Nova Orleães tinha barreiras de última geração para evitar ataques de carros – mas não as utilizou no Ano Novo

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Dan Anderson / EPA

Polícia na rua do ataque de Ano Novo em Nova Orleães

Ataques terroristas mostraram fragilidades dos EUA “difíceis de compreender”. Em causa a segurança e a comunicação.

2025 começou com muita polícia, com muito FBI, com muitas autoridades, nas televisões, especialmente nos EUA.

No mesmo dia, logo a 1 de Janeiro, uma pick-up atropelou uma multidão e morreram pelo menos 15 pessoas em Nova Orleães. Horas depois, um veículo explodiu em frente ao Hotel Trump de Las Vegas; morreu o homem que estava dentro do Cybertruck.

Os ataques demonstraram fragilidades dos EUA “difíceis de compreender”, segundo o especialista João Annes, do Observatório de Segurança e Defesa da Sedes.

João focou-se em duas vertentes: a (in)segurança e a comunicação, especialmente no primeiro ataque, o atropelamento em Nova Orleães.

Esse agressor, que morreu no ataque, “explorou vulnerabilidades num perímetro de segurança que já estava estabelecido, com cerca de 300 agentes com barricadas implementas”, indicou João Annes, na RTP.

E isto num local que já tinha tido um incidente grave em 2017, quando houve um atropelamento em massa, na altura por causa de um condutor embriagado.

Aquele veículo “não deveria estar lá”. Primeiro, porque o perímetro de segurança deveria ter evitado o crime, segundo, porque foi um ataque repetido.

Não é aceitável num país com estes níveis de ameaça”, avisou o membro do Sedes.

No dia seguinte, quinta-feira, outra falha foi admitida pela chefe da polícia local, Anne Kirkpatrick: Nova Orleães tinha barreiras de última geração para evitar ataques de carros – mas não as utilizou nas celebrações do Ano Novo

“Tínhamos mais protecções, incluindo camiões pesados ​​e barreiras Archer que seriam preventivas se alguém, ou se este terrorista em particular, aparecesse no passeio”, revelou a chefe da polícia.

As barreiras Archer são em forma de L, de aço e muito pesadas, são reutilizáveis ​​e construídas para conseguir parar um automóvel que se aproxima de uma área exclusiva para peões.

Foram colocadas naquela zona de Nova Orleães… no dia seguinte ao ataque terrorista.

A chefe da polícia nem sabia que a polícia tinha aquelas barreiras (que foram compradas em 2017), segundo a NBC.

Comunicação

João Annes falou ainda sobre uma segunda “lição” que as autoridades dos EUA devem tirar destes casos: as forças de segurança não parecem estar articuladas.

Alethea Duncan, agente do FBI responsável por este processo, começou por dizer que não era ataque terrorista – desmentindo LaToya Cantrell, presidente da Câmara de Nova Orleães, que tinha dito que era.

Mas depois, afinal, já era ataque terrorista, segundo o FBI.

Aliás, a própria Duncan foi corrigida nas suas declarações: foi interrompida em directo pelo senador do Louisiana (Estado onde fica Nova Orleães), John Kennedy.

John Kennedy impediu a agente da FBI de responder a uma pergunta e começou ele próprio a perguntar quais eram os meios de comunicação social presentes naquela sala lotada.

O senador “tinha muitas mais informações privilegiadas que não podia partilhar e disse que, no final das investigações, era importante que as autoridades federais dissessem a verdade à população”, recordou João Annes.

John Kennedy aproveitou aquela conferência de imprensa para avisar: “Vão descobrir o que aconteceu e quem foi o responsável, ou vou criar um novo inferno”.

Só faltou pôr em xeque a responsável do FBI“, apontou o membro do Sedes.

Ou seja, houve falhas em questões de comunicação que “não são aceitáveis quando estão em causa ataques terroristas e incidentes que envolvem coordenação entre autoridades”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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