“Foi pena”. Marcelo afasta dissolução, mas vai andar (ainda mais) por aí

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António Cotrim / Lusa

O Presidente da República assinalou hoje que irá retirar ilações do episódio protagonizado pelo ministro João Galamba, mas afirmou que procurará manter a estabilidade política.

O Presidente anunciou no seu discurso desta noite que “tira consequências dos acontecimentos envolvendo João Galamba”, mas não vai dissolver o Parlamento.

Numa comunicação ao país a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que não deseja usar os poderes que a Constituição lhe confere para interromper a governação, mas frisou que não abdica deles.

“Tudo visto e ponderado, os portugueses continuam a preferir a garantia da estabilidade institucional. Os portugueses dispensam esses sobressaltos“, disse Marcelo Rebelo de Sousa, afirmando que estará “mais atento e interveniente” quanto à responsabilidade daqueles que mandam.

O presidente salientou no entanto que tira consequências dos acontecimentos que envolveram recentemente João Galamba.

Como pode um ministro não ser responsável por um colaborador que escolheu para a sua equipa mais próxima, sobretudo por se tratar de um que ficou responsável por um dossier tão sensível como o da TAP?”, questionou.

“Como pode esse ministro não ser responsável por perturbações rocambolescas, muito bizarras, inadmissíveis ou deploráveis? Não são minhas estas palavras”, salientou.

“Responsabilidade política e administrativa é essencial para que os portugueses acreditem naqueles que os governam”, notou, acrescentando que tal “não se resolve apenas pedindo desculpas. Responsabilidade é mais do que pedir desculpa. É pagar pelo que se fez ou deixou de fazer”.

Isto “não se resolve apenas pedindo desculpa pelo sucedido, é pagar por aquilo que se faz ou deixou de fazer. Não se mistura política com a justiça, não se apaga dizendo que já passou, não passou”, conclui o presidente.

Referindo-se a António Costa, o presidente salientou que, vindo o hemisfério da direita, conseguiu “conviver estes mais de sete anos com governos de outro hemisfério político, o da esquerda”

Mas “foi por tudo isto que entendi que o ministro das Infraestruturas devia ter sido exonorado. Por tudo isto houve uma divergência de fundo” com o primeiro ministro, realça. “Não sobre a pessoa e as qualidades de Galamba, mas sobre a responsabilidade, credibilidade e autoridade do ministro, Governo e do Estado”.

Até agora, diz Marcelo, “foi sempre possível acertar agulhas, mas desta vez, não. Foi pena. Não por disputa pessoal ou entre cargos, mas por razões de interesse nacional”.

Vai o Presidente retirar ilações? Sim”, diz Marcelo. “Com duas conclusões: a primeira é continuar a preferir a garantia da estabilidade nacional. Os portugueses dispensam esses sobressaltos”.

A segunda conclusão é que o presidente vai estar (ainda) mais atento. “O que aconteceu terá outros efeitos, terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política dos que mandam”.

Porque, explica o presidente, “até agora julgava que existia acordo no essencial, mas afinal há uma diferença de fundo”.

Assim, diz o presidente, terá que estar “mais atento e interveniente do dia a dia, para evitar o recurso a instrumentos que a Constituição lhe confere” de que não vai abdicar.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Temos vivido numa instabilidade constante e assim vamos continuar porque Marcelo quer.
    Mais uma vez Marcelo a mostrar que é cúmplice do governo e dos grandes lobbys e casos de corrupção que reinam em Portugal.
    A corrupção em Portugal tem a conivência de Marcelo.
    É também amigo pessoal de Costa, de Salgado… É Marcelo o principal responsável pela situação a que chegámos pois tem o poder de dizer basta mas não quer usá-lo.

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