Ministro avisa PAN: “Não inventem!” – apagão e mentiras foram assuntos no Parlamento

Manuel de Almeida / EPA

António Leitão Amaro, ministro da Presidência

“Eu estive a trabalhar”, assegura ministra do Ambiente e da Energia. Diversas perguntas ficaram sem resposta.

“Estão a ser oportunistas sobre uma desgraça que não aconteceu“. Esta quarta-feira foi dia de debate (inesperado) na Assembleia da República sobre o apagão (também inesperado) que decorreu dois dias antes.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, criticou a oposição de oportunismo político, enquanto defendia que a resposta ao evento inédito foi muito boa: “Quando muitos se prendem nas críticas à comunicação, no país aqui ao lado, Portugal é destacado como um exemplo na eficácia da gestão da crise e na comunicação“.

“Aqueles que se focam a discutir dificuldades na comunicação pública é porque reconhecem que o essencial funcionou”, apontou o ministro, durante a intervenção de abertura desta comissão permanente – e depois disse a frase de abertura deste artigo, falando para a bancada parlamentar do PS, a dos “oportunistas”.

Em relação à comunicação, assegurou que o Governo falou (pelo próprio Leitão Amaro) logo a seguir às 12h, lembrou que Luís Montenegro falou três vezes na segunda-feira e repetiu que a prioridade foi dada à rádio, por ser “mais resiliente” a estes fenómenos extremos.

As prioridades passaram pelo abastecimento prioritário aos serviços essenciais, aos hospitais, forças de segurança, transportes e à Protecção Civil.

“E se corresse mal?”, perguntou Leitão Amaro.

“Não inventem”

Depois, começaram as perguntas dos deputados.

Pelo PS, Pedro Vaz deixou muitas perguntas específicas, sobre momentos concretos do apagão – o Governo não respondeu. Depois, o deputado do socialista queixou-se: Leitão Amaro acabaria por pedir para todos os partidos enviarem perguntas por escrito.

Mariana Mortágua (BE) falou num “problema de segurança” em Portugal – muito porque a REN – Redes Energéticas Nacionais é propriedade de um grupo chinês. E avisou, nesse contexto, que os alertas do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) não devem ser “ignorados”.

Paula Santos, do PCP, acha que o apagão “deixou mais visível os interesses que estão na base da gestão do sistema eléctrico português” que “não são os interesses nacionais”.

Pelo Livre, Paulo Muacho defende a criação de um questionário para averiguar as consequências do apagão em instituições públicas.

Já a deputada do PAN, Inês de Sousa Real, pediu uma reflexão sobre a “soberania energética”, defendendo o recurso a energias renováveis. Mas focou-se também noutro assunto: a comunicação. “Houve informação contraditória e demorada: demoraram por exemplo a afastar as fake news, ou a emitir mensagens à população”.

O ministro Leitão Amaro deixou muitos pontos sem resposta mas, a este, respondeu directamente a Inês de Sousa Real: “Não vale a pena alimentarem a tese das fake news. Eu próprio fui o primeiro responsável político a falar em nome do Governo. Fui muito claro sobre o que existia e o que não existia. Portanto, não inventem, não inventem contribuições!”.

“E o resto das perguntas?”, perguntou Inês de Sousa Real, com o microfone desligado.

E as ministras?

Mais tarde, novamente o deputado do PS, Pedro Vaz, sugeriu que as ministras do Ambiente e da Energia, da Administração Interna e da Modernização Administrativa “ficaram a ver”, enquanto a ministra da Saúde “estava no Norte”.

Rita Matias, deputada do Chega, não gostou deste comentário: “Foi de extremo mau tom. Descrevia as funções do gabinete de emergência e disse que as ministras ficaram sem fazer nada, talvez em função de julgar que são mulheres e, por isso, não tiveram responsabilidades! Não me compete defender a honra destas ministras, mas isto é injusto!”.

Pedro Vaz falou logo a seguir, dizendo que a descrição das funções dos ministros foi feita pelo jornal Observador, não pelo PS.

Mais tarde falou a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho: “A quem pergunta onde estava, eu estava a trabalhar. Tinha a responsabilidade de cinco área críticas: eletricidade, água, saneamento básico, combustíveis e gás”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.