EUA vs Rússia: a guerra nuclear que pode mudar o mundo

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O risco de guerra nuclear aumentou drasticamente nos últimos anos, à medida que os Estados Unidos e a Rússia abandonaram tratados de controlo de armas nucleares de longa data, começaram a desenvolver novos tipos de armas nucleares e aumentaram as circunstâncias em que as poderiam utilizar.

No entanto, há alguns meses, era inconcebível que a possibilidade de uma guerra nuclear superasse a pandemia como a maior ameaça do mundo.

Hoje, a incerteza ameaça criar a maior crise nuclear desde a Guerra Fria. O risco de uma guerra nuclear é baixo — mas não zero — de acordo com os especialistas. Mas como é que uma guerra desse género se poderia desenrolar?

De acordo com duas simulações diferentes, realizadas por equipas de investigação independentes, uma guerra nuclear entre os EUA e a Rússia resultaria em mais de 90 milhões de mortos e feridos, só nas primeiras horas do conflito — e mergulharia o mundo num Inverno nuclear durante pelo menos dez anos.

Chamada “Plano A“, a primeira destas simulações foi publicada em 2019 pelo programa Ciência & Segurança Global da Universidade de Princeton — e mantém-se fiel à atualidade, à medida que as tensões entre a Rússia e os aliados da NATO aumentam, e podem escalar para uma guerra nuclear.

A simulação, criada por Alex Wellerstein, Tamara Patton, Moritz Kütt e Alex Glaser, mostra uma possível escalada da guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia, com início na Europa, através de previsões de força nuclear realistas, alvos, e estimativas de mortes.

As mortes imediatas em cada fase do conflito foram calculadas de acordo com os dados do NUKEMAP, uma ferramenta de visualização online, desenvolvida por Wellerstein, no Stevens Institute of Technology.

No “Plano A”, a guerra nuclear começa quando a Rússia lança um “tiro de aviso” a partir de uma base perto de Kaliningrado, para impedir o avanço da NATO. As forças da Aliança Atlântica respondem com um único ataque nuclear tático.

Quando atinge o patamar nuclear, a simulação revela que a luta se intensifica para uma guerra nuclear na Europa. Nessa altura, a Rússia enviaria 300 ogivas para bases da NATO, bem como tropas.

A resposta da NATO seria lançar cerca de 180 armas nucleares para a Rússia, numa retaliação igualmente devastadora. A simulação mostra que, nesta fase, já seriam registadas 2,6 milhões de baixas, no espaço de três horas.

Pierre J. / Flickr

Em menos de 5 horas, as trocas nucleares causariam um total de 91,5 milhões de baixas

Com a Europa destruída, a NATO lançaria um ataque nuclear estratégico contra os arsenais nucleares da Rússia — 600 ogivas no total.

Antes de perder os seus sistemas de armas, a Rússia responderia com mísseis lançados de silos, veículos móveis, e submarinos — causando mais 3,4 milhões de baixas, em 45 minutos.

Para inibir a recuperação do outro lado, a Rússia e a NATO usariam submarinos para atingir as 30 cidades mais populosas uma da outra, resultando em mais 85,3 milhões de baixas imediatas, em apenas 45 minutos.

Em menos de 5 horas, as trocas nucleares causariam 34,1 milhões de mortos e 57,4 milhões de feridos — um total de 91,5 milhões de baixas.

No entanto, as mortes por efeitos secundários da guerra nuclear aumentariam significativamente. A vida humana continuaria, mostram os cálculos dos especialistas, mas não seria muito agradável, segundo noticia o Business Insider.

Os estudos sugerem que a atmosfera da Terra arrefeceria drasticamente, mesmo com um envolvimento nuclear limitado — provocando fome, crises de refugiados, mais conflitos, e mais mortes.

Outra simulação, feita por investigadores da Universidade Rutgers e da Universidade de Colorado Boulder, confirma que uma guerra nuclear entre os EUA e a Rússia mergulharia o mundo num Inverno nuclear.

Os investigadores utilizaram um modelo climático para simular o que aconteceria à atmosfera terrestre, e compararam-no a uma simulação conduzida em 2007 pelo Instituto Goddard da NASA.

O estudo confirmou que uma guerra nuclear teria consequências catastróficas para o planeta, mergulhando a Terra num Inverno nuclear durante 10 anos.

O estudo, também publicado em 2019 no Journal of Geophysical Research: Atmospheres, concluiu que as detonações nucleares injetariam cerca de 150 mil milhões de quilos de cinzas nucleares na atmosfera.

A fuligem seria então espalhada em torno da estratosfera, mergulhando a Terra na escuridão e no Inverno nuclear no espaço de semanas.

Nos meses seguintes, os eventos meteorológicos tornar-se-iam mais instáveis, e a precipitação seria reduzida em cerca de 30% globalmente, causando enormes problemas para a produção de alimentos.

No primeiro ano após a guerra nuclear, as temperaturas globais diminuiriam mais de 7°C, explica Joshua Coupe, autor principal do estudo, segundo o IFLScience.

As cinzas nucleares não desapareceriam durante sete anos e, na escuridão permanente, a Terra veria as temperaturas globais descer em cerca de 9°C.

O estudo conclui que um ataque nuclear em grande escala seria suicida para qualquer país que decidisse levá-lo realmente a cabo.

Como sabemos, o jogo de guerra é algo bastante complexo mas, neste caso, a única jogada vencedora seria mesmo não jogar.

Alice Carqueja, ZAP //

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6 Comments

  1. “a precipitação seria reduzida em cerca de 30% globalmente, causando enormes problemas para a produção de alimentos.”

    Para quê preocuparem-se com isso? Nesse momento já toda a gente morreu por causa do frio e da poluição que se instalou!

  2. Não acredito que a saída para a Rússia seria detonar os misseis nucleares em uma guerra que destruiria o globo terrestre. Afinal de contas a destruição seria total no planeta. Os líderes mundiais também estariam sendo alvos dessa destruição e os que sobrevivessem teriam o inferno na terra. Acredito que a guerra na Ucrânia é só um etapa para a confrontação de uma potência para restituir o seus territórios perdidos pela antiga UESS. Essa guerra está apenas no começo e o leste Europeu é que será a maior vítima da história da humanidade. Os EUA não terão apoio de outras nações para confrontar a Rússia. O embargo do petróleo será apenas um modo paliativo para forçar a adesão do bloco Europeu. Os EUA estão mais preocupados com a China que avança a passos largos na tecnologia para dominar o mundo. Atualmente ,os países de vários blocos que se ressentem pela guerra, pela falta de uma economia equilibrada pela interferência dos EUA.

    • Pensamos que não irá acontecer porque a devastação seria total num lado e noutro. Contudo, os lideres e os mais ricos e poderosos de cada lado, poderão pensar em sobreviver e resistir durante 10 anos em abrigos nucleares.
      Depois, ao fim de 10 anos, seriam eles os herdeiros de toda a riqueza e recursos ao nível mundial. Mais poder do que actualmente detêm. Pensando assim, até podem estar desejosos de carregar no botão.

  3. Pensamos que não irá acontecer porque a devastação seria total num lado e noutro. Contudo, os lideres e os mais ricos e poderosos de cada lado, poderão pensar em sobreviver e resistir durante 10 anos em abrigos nucleares.
    Depois, ao fim de 10 anos, seriam eles os herdeiros de toda a riqueza e recursos ao nível mundial. Mais poder do que actualmente detêm. Pensando assim, até podem estar desejosos de carregar no botão.

  4. Como toda simulação envolvendo decisões humanas (pior ainda, político-militares, é altamente especulativa, podendo o número de mortos inicial e ao longo do tempo variar enormemente, assim como o número de artefatos explodidos.
    De todas as formas, a maior probabilidade é de que a maior parte da população sobreviva nos primeiros anos, podendo o restante ter uma perda enorme da qualidade e da duração da vida.
    Mesmo assim, a humanidade sobreviveria e até mesmo o país iniciador sobreviveria.
    Um grupo no poder que se sinta suficientemente ameaçado pode concluir que perderá menos condenando 40% de sua população à morte inicial ou nos anos seguintes do que cedendo a uma ameaça de inimigos externos ou internos.
    Os governantes norte coreanos e venezuelanos não parecem preocupar-se com o enorme custo humano que impõem às suas populações para manter-se no poder.

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