Montenegro fez “o que mais irrita” Marcelo

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Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acompanhado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Primeiro-ministro ainda nem falou com o presidente da República sobre a Spinumviva. E só ligou a Marcelo depois de falar ao país.

Luís Montenegro apareceu no sábado à noite para falar aos portugueses sobre as suspeitas que se têm acumulado à volta da empresa da sua família, a Spinumviva.

Não anunciou o fecho da empresa, não apresentou a demissão, passou a empresa exclusivamente aos filhos e ainda atirou críticas e desafios à oposição.

A declaração foi feita ao país pouco depois das 20h de sábado. E só meia hora depois é que falou com Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro-ministro falou ao país sem conversar antes com o presidente da República.

Ou seja, o “imprevisível” Montenegro – como descreveu o próprio Marcelo no ano passado – voltou a surpreender o presidente da República.

O primeiro-ministro não partilhou as suas intenções com o presidente da República, avançou para o Conselho de Ministros sem dizer nada e fez uma comunicação ao país sem avisar Marcelo.

Por outras palavras, resume o Observador, Montenegro voltou a fazer “o que mais irrita” Marcelo – que soube de tudo através dos directos das televisões.

Outro detalhe: Luís Montenegro ligou a Marcelo Rebelo de Sousa depois de falar às 20h; mas Marcelo não atendeu e, afinal, ainda nem falaram sobre o assunto até agora.

Fonte da Presidência acredita que os dois ainda não falaram porque as “circunstâncias” assim o ditaram e, sobretudo, porque a moção de censura do PCP (e o anunciado chumbo) já arrumou o assunto.

O Livre anunciou neste domingo que vai pedir uma audiência ao presidente da República para pedir a Marcelo a demissão do Governo. Mas Marcelo Rebelo de Sousa não vai aceitar, acrescenta o Observador.

“Onde anda Marcelo”?

Eurico Brilhante Dias perguntou nesta segunda-feira “onde anda” o presidente da República, que tem preferido o silêncio neste caso.

“A maioria de nós está relativamente atónita, perante a circunstância que se vive hoje. Onde é que está o seu Presidente da República?”, perguntou.

Na TSF, o deputado do PS lembrou que Marcelo teve uma postura mais apertada no Governo anterior, liderado por António Costa – ficou famosa a frase “foi pena” depois de Costa não ter aceitado a demissão de João Galamba.

“Foi particularmente exigente com alguns ministros do Partido Socialista. Praticamente quis decretar a sua exoneração a partir de páginas de jornal”, diz o deputado socialista.

Eurico Brilhante Dias diz mesmo que Marcelo está a protagonizar “dois pesos e duas medidas”.

Precisamente João Galamba, ex-ministro, também criticou o silêncio do presidente da República: “Marcelo Rebelo de Sousa está num churrasco com amigos e não tem disponibilidade para comentar o que se tem passado. Ser um presidente sério dá muito trabalho e é cansativo. Se tivesse um pingo de vergonha na cara, diria algo”, escreveu no X.

O PAN também apontou: “Tem-se remetido ao silêncio, enquanto que noutras circunstâncias não o faria, Marcelo Rebelo de Sousa nunca se eximiu a falar a comentar o que quer que fosse quando tivemos o anterior Governo, que era da sua cor política. Por isso mesmo, e porque há um dever de transparência de todos os titulares de cargos políticos e altos cargos públicos, entendemos que também Marcelo Rebelo de Sousa deve pedir esclarecimentos a Luís Montenegro“, descreveu Inês de Sousa Real.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. Um escroque será sempre um escroque.
    Seja em Belém ou onde for.
    Não são os políticos que deviam ser demitidos, mas sim os BURROS que votaram neste escroque duas vezes e que vão votar a seguir noutro escroque de farda.
    País de BURROS que tem a (m) que merece.

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