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O aperto de mão está em vias de extinção?

Brendan Smialowski / AFP

Vladimir Putin e Joe Biden apertam as mãos na Cimeira EUA-Rússia de Genebra 16 de Junho

O aperto de mão desapareceu quando surgiu a pandemia do novo coronavírus, mas devido à vacinação em massa e ao levantamento progressivo das restrições no Estados Unidos e na Europa, o aperto de mão está de volta. Mas o futuro da tradição é incerto.

Uma das imagens que marcaram o encontro entre o presidente russo Vladimir Putin, e o presente norte-americano Joe Biden, na quarta-feira, em Genebra, foi o seu aperto de mão, tanto pela dimensão diplomática quanto pela questão da saúde.

Este aperto de mão foi marcante uma vez que, uns dias antes, os convidados do G7, em Cornwall, incluindo Biden, se tinham cumprimentado com os cotovelos.

As restrições impostas pela covid-19 foram suspensas em quase todos os estados dos EUA, as recomendações sanitárias estão menos rígidas e não há ordens específicas nas empresas, sendo que cada uma lida com contactos físicos à sua maneira.

Nos EUA, há cada vez mais empresas e órgãos do governo a usar uma pulseira colorida para permitir que funcionários, clientes ou visitantes indiquem o seu grau de abertura para ter contacto físico com alguém, sendo elas vermelha, amarela ou verde, indicando o nível de mais desconfortável ao mais confortável.

Jesse Green, técnico de telecomunicações em Nova York, ainda se recusa a apertar a mão dos seus clientes, limitando o gesto a pessoas que sabe que foram vacinadas.

O abraço é comum entre os americanos, mas hoje em dia essa prática tem vindo a tornar-se menos comum. Também a tradição do beijo se perdeu, sendo que este já não era muito habitual nos Estados Unidos.

“Voltar aos velhos costumes não mudará os índices de infeção”, estima Jack Caravanos, professor de saúde pública da Universidade de Nova York (NYU), e lembra que segundo os estudos sobre o vírus, o contacto físico não é a sua principal forma de transmissão.

“Dito isso, sabemos que constipações, gripes e várias outras infeções circulam por meio de contacto físico”, disse Caravanos. “Portanto, eliminar o aperto de mão teria um impacto positivo do ponto de vista de saúde pública”

“Confiança no outro”

Muitos consideram que o aperto de mão é um risco para a saúde pública. A desconfiança pode ser uma moeda comum entre muitos jovens. “Estes são os anos em que as crianças são formadas”, explica uma auxiliar de enfermagem, Andy McCorkle. “Tenho a impressão de que isso vai resolver psicologicamente a necessidade de manter a distância”.

Apertar as mãos é um ritual que os adultos ensinam desde cedo às crianças, diz a socióloga Allen Furr. No entanto, depois de 16 meses traumatizantes, a continuação desta tradição pode ser questionada.

A todas as consequências trazidas pela covid-19, acresce uma tendência de interações menos formais que afetavam o aperto de mão, afirma a socióloga.

A pandemia trouxe a tão conhecida saudação de cotovelo com cotovelo, punho com punho, e até o “namaste” indiano.

Será que o velho aperto de mão irá cair em extinção?

Patricia Napier-Fitzpatrick, fundadora da Escola de Etiqueta de Nova York, não gosta desta opção, e afirma que se perderia muito se desistíssemos de apertar as mãos. “Durante séculos, as pessoas usaram este gesto para mostrar confiança nos outros”.

Nos Estados Unidos, onde a pandemia alimentou a polarização, apertar as mãos também se “tornou uma afirmação ideológica”, um sinal de desafio às restrições de saúde, observa a assistente de enfermagem McCorkle.

Parece assim que, aos tradicionais pins, bandeiras e crachás, se juntaram agora também as pulseiras coloridas como forma de afirmação ideológica.

ZAP // AFP

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