Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o ‘Brexit’ ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira. O primeiro-ministro David Cameron vai demitir-se.
Os defensores da saída do Reino Unido do bloco europeu tiveram 17,41 milhões de votos, indicam os dados divulgados no portal da BBC após ter terminado o apuramento em todos os 382 círculos eleitorais.
Já os partidários da permanência do Reino Unido na União Europeia obtiveram 16,14 milhões de votos. A taxa de participação no referendo foi de 72,2%.
De acordo com dados publicados no The Telegraph, o próprio Reino Unido dividiu-se: o ‘brexit’ venceu em Inglaterra (53,2%) e no País do Gales (51,7%), enquanto na Escócia (62%) e na Irlanda do Norte (55,7%) a maioria votou a favor da permanência no bloco.
O Reino Unido é o primeiro país a sair da União Europeia desde a sua criação, mas a decisão não significa que tal aconteça imediatamente.
De acordo com o Tratado de Lisboa, o processo de saída de um membro da UE pode demorar até dois anos.
David Cameron demite-se
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a intenção de se demitir em outubro.
Falando à imprensa à porta da sede do Governo, David Cameron afirmou que, depois da vitória do “Sair” com 52%, o país precisa de uma nova liderança.
“O povo britânico votou para deixar a União Europeia, e sua vontade deve ser respeitada. A vontade do povo britânico é uma instrução que deve ser entregue”, disse Cameron.
“Será necessária uma liderança forte e empenhada”, acrescentou o primeiro-ministro britânico, realçando que “outra pessoa deve liderar o processo de transição”.
O líder do eurocético Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, tinha já pedido a demissão do primeiro-ministro e a formação de um “Governo Brexit” para preparar a saída do país da União Europeia.
Em declarações à imprensa em frente do Palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico, Farage disse também que 23 de junho devia ser declarado dia festivo no Reino Unido e considerado o dia em que o país recuperou a sua independência.
“Creio que Cameron provavelmente tem de sair, creio que temos de ter um primeiro-ministro pró-Brexit”, disse Farage, que sugeriu o nome do ex-presidente da câmara de Londres, Boris Johnson, como possível líder do Partido Conservador
Reacções internacionais
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se convicto de que a saída do Reino Unido da União Europeia não põe em causa os interesses de Portugal e dos portugueses a viver e trabalhar naquele país.
Numa nota divulgada na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirma ter a “convicção de que os interesses de Portugal, bem como os dos portugueses a viver e a trabalhar no Reino Unido, continuarão a ser prosseguidos não obstante esta decisão”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, lamentou profundamente a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, considerando que “é um dia triste”.
Augusto Santos Silva reiterou que os interesses das comunidades portuguesas naquele país serão “protegidos e defendidos”.
“Em primeiro lugar, lamentamos profundamente, mas respeitamos a decisão do povo britânico. Hoje é um dia triste, é mau dia para a Europa, mas a Europa tem de seguir em frente“, afirmou Santos Silva.
“Em primeiro lugar, lamentamos profundamente, mas respeitamos a decisão do povo britânico. Hoje é um dia triste, é mau dia para a Europa, mas a Europa tem de seguir em frente”, disse à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.
A chanceler alemã, Angela Merkel, convocou hoje os líderes dos partidos com representação parlamentar para analisar as possíveis consequências do “Brexit”, depois do referendo de quinta-feira no Reino Unido.
Segundo um comunicado do porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, a reunião realiza-se às 11:30 (10:30 em Lisboa) e conta também com a participação de vários ministros do executivo alemão.
O Presidente francês, François Hollande, convocou esta manhã uma reunião ministerial para abordar o resultado do referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, após a qual fará a sua primeira declaração sobre o assunto.
O Eliseu explicou, em comunicado, que esta “reunião ministerial após o referendo britânico” começa às 09:00 (08:00 em Lisboa) e que após terminar, Hollande fará uma “declaração à imprensa”.
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, pediu hoje a realização de um referendo semelhante ao do Reino Unido em França, na sequência do resultado favorável ao abandono dos britânicos da União Europeia.
“A vitória da liberdade! Como eu pedi há anos, deve-se fazer o mesmo referendo em França e nos países da UE”, escreveu a presidente da Frente Nacional (FN) na sua conta no Twitter.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, disse que quer falar com a chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar uma “reação em cadeia” depois do voto dos britânicos favorável ao ‘brexit’.
Questionado pela televisão pública alemã ZDF sobre uma possível reação em cadeia, Schulz disse que vai “discutir com a senhora Merkel sobre a forma como o evitar”.
“A reação em cadeia que os eurocéticos celebram agora um pouco em todo o lado não terá absolutamente nenhuma razão de ser”, afirmou.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos seis países fundadores reúnem-se no sábado em Berlim.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, garantiu hoje que a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia (UE) não se reflete na Aliança Atlântica, onde Londres continua a ter um “papel de liderança”.
“O povo britânico decidiu deixar a União Europeia. Apesar de isso definir o próximo capítulo na sua relação com a UE, sei que a posição do Reino Unido na NATO permanecerá inalterada”, salientou Stoltenberg, em comunicado.
“O Reino Unido continuará a ser um aliado forte e empenhado na NATO e continuará a desempenhar o seu papel de liderança na nossa Aliança”, acrescentou..
O responsável político da Organização do Tratado do Atlântico Norte considerou ainda que perante a “maior instabilidade e insegurança”, a aliança “é mais importante do que nunca”.
Os chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União Europeia reúnem-se no sábado em Berlim para debater as consequências do referendo, anunciou o MNE alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Na reunião, na qual Steinmeier será o anfitrião, participam os MNE francês, Jean-Marc Ayrault, holandês, Bert Koenders, italiano, Paolo Gentilon, belga, Didier Reynders, e o luxemburguês, Jean Asselborn, em representação dos seis países que a 09 de maio de 1957 assinaram o Tratado de Roma, que deu origem ao que é hoje a União Europeia (UE).
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, garantiu hoje a determinação dos líderes europeus em “manterem a unidade a 27”, depois de os eleitores britânicos terem decidido que o Reino Unido vai sair a União Europeia (UE).
O líder do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, disse “lamentar mas respeitar” o resultado do referendo britânico, que determinou a saída do país da União Europeia, e sublinhou que a decisão “causa um grande dano” às duas partes.
“Respeitamos e lamentamos a decisão dos eleitores britânicos. Causa um grande dano a ambas as partes”, disse o alemão a sua conta de Twitter.
A economia também reagiu
O preço do barril de petróleo Brent caiu hoje 6,5% e situou-se abaixo dos 47,50 dólares por barril, na sequência da divulgação dos primeiros resultados do referendo, que apontavam para uma vitória do Brexit.
Também as principais bolsas europeias abriram hoje em forte queda depois de conhecido o resultado do referendo no Reino Unido.
Em Londres, os principais bancos, como o Royal Bank of Scotland (RBS), Barclays e o Lloyds Banking Group, ‘afundaram-se’ 30%, depois da abertura da bolsa a descer perto dos 8%, com o índice londrino a cair 7,94%, para os 5.840 pontos.
Já a Bolsa de Lisboa abriu igualmente em terreno negativo, com o PSI20, o índice de referência, a perder 1,76%, para os 4.607,24 pontos. Os juros da dívida pública de Portugal também dispararam, como consequência da fuga dos investidores dos activos considerados de risco.
A ‘yield’ das obrigações do tesouro de Portugal a dez anos sobe cerca de 40 pontos base para 3,47%, tendo atingido um máximo desde Fevereiro e agravando mais que os juros de Itália e Espanha.
“No curto prazo, os activos portugueses vão ressentir-se porque são o elo mais fraco. Portugal é sempre visto como um país mais frágil, mais fraco, por isso os seus activos, estão mais expostos a este movimento de fuga de risco”, avança Albino Oliveira, analista ouvido pela Reuters.
A Bolsa de Hong Kong caiu mais de 5%, lançando o pânico nos mercados asiáticos após o anúncio do voto dos britânicos no referendo favorável ao ‘Brexit’.
O índice composto de Hang Seng perdeu 1,067.34 pontos para os 19,801.00 pontos.
Os ‘gigantes’ bancários HSBC e Standard Chartered foram duramente atingidos por esta onda de pânico, perdendo mais de 10 e 11%, respetivamente.
O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio encerrou hoje com uma queda de 1.286,33 pontos, equivalente a 7,92%, situando-se nos 14.952,02 pontos. O segundo indicador da bolsa japonesa, o Topix que agrupa os valores da primeira sessão, perdeu 94,23 pontos, cerca de 7,26%, encerrando nas 1.204,48 unidades.
A bolsa de Tóquio chegou a perder mais de 8%, com as ações das principais empresas, como a Toyota e a SoftBank, a caírem a pique, quando os resultados sobre o referendo no Reino Unido começaram a dar como certa a vitória do ‘Brexit’.
O governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, anunciou entretanto que a instituição está pronta a injetar 250 mil milhões de libras adicionais na economia britânica.
Além desta injeção de liquidez para assegurar a liquidez suficiente para o funcionamento dos mercados depois da vitória do ‘brexit’, o banco central britânico “também está disposto a fornecer liquidez considerável em divisas estrangeiras em caso de necessidade”, adiantou Carney.
ZAP // Lusa
Brexit
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It is a sad day no matter what
Estão doidos. Nunca vi um tiro no pé tão bem mandado… Sim senhor.
Nem um único país vai beneficiar com isto. Daqui a algum tempo torcem a orelhinha e não deita sangue. Mas os maiores culpados foram os “ultra-conformistas”… Os “tou me a cagar, yo…” que ficaram em casa a coçar a micose em vez de ir manifestar o seu voto.
Está na hora dos países pobres se unirem e mandarem
estes ricos enfiar no cUU, aquilo que produzem…
Nunca fui a favor da nossa entrada na Comunidade.
Realmente na altura ninguém me perguntou.
Com o passar dos anos tenho que admitir que foi a melhor opção para Portugal.
Atendendo à corja que nos têm governado
Viva o Santo Euro e as imposições e restrições dos nossos parceiros.
Não esquecer que vamos passar mal com o sucedido.
Afinal de contas não soubemos aproveitar e continuamos no desgoverno.
Dias tristes se avizinham para o povo português.
Os britânicos pelos vistos decidem retirar a metade física que mantinham na Europa, exigiram sempre mais e foram sempre atendidos participando menos, mesmo assim estão descontentes e só comprova que as coisas vão realmente mal na UE, emigração de todo o lado, globalização, degradação dos valores culturais e insegurança têm minado esta des(união que se não levarem o assunto a sério poderá mesmo ser aqui o princípio do fim da mesma.
Alemanha à rasca dá aviso aos outros, antes que se baldem também, mas a primeira reunião é com os 2 “mais fortes” a seguir será com o resto. Afinal continuamos a ter a Europa de uns e dos outros e chamam-lhe união… O aviso terá a ver com a vontade de continuar a acabar com a soberania e economia dos mais fracos? Que é o que têm vindo a fazer. Já pouco falta para não haver desemprego na Alemanha e se a UE acabar é só fecharem fronteiras e correrem com os emigrantes e o resto que se lixe será este o plano arquitectado por Bilderberg? para a UE.
http://imgur.com/IlxyDGb
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Bonito serviço…
Isto é apenas o resultados da “alta competência” dos grandes lideres europeus que levaram a UE a este ponto…
E este palerma que é o Cameron ainda é mais estúpido pois, além de pôr a UE nesta situação, vai arranjar maneira de acabar com o Reino (des)Unido…
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A UE que continue a virar as costas aos povos europeus e a render-se aos interesses económicos, que vamos longe…
Ó ELE-O-VERDADEIRO, estúpido és tu.
“E este palerma que é o Cameron ainda é mais estúpido pois, além de pôr a UE nesta situação, vai arranjar maneira de acabar com o Reino (des)Unido…”.
Era uma promessa eleitoral e por lá cumprem-nas, burro de merda. Não é uma república das bananas como aquela onde tu vives. Quando votaram nele, sabiam que haveria referendo. Quiseram sair, saem. Terão de viver com isso e os restantes países europeus também.