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“Montepio está no purgatório”. O padre Vítor Melícias é a “eminência parda” que decide futuro de Tomás Correia

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Rodrigo Antunes / Lusa

O padre franciscano Vítor Melícias reconhece que tem um papel determinante no futuro de Tomás Correia como presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, considerando que “o Governo não manda lá” porque “o Estado não é dono de tudo”.

Vítor Melícias, o padre de 80 anos que é presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), assume, em entrevista ao Observador que “em parte” lhe cabe determinar o futuro de Tomás Correia na instituição.

Reconhecendo-se como a “eminência parda” do Montepio, Melícias lembra que “compete ao presidente da Assembleia Geral, ou à sua Mesa, fazer a avaliação da idoneidade”. E, neste campo, o padre franciscano admite reavaliar Tomás Correia apenas se houver “uma condenação final” com “trânsito em julgado”. “Eu não vou julgar isto pelas minhas convicções, mas sim pela lei e pelos critérios de idoneidade”, sustenta.

Certo é que “o Governo não manda lá” porque “o Estado não é dono de tudo”. “Aqui não demite ninguém”, nota depois de ter dito que não será nenhum “secretariozeco” a afastar Tomás Correia do cargo.

“O Governo — ou seja, o secretário de Estado, o ministro, seja quem for — não tem poder para demitir órgãos sociais de qualquer associação, designadamente IPSS ou mutualidades”, “quem demite é o tribunal, o poder judicial”, explica-se agora Melícias sobre a expressão que causou polémica.

“Deus nos livre que a sociedade civil — desde logo, uma mutualista com o peso que tem o Montepio — se dobrasse às suas excelências senhores ministros, secretários de Estado e não sei o quê”, acrescenta.

“Não é por aí que o gato vai às filhós”

Na entrevista concedida no Convento do Varatojo, em Torres Vedras, onde vive, o padre franciscano que é visto como apoiante de Tomás Correia defende a gestão do homem que está no centro do furacão.

Na Assembleia-Geral desta quinta-feira, um conjunto de associados apelou ao chumbo das contas e a um voto de censura a Tomás Correia, realçando que o gestor foi condenado com “a terceira maior multa alguma vez aplicada pelo Banco de Portugal a pessoas individuais”, como cita a Lusa.

A multa de mais de 1 milhão de euros aplicada a Tomás Correia por irregularidades quando era presidente do Banco Montepio pode vir a ser paga pela própria entidade financeira, o que está a causar revolta entre alguns associados da Mutualista.

Se for paga pelo Montepio “de certeza absoluta que os associados não vão ficar prejudicados”, refere porém Melícias, notando que “não é por aí que o gato vai às filhós”. “Se qualquer instituição bancária tiver de pagar dois ou três milhões, ou cinco milhões, não acaba”, diz.

Quanto às contas do Banco, o padre franciscano admite que o Montepio está, neste momento, “no purgatório”, mas “a caminho do paraíso”, de “ser aquilo que era”. “A vida é cíclica e a História tem momentos mais difíceis e menos difíceis”, refere, sublinhando que a situação não lhe causa “grande preocupação” e garantindo que o Montepio e o BES “são coisas completamente distintas”.

“As pessoas podem perfeitamente confiar que o Montepio cumprirá as suas obrigações”, “a não ser que houvesse, sei lá o quê, um terramoto planetário”, conclui.

Sobre a Mutualista destaca que é “uma instituição que tem 179 anos, composta por gente tão séria”. “Não somos nenhuns piratas que andam ali”, frisa.

E quanto a Tomás Correia, Melícias entende que “tem feito um grande papel” e que “foi um grande presidente”, que “organizou muito e ajudou a levar por diante aqueles ideais antigos”.

Vítor Melícias entrou na mutualista Montepio em 1983, como administrador, passando pouco tempo depois a presidente da Caixa Económica do Montepio, cargo que abandonou em Abril de 1988. Entretanto, passou pelo Conselho Fiscal e agora é presidente da Mesa da Assembleia-Geral.

SV, ZAP //

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3 Comments

  1. Não esqueçam este sr, “padre” e sua moralidade.:
    Caso mais uma instituição tenha de ser salva pelo dinheiro que nos é sacado de antemão, (não vá a gente esquecer-se…) a conversa sobre governos “não mandarem” em “potenciais chantagistas” (leia-se bancos e seus donos) merece uma resposta em espécie: Os bens desse pseudo-franciscano serem todos confiscados e todos os que dele dependem. O que interessa é que esse indivíduo prove do próprio remédio. Já que não parece haver outra forma de lhe incutir um grão de humildade, já para não falar de vergonha na cara.

  2. Um padre franciscano com uma reforma de 7 mil e tal euros armado em ditador… se há inferno, este parasita não lhe escapa!!

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