Fernando Negrão, que no último ano e meio liderou a bancada parlamentar do PSD, admitiu esta terça-feira não estava disponível para continuar no cargo.
“Não estava disponível [para continuar à frente da bancada] porque foi um ano e meio muito duro, em circunstância difíceis. Foi um ano e meio de luta política muito violenta e eu achava que os tempos agora são de luta interna, entre candidatos que já se perfilaram, e o debate político deve ser entre essas pessoas”, revelou aos microfones da TSF.
Garantindo que deixa a bancada do PSD sem qualquer mágoa, Negrão descarta um eventual regresso ao cargo. Essa hipótese “fica completamente posta de parte”, afirmou, dizendo estar “disponível para qualquer outra missão difícil que possa surgir”.
Quanto a Rui Rio, que assumiu esta segunda-feira que vai liderar a bancada parlamentar do PSD até às eleições diretas de janeiro, acumulando este cargo com o de líder do partido, Negrão considerou que esta não é uma boa solução a longo prazo.
“Se me perguntasse se como solução definitiva isto é uma boa solução eu diria que não. Mas o próprio doutor Rui Rio explicou que não é uma solução definitiva“.
“Enquanto eu fui líder parlamentar os deputados perceberam que a unidade do grupo parlamentar é importante para que o partido tenha um referencial de estabilidade e tenho a certeza que os deputados agora, por maioria da razão, compreenderão que essa estabilidade do grupo parlamentar é fundamental como referencial do PSD como um partido de oposição ao PS e a quem governa”, disse, dando conta que, até janeiro, a bancada vai atravessar um período tranquilo.
Ainda sobre Rio, recordou os dez anos de experiência como deputado e a sua capacidade para fazer oposição “acutilante”. Rui Rio sempre “muito bem preparado, nas áreas económicas e financeiras principalmente (…) “Tenho a certeza que assumirá com convicção e vontade de construir uma verdadeira alternativa”, disse, citado pela TSF.
O líder do PSD falou esta segunda-feira pela primeira vez desde as eleições legislativas de outubro. Numa conferência de imprensa num hotel do Porto, Rui Rio assumiu oficialmente que ia recandidatar-se à liderança do PSD pelo futuro do partido e para travar os liberais.
“O PSD precisa de uma liderança que defenda a social-democracia e mantenha o partido no centro político, não permitindo que ele se transforme numa força partidária ideologicamente vazia ou de perfil eminentemente liberal”, afirmou, destacando o seu compromisso em assumir uma “postura corajosa e frontal”.
Na mesma declaração, Rio disse ainda que será líder parlamentar do PSD até às próximas eleições diretas, data em que se escolherá em definitivo o novo líder parlamentar.
Rui Rio é o terceiro candidato assumido à liderança dos sociais-democratas, depois de Luís Montenegro, antigo líder parlamentar de Pedro Passos Coelho, e de Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais.