O PS/Madeira entregou hoje no Departamento de Investigação e Ação Penal do Funchal uma queixa relativa às denúncias feitas pelo ex-deputado do PSD Sérgio Marques sobre “obras inventadas, cedência a pressões e favorecimentos do Governo Regional a grupos económicos”.
“Em causa estão acusações muito graves e confissões de quem conhece o regime e o PSD/Madeira por dentro”, refere o líder da estrutura regional do PS, Sérgio Gonçalves, citado em comunicado, após a formalização da queixa.
A iniciativa surge na sequência da comissão de inquérito sobre o “favorecimento de grupos económicos pelo Governo Regional, pelo presidente do Governo Regional e secretários regionais e obras inventadas em face da confissão do ex-secretário regional Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias”.
O relatório final da comissão, que ilibou o Governo Regional, foi aprovado em 09 de maio pela maioria PSD/CDS-PP, tendo o PS anunciado nesse dia que iria apresentar de uma queixa no Ministério Público, por considerar que as declarações do ex-deputado social-democrata são suscetíveis de “configurar a prática de diversos crimes”.
O líder do PS regional afirma, no comunicado, ter havido uma “tentativa clara” de a maioria PSD/CDS-PP, que suporta o executivo em coligação, “esconder a verdade aos madeirenses”.
“Desde o primeiro momento dissemos que iríamos até às últimas consequências e a formalização desta queixa é precisamente isso, porque entendemos que existem indícios de várias práticas que podem ser consideradas crimes”, declarou Sérgio Gonçalves.
O socialista sublinhou que “compete agora ao Ministério Público deduzir as acusações e aos tribunais julgar aquilo que tiver de ser julgado”.
No âmbito da comissão de inquérito foram ouvidos o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque , os empresários Miguel de Sousa (Grupo Sousa) e Avelino Farinha (Grupo AFA), e o ex-deputado do PSD Sérgio Marques.
Em causa estavam acusações de Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias, publicadas em 15 de janeiro, de “obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e de grupos económicos que cresceram com o “dedo do Jardim”.
A oposição critica os 900 milhões de euros gastos por Alberto João Jardim e Miguel Albuquerque em obras que consideram ser “inúteis” e falam em “clientelismos antigos e de hoje”.
O social-democrata, que fez também parte do primeiro Governo de Miguel Albuquerque (PSD) como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre 2015 e 2017, e à dada das declarações era deputado do PSD à Assembleia da República pelo círculo da Madeira, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de um grande grupo económico da região.
ZAP // Lusa