De acordo com o calendário Maia, é um milagre que ainda aqui estejamos todos a ler esta notícia — porque o mundo deveria ter acabado há exatamente 10 anos.
Os antigos Maias previram, há mais de 2.200 anos, que o calendário acabaria a 21 de dezembro de 2012 — o que levou, durante séculos, as pessoas a especular que talvez essa fosse a data marcada para o Fim do Mundo.
A maior parte das pessoas que acreditaram na profecia do calendário com fim adiantaram possíveis causas naturais para o temível apocalipse — tsunamis monumentais, gigantescos tremores de terra, uma catastrófica erupção vulcânica.
Outros acreditaram que o nosso fim chegaria após a colisão com um misterioso planeta, que provocaria a inversão dos polos magnéticos, ou então que um buraco negro se abriria aqui ao lado para nos engolir.
E, naturalmente, houve quem garantisse a pés juntos que uma qualquer devastadora Guerra Termonuclear Global eclodiria no mítico dia 21-12-2012.
Este fim do mundo foi mesmo tema do épico “2012”, filme de 2009 de Roland Emmerich que retrata as sucessivas catástrofes naturais que nessa data abalariam a Terra — e as estórias entrelaçadas dos que sobreviveram para as contar.
No entanto, aparentemente, as previsões dos Maias estavam erradas — a não ser que acreditemos na teoria de que vivemos agora numa simulação.
Precisamente 10 anos após o dia em que o mundo deveria ter acabado, o Unilad recordou a data e fez um apanhado de alguns dos mais espirituosos comentários que é possível encontrar nas redes sociais acerca do mais famigerado evento que não aconteceu.
“O calendário Maia falhou estrondosamente”, diz um utilizador. “Ainda bem, porque agora temos o Tiktok“, comenta outro.
Um dos utilizadores põe a hipótese de que o mundo talvez tenha mesmo acabado nessa data — afinal, foi o dia em que “Gangnam Style” se tornou o primeiro vídeo no YouTube a atingir os mil milhões de visualizações.
Outro concorda. “Talvez o mundo tenha acabado, e isto seja o Inferno“. Mas há quem tenha a certeza de que o (seu) mundo acabou mesmo. “As previsões estavam certas, a minha vida acabou”.
Muitos utilizadores recordam também o ambiente que se viveu nos dias e semanas antes do esperado (?) evento e os receios que sentiram à medida que o fim do mundo se aproximava.
“No dia anterior estava deitado na cama a comer Doritos e só pensava se no dia seguinte estaria ali”, diz um utilizador.
“O filme 2012 deu-me cabo da cabeça em criança, uma pequena parte de mim ainda vive em terror todos os dias”, diz outro.
Nos dias anteriores, o fim do mundo encheu as notícias e foi tema de conversa em família e amigos — com as opiniões a dividirem-se entre os crentes e os céticos que tentavam desconstruir os argumentos dos primeiros. Com mais uns quantos que nem se deram ao trabalho de se preocupar com o assunto.
Mas nem mesmo os mais receosos fizeram quaisquer preparativos para o dia seguinte. Afinal, não haveria dia seguinte.
Apesar de os Maias não terem conseguido adivinhar o futuro, criaram na realidade uma das primeiras linguagens escritas da História e desenvolveram formas revolucionárias de medir o tempo.
O famoso Calendário Maia é baseado num sistema de “engrenagens” distintas, sincronizadas e interligadas, com combinações de ciclos que se sobrepunham: um destes, o “Ciclo Sagrado”, contava 260 dias; outro ciclo contava um ano secular de 265 dias. No fim de cada ciclo, o “relógio” reiniciava a contagem.
O problema deste engenhoso sistema de contagem perpétua de sincronizações solares, lunares e galácticas é que… não era perpétuo. Os ciclos acabavam há precisamente 10 anos.
Os Mais acreditavam que o fim deste último ciclo seria o início de outro — mas ao longo dos séculos as pessoas foram levadas a pensar que era um sinal do Apocalipse.
Um dos poucos que não se fiou na inevitabilidade do fim do mundo nessa data foi precisamente Nostradamus — que se dedicou durante anos, a adivinhar sucessivos fins do mundo (ou coisas piores) para os anos que se lhe seguiram — entre as quais se incluem terríveis profecias para 2023.
Bem, a verdade é que as alegadas previsões do fim do mundo, quer de Nostradamus quer do Calendário Maia, falharam todas até à data.
Ou, pelo menos, assim achamos nós que ainda aqui estamos para as desmentir.