sanitárias dos Países Baixos estão a analisar se se trata da nova variante.

Casos “em investigação” em Portugal

Este sábado, citada pelo Observador, Graça Freitas disse que “há casos em investigação” da nova variante Ómicron em Portugal, mas “não se pode dizer que são casos suspeitos”.

“São casos que estão a ser investigados” de pessoas que vieram da África Austral, o epicentro da nova variante, explicou a diretora-geral da Saúde.

É óbvio que estamos preocupados“, acrescentou a responsável, apelando a quem tenha viajado da África Austral e Angola que se dirija a uma farmácia e faça um teste rápido antigénio. Cinco dias depois da chegada ao país, o teste deve ser repetido.

Número elevado de mutações

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já admitiu estar preocupada com esta variante, a quinta a merecer uma designação distintiva (Ómicron).

A B.1.1.529 terá cerca de 30 mutações na proteína “spike”, a “chave” que permite ao vírus entrar nas células humanas. No entanto, ainda não se sabe se estas alterações genéticas tornam a variante mais transmissível ou perigosa, a ponto de escapar à proteção conferida pelas vacinas.

À Lusa, o microbiologista João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), pede alguma precaução. “Temos de dar tempo ao tempo. É um motivo de preocupação naturalmente, mas não é motivo de alarme total.”

O especialista acrescentou que a nova linhagem está em estudo e salvaguardou que não é por ter a presença simultânea das respetivas mutações relevantes que faz com que seja “mais transmissível ou com associação a falhas vacinais”.

Até agora, não foi identificado nenhum caso em Portugal.

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse que o Governo está atento às informações que estão a ser partilhadas e à evolução da informação técnica e acompanha a situação “com preocupação”.

Vacina específica para a Ómicron

Esta sexta-feira, a Moderna anunciou a sua intenção em desenvolver uma dose de reforço de uma vacina específica para a nova variante Ómicron.

“A Moderna vai desenvolverá rapidamente uma vacina candidata para uma dose de reforço específica para a variante Ómicron”, disse a farmacêutica norte-americana, citada em comunicado.

O anúncio faz parte de uma estratégia para trabalhar em doses de reforço específicas para variantes preocupantes, segundo a Moderna.

A Pfizer e a BioNTech também divulgaram um comunicado, no qual explicam que os seus laboratórios já estão a analisar a variante para determinar se a sua vacina precisará de algum tipo de “ajuste”.

Já a Johnson & Johnson disse que está a testar a eficácia da Janssen “contra a nova variante de rápida disseminação que foi identificada na África do Sul”, assim como a norte-americana Novavax e a britânica AstraZeneca.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) considerou “prematuro” antever se será necessária a adaptação das vacinas contra a covid-19 “com uma composição diferente” para fazer face à nova variante, sobre a qual os dados ainda são “insuficientes”.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Nossa Senhora, desgraçado! Perdi irmão, muito amigos e quase morri com essa doença terrível. Não consigo ficar calado com tamanha ignorância.

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