Na nota, a operadora de telecomunicações “confirma também a existência de um pagamento das viagens aéreas da referida visita a um total de 14 pessoas, sendo 5 dessas colaboradores da empresa”.

“O enquadramento deste pagamento encontra-se ainda a ser apurado, uma vez que as regras internas na operadora não prevêem a possibilidade de a empresa suportar custos de deslocações que não os dos seus próprios colaboradores – mesmo que  parcialmente”, explica a operadora.

“Perante isto e face às informações entretanto vindas a público, a Comissão Executiva das NOS prontamente decidiu apurar internamente o enquadramento e detalhe de um eventual envolvimento da empresa na referida viagem”, acrescenta-se no comunicado difundido esta segunda-feira.

A NOS argumenta que “a organização de visitas de trabalho com convidados, cujas funções estejam relacionadas com o objetivo de partilhar conhecimento, competências e planos de desenvolvimento tecnológico é uma prática empresarial comum e lícita“.

A viagem, sublinha, incluiu “uma visita ao hospital de Zhang Zhou, considerado uma referência internacional, e à sede da Huawei, em Shenzhen, onde foram organizados vários ‘workshops’ sobre as mais recentes inovações tecnológicas na área da saúde”.

As explicações da empresa surgem no mesmo dia em que a Huawei disse à Lusa que a empresa “não pagou viagem à China a nenhuma pessoa envolvida neste caso“.

Também o Ministério da Saúde difundiu um comunicado adiantando que dirigentes dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, “em particular” os presidente e vogal do Conselho de Administração, colocaram à disposição os respetivos lugares, mas o Ministério entendeu aguardar pelas conclusões da averiguação pedida à Inspeção-geral das Atividades de Saúde.

O Ministério adianta que regista “como positiva” a atitude tomada pelos dirigentes de colocarem à disposição os seus lugares, mas entende como adequado esperar pelas conclusões da IGAS, que “habilitarão a uma tomada de decisão definitiva, justa e fundamentada”.

Em causa estão “factos ocorridos em junho de 2015” e que, segundo o Ministério, “carecem de clarificação ao nível do seu contexto ético, jurídico e institucional”.

De acordo com o jornal Expresso, trata-se de uma viagem realizada entre 02 e 06 de junho de 2015, envolvendo cinco dirigentes do Ministério da Saúde. Em fevereiro do mesmo ano, outro destacado funcionário do Estado, Carlos Santos, da Autoridade Tributária, viajou para a China “com tudo pago”.

O jornal cita uma fonte ligada ao processo, segundo a qual a empresa pagou “tudo, mesmo tudo”, incluindo a alimentação.

A viagem incluiu uma visita ao Hospital de Zheng Zhou para observar como funciona o sistema de telemedicina da unidade e outra à sede da tecnológica em Shenzhen, perto de Hong Kong.

“Os altos quadros dos SPMS que viajaram a convite são Artur Trindade Mimoso, vogal executivo do Conselho de Administração, Nuno Lucas, diretor de sistemas de informação, Ana Maurício, diretora de comunicação, Rui Gomes, diretor de sistemas de informação, e Rute Belchior, diretora de compras”, lê-se na notícia do Expresso.

Os SPMS confirmaram ao jornal a deslocação “suportada pela entidade que organizou a visita”, justificando-a com “objetivos prioritários” de adquirir e partilhar conhecimentos sobre “os recursos, modelos e estratégias diferenciadoras utilizadas no âmbito da telemedicina”.

Oracle também está associada a viagens ao estrangeiro

De acordo com o Observador, agora é a vez da empresa de tecnologia e informática norte-americana Oracle protagonizar um novo episódio no caso das viagens ao estrangeiro.

Em causa estava o Oracle Open World 2014, evento mundial que levou cinco altos funcionários do Estado – de estruturas que dependiam dos Ministérios da Segurança Social, das Finanças, do Ministério da Administração Interna e do Ministério da Saúde – até aos EUA, mais concretamente São Francisco, onde tiveram estadia entre 28 de setembro e 2 de outubro desse ano.

Escreve o jornal online que as circunstâncias do pagamento não são claras e diferem de caso para caso mas uma coisa é certa: foi a Oracle Corporation quem pagou os passes para o evento, que incluía várias conferências e atividades como o concerto dos Aerosmith.

Aos EUA foram Carlos Santos, da Autoridade Tributária – que também tinha ido à China à sede da Huawei  – Diogo Reis, dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (da equipa da Plataforma de Dados da Saúde), Francisco Baptista, chefe de Equipa Multidisciplinar de Sistemas e Produção (EMSP) da Secretaria-Geral Ministério da Administração Interna.

Nestes três casos, o parceiro – que terá partilhado as despesas da deslocação com a Oracle – foi uma empresa de sistemas de informação com sede em Alvalade, Timestamp.

Há ainda mais dois diretores do Instituto de Informática da Segurança Social (IISS) que também foram ao evento: Carlos Oliveira e João Mota Lopes – que também já tinha ido à China pela Huawei. O parceiro que fez o convite, neste caso, foi uma empresa portuguesa também da área das Tecnologias de Informação, a Normática, apurou o Observador.

Destes cinco funcionários, três ainda estão em funções no Estado.

ZAP // Lusa

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