Primeiro-ministro admite: “Seria absolutamente irresponsável e irrealista dizer que as urgências estão a funcionar bem”.
O primeiro-ministro defendeu nesta quinta-feira que o Governo está a cumprir as metas do plano de emergência para a saúde mas admitiu que “seria irresponsável e irrealista dizer que as urgências estão a funcionar bem”.
“Não há falhanço. Há cumprimento. Nós estamos a cumprir. Estamos a cumprir todas as metas a que nos propusemos. Se vamos cumprir todas? Eu não sei”.
“Nós elencámos como prioritário recuperar a lista de espera dos doentes oncológicos e foi materializado, todos aqueles que tinham ultrapassado o tempo máximo de resposta garantido, ou foram operados, ou têm as suas cirurgias agendadas para as próximas semanas”, salientou o primeiro-ministro.
Luís Montenegro falava aos jornalistas após uma visita à renovada maternidade do hospital Santa Maria, em Lisboa, acompanhado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
O chefe do executivo recusou-se a “vender ilusões” aos portugueses sobre o estado atual do setor, afirmando que o Serviço Nacional de Saúde que o atual executivo herdou do anterior socialista estava “absolutamente caótico e sem vislumbrar as melhorias de que carecia”.
“Está a ser tão difícil quanto esperávamos, porque a situação era de facto muitíssimo má, o ponto de partida era muito mau. Definimos prioridades e estamos a cumpri-las e vamos ao mesmo tempo transformar estruturalmente o SNS para atrair e reter mais capital humano”, continuou.
“Seria uma declaração absolutamente irresponsável e irrealista dizer que as urgências estão a funcionar bem e que há uma capacidade de resposta plena. Nós sabemos que não há”, realçou.
Luís Montenegro avisou: “Dizer que nós cortámos com tudo o que vinha de trás não é só um exagero: é pura desonestidade“.
Contudo, o primeiro-ministro salientou o facto de terem sido registadas “19.050 chamadas de mulheres grávidas, que em vez de andarem à procura de um serviço de urgência disponível para as apoiar, foram encaminhadas para equipas que estavam já à sua espera para as atender”.
“Depois de sabermos isto, a pergunta que eu lanço às portuguesas e aos portugueses é: nós estamos com mais ou menos capacidade de resposta? Nós estamos com mais capacidade de resposta. É suficiente para dar a todos o acesso que nós queremos garantir? Não, não é suficiente. Ainda é preciso fazer muito mais”, reconheceu.
Montenegro assegurou que “as grávidas portuguesas têm razões para estar hoje mais seguras do que estavam há meio ano atrás”.
“E eu quero acreditar e quero dizer-lhes que vão ter razões para estar ainda mais seguras daqui a um ano”, acrescentou.
“Com o trabalho que vamos desenvolver durante este ano, esperamos no próximo verão não ter os problemas que estamos a ter neste verão e, sobretudo, os problemas que tivemos nos últimos oito anos”, acrescentou.
Luís Montenegro não falou sobre o caso da mulher que tinha abortado, que ficou à porta do hospital das Caldas da Rainha, porque é um caso que está a ser investigado.
Listas de espera
A ministra da Saúde anunciou a resolução das listas de espera de cirurgia para doentes oncológicos que ultrapassaram o tempo máximo recomendado e acusou de “má-fé” quem diz que as medidas de emergência não estão a ser cumpridas.
Ana Paula Martins referiu que a 30 de abril a lista de espera era de 9374 doentes oncológicos e que foram operados em quatro meses cerca de 20 mil doentes.
“Em quatro meses. Como não estar grata aos nossos profissionais de saúde?“, salientou a ministra, acrescentando que mais de 99% das cirurgias foram realizadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A ministra sublinhou que foi “conseguido pela primeira vez” eliminar a lista de espera para doentes oncológicos que aguardavam cirurgia acima do tempo recomendado. No Hospital de Santa Maria, exemplificou, todos os doentes com cancro acima do tempo máximo de resposta garantida “estão ou operados, ou agendados”.
Ana Paula Martins elogiou o “sucesso” da Linha SNS Grávida, apresentando números: “Já foram atendidas e orientadas 19.051 grávidas em dois meses. Estas mais de 19 mil mulheres andavam de maternidade em maternidade à procura de uma porta aberta”.
“Com este Governo as grávidas deixaram de andar a bater à porta das maternidades ou colocadas numa ambulância a procura de uma maternidade aberta”, analisou a ministra da Saúde, na mesma visita ao Hospital de Santa Maria.
A ministra da Saúde garante que o Plano de Emergência anunciado pelo Governo está em marcha. “Só por desconhecimento ou má-fé podem dizer que não existem ou que não estão a ser implementadas no tempo e modos previstos”.
As expectativas de Marcelo
Ao lado do primeiro-ministro, o Presidente da República considerou que foram criadas “expectativas muito altas” quanto ao plano de emergência do Governo para a saúde e disse esperar que os constrangimentos nas urgências deste ano “não se repitam” no próximo.
“Sendo certo que era um plano para dois anos, faseado ao longo de dois anos, criou expectativas muito altas quanto ao calendário fixado. E as pessoas, naturalmente, pensaram que esse plano de emergência poderia ser todo cumprido ao mesmo ritmo e ser cumprido não em dois anos, faseadamente, mas em poucas semanas ou em poucos meses, sobretudo calhando no período que é um período sempre complicado, como é o verão”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Eu acho que todos criámos, eu criei, expectativas muito altas. Porque perante a gravidade dos problemas, ao falar-se de um plano de emergência, cada um de nós deseja que a resposta seja o mais rápido possível. Portanto, as expectativas foram expectativas criadas, muito altas, relativamente a uma situação em que, em muitos casos, não era possível corresponder às expectativas”, sublinhou.
Marcelo disse ver como um “caso de sucesso pleno” a resolução das listas de espera de cirurgia para doentes oncológicos que ultrapassaram o tempo máximo recomendado, uma das 54 medidas do plano de emergência para a saúde do Governo PSD/CDS-PP.
Para o Presidente da República, o que importa “é ir acompanhando agora as várias outras medidas para ver se é possível, e se é possível dentro de que prazos – e naturalmente que o Governo quererá que seja rápido as circunstâncias podem permitir que seja mais rápido ou menos rápido – em que medida é que o calendário é cumprido, em algumas medidas ou noutras medidas”.
ZAP // Lusa
Como sempre afirmei ; O “vez á vez” , destes dois Partidos , para (Governarem , ou Desgovernarem) , está mais que bem pactuado . São Eleitos com promessas atraentes e rápidas , mas ….surpresa ! não sabiam da situação , sendo sempre da culpa do anterior Desgoverno . Certo é que para melhor , en termos de Serviços Públicos , não é o que se evidencia ! . Com uns “Tostões” se compram votos !