Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e outras organizações têm pedido às autoridades gregas que retirem os refugiados das suas ilhas, começando pelos mais vulneráveis, para tentar evitar o que classificam como uma “tempestade perfeita” que poderá suceder em caso de surto de coronavírus nesses locais.
Segundo noticiou o Público, as condições dos cinco campos das ilhas gregas não permitem aos refugiados lavar as mãos com frequência, manter isolamento ou distância social ou mesmo ter acesso aos cuidados médicos necessários. Em caso de contágio por coronavírus num desses campos, será muito difícil travar a propagação e tratar os doentes.
Na terça-feira, as autoridades gregas anunciaram medidas, restringindo a circulação de pessoas nos campos, vedando as partes à sua volta que foram criadas por não haver mais espaço dentro, permitindo a saída de apenas cem pessoas em cada hora entre as 07:00 e as 19:00. Apenas uma pessoa por família pode ir até a um centro urbano.
A morte de uma criança afegã, de seis anos, num incêndio que decorreu esta semana nesse mesmo campo, sublinhou a falta de condições, que tem atualmente mais de 19 mil pessoas quando, no máximo, deveria ter três mil.
Os MSF manterão as clínicas em três das ilhas onde há campos e criticam o Governo por defender campos fechados com o argumento de que esses seriam mais seguros para as comunidades em volta. “Até agora não vimos qualquer plano de resposta credível para uma epidemia”, disse Hilde Vochten, coordenadora dos MSF na Grécia.
Defendem ainda que, embora pedir a retirada de pessoas numa situação de pandemia possa parecer assustadora, obrigar as 42 mil a viver nos campos com uma ameaça de pandemia é agora não só “irresponsável como está no limite de ser criminoso”.
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) informou que as restrições de viagens para a União Europeia e encerramento de fronteiras significam que os programas de recolocação estão temporariamente suspensos.
A deslocação de menores não acompanhados recentemente acordada com países europeus, incluindo Portugal, também poderá estar em risco, disse à Reuters Afshan Khan, coordenadora especial para a resposta aos refugiados e migrantes na Europa da Unicef.
Recambia-los é a solução.