Terra natal de Montenegro convida Marcelo a ver como pouco tem de rural

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João Relvas / EPA

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta Luís Montenegro na tomada de posse do Governo.

“Penso que foi um equívoco” do Presidente, confessa a autarca de Espinho, concelho que “de ruralidade não tem nada.”

Depois de ouvir as polémicas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa acerca das origens rurais do primeiro-ministro — bem como sobre António Costa, que disse ser “lento por ser oriental” — a presidente da câmara da terra de Luís Montenegro quer mostrar ao Presidente da República que o concelho pouco tem de rural.

Maria Manuel Cruz confessa mesmo, à conversa com a Antena 1, que não compreende as declarações do chefe de Estado, uma vez que Espinho é, na verdade, um território urbano.

Penso que foi um equívoco” do Presidente, confessa a autarca: “O concelho de Espinho tem pouco de rural. É uma terra de grandes tradições, sim, ligadas ao mar. Acabei por não perceber muito bem.”

“[A cidade de Espinho] era considerada a rainha da costa verde, uma zona de muitos escritores, banqueiros e com casino. De ruralidade não tem nada“, responde.

“Acho que há aqui qualquer coisa que não correu bem”, conclui. E já há data escolhida para um convite de visita à cidade.

“Vou [convidá-lo] e espero que ele aceite. Vamos ter a comemoração da elevação de Espinho a 16 de junho, acho que seria uma altura ideal para ele vir a Espinho”, apelou.

“Costa é lento, oriental”; Montenegro… também é lento

As polémicas declarações de Marcelo terão sido proferidas na terça-feira à noite, durante um jantar com jornalistas estrangeiros no qual o Diário de Notícias também participou.

Neste jantar, Marcelo terá comparado o atual com o ex-primeiro ministro: “António Costa era lento, oriental”, terá dito, avançou o Correio Braziliense, e Luís Montenegro “não é oriental mas é lento”.

“Não imaginam como é difícil eu adaptar-me a um novo primeiro-ministro”, admitiu ainda Marcelo.

Segundo o chefe de Estado, o estilo de Montenegro é “completamente diferente” do de António Costa. Montenegro “não é lisboeta nem portuense, é uma pessoa que vem de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais”. “É muito curioso e difícil de entender precisamente por causa disso”, acrescentou.

O atual primeiro-ministro é, segundo o Presidente, “um grande orador, que vai ganhar todos os debates parlamentares por causa disso”.

“Mas é um político retórico, à antiga, não é um político estilo primeiro-ministro António Costa e muito menos estilo partidos populistas”, é “discursivo, envolvente, difícil de acompanhar”. Com Montenegro “eu todos os dias tenho surpresas. Com o primeiro-ministro António Costa, era ao contrário, tentava informar”.

Marcelo comentou a sua tarefa diante do governo liderado por Montenegro: “É estimulante, mas para mim dá muito trabalho. Não me dava muito trabalho o primeiro-ministro António Costa, era previsível“.

Num som cedido à agência Lusa pelo Correio Braziliense, ouve-se também Marcelo a considerar que a lista da AD às eleições europeias foi “totalmente improvisada”, com segredo guardado até à divulgação.

“A solução para a lista europeia é tipicamente uma improvisação, guardou segredo até ao último minuto”, disse Marcelo no jantar com a imprensa estrangeira, antecipando que Montenegro “vai ser um político de silêncios” e irá utilizar muitas vezes “o efeito-surpresa”.

Vai ser um político de silêncios. Já não tínhamos isso desde o general Eanes, a gestão do silêncio. O efeito surpresa”, comentou ainda o Presidente da República.

ZAP //

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