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Ministra abandonou debate após discurso xenófobo, racista e sexista do candidato do Chega

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A ministra da Coesão Territorial Ana Abrunhosa participava num debate enquanto cabeça-de-lista do PS por Coimbra, mas saiu a meio depois do discurso do candidato do Chega, António Pinto Pereira, que classificou como “xenófobo, racista” e sexista.

“Recuso-me a participar em discursos xenófobos”, salientou Ana Abrunhosa no momento em que deixou o debate que decorria na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, conforme um vídeo divulgado pelo jornal Diário de Coimbra.

Ana Abrunhosa saiu logo depois da intervenção do candidato do Chega e foi aplaudida por uma parte da audiência.

António Pinto Pereira tinha falado sobre a população imigrante em Portugal, e tinha-se referido às mulheres como “uma das camadas mais frágeis da sociedade”, conforme cita o Diário de Coimbra.

Após a saída do debate, a ministra explicou que não podia “compactuar com um discurso xenófobo e racista que ultrapassa todos os limites de tolerância em democracia”, conforme declarações publicadas na página do Facebook da Federação Distrital de Coimbra do PS.

“Hoje o limite é a cor, amanhã, vai ser entre homem e mulher”

“Não poderia compactuar com alguém a dizer que a maior parte das pessoas do nosso país não vão falar português e não vão saber o hino nacional“, apontou Ana Abrunhosa.

“Somos um país aberto”, prosseguiu, dando o exemplo da Universidade de Coimbra que “recebe milhares e milhares de alunos de todos os países”, que “os ensina a falar português” e que “levam a nossa cultura para o resto do mundo”.

“Queremos acolher aqueles que vêm por bem trabalhar e integrá-los”, apontou também Ana Abrunhosa, destacando que “também queremos que os nossos filhos tenham a liberdade de viver onde querem, no país onde querem, sem se sentirem discriminados“.

Hoje o limite é a cor, é a Língua, amanhã, o limite vai ser entre o homem e a mulher, a mulher que hoje foi classificado pelo candidato do Chega como um dos elementos mais frágeis da nossa sociedade”, atirou também Ana Abrunhosa.

“Enquanto mulher, enquanto cidadã portuguesa, enquanto representante do PS que é o partido da multiculturalidade, da pluralidade dos valores, não poderia manter-me neste debate“, concluiu a candidata do PS por Coimbra, pedindo desculpa aos representantes dos outros partidos que estavam no debate.

“Mesmo em democracia, temos linhas vermelhas que não devemos deixar passar“, realçou ainda.

Candidato do Chega acusa Ana Abrunhosa de “aproveitamento político”

António Pinto Pereira respondeu às declarações de Ana Abrunhosa no que se refere às mulheres, mas não tocou nas acusações de racismo e xenofobia – pelo menos, nas declarações da SIC Notícias a que tivemos acesso, feitas logo depois da saída de Ana Abrunhosa do debate.

“Houve uma má interpretação ideológica e política do PS porque eu não disse que as mulheres eram frágeis”, apontou o candidato do Chega. “Eu disse que nós protegemos as mulheres que é uma coisa diferente”, acrescentou.

“Defender os jovens, defender as mulheres, defender os idosos, defender as pessoas do nosso país, uma a uma, qual é o aproveitamento político? Expliquem-me lá”, continuou Pinto Pereira, notando que quem se aproveitou do momento foi a ministra.

Pinto Pereira referiu-se a “um aproveitamento político e ideológico que é infame”.

“Eu defendo as mulheres porque acho que são muito mais importantes e valiosas do que os homens“, concluiu.

O debate tinha como tema central a “Promoção do empreendedorismo e que consequências acarreta para Portugal” numa iniciativa da Académica Start UC: “Empower Yourself” com vista a esclarecer os estudantes da Universidade de Coimbra sobre as propostas dos partidos antes das eleições legislativas de 10 de Março próximo.

ZAP //

19 Comments

  1. Fez bem, Ana Abrunhosa
    Não havia, da sua parte, outra atitude que fosse digna da sua pessoa e dos seus princípios, alargados ao PS, cujo partido representava no evento.
    É desta estirpe de políticos que Portugal necessita, e os portugueses devem valorizar.
    Dos que enrolam, se remetem ao silêncio ou, pior ainda, mudam se opinião mais rápido do que de camisa – e, não obstante são carregados em andores por uns certos – já temos a nossa dose, em ponto de saturação.

  2. “também queremos que os nossos filhos tenham a liberdade de viver onde querem”

    A emigração (atenção ao “e”) é um direito humano. Proibi-la seria o mesmo que impedir um trabalhador de demitir-se de uma empresa ou um cônjuge de divorciar-se. Já a imigração (atenção ao “i”) não pode considerar-se um direito humano. Isso seria o mesmo que obrigar uma empresa a contratar qualquer candidato que irrompa pelas suas instalações adentro, ou uma mulher ser obrigada a proporcionar afeto a qualquer homem que lhe faça uns avanços. Um indivíduo deve ser livre de separar-se, de desvincular-se, de partir. Mas para unir-se, para entrar, é sempre necessário que outra parte esteja de acordo. Não entender este conceito elementar, assim como não compreender que uma boa política de imigração deve ter por base critérios de mérito, necessidade e disposição para se integrar é um tremendo erro.

  3. “Estranhamente”, so ela abandonou a sala…, sabes que mais, infelizmente nem todos gozam da LIBERDADE que tu tens, nem todos podem abandonar a “sala”, principalmente aqueles que sao OBRIGADOS a estarem numa aula de Cidadania a ouvir, a mando do PS e BE, aquilo com o qual nao concordam.

  4. Ainda vamos chegar ao tempo em que falar de uma doença que afeta principalmente determinada raça será considerado racismo. Portugal possui um vocabulário tão vasto, mas determinados partidos de esquerda para ganhar atenção resumem tudo a racismo e xenofobia.

  5. Falar de indivíduos homofóbicos, xenófobos e racistas é falar de doentes mentais e que estão habituados a viver num lamaçal, ou mais bem dito num chiqueiro.

  6. A vitimização desta cambada de corruptos, sempre que se falar numa imigração desregulada e selvagem, com portas abertas a um mercado de 300 milhões de pessoas, fora os de origens indo asiática. Depois queixam-se dos preços da habitação…, jovens desempregados (mais de 22%) ou licenciados com 900€….sejam sérios.

  7. Conversa do costume, quando não têm argumentos acusam de racismo, xenofobia, etc…
    Já estamos habituados às acções destes ditos “democratas”, tiveram um bom professor. Mesmo após a morte continua a apoiar o partido, com o lançamento do filme. É jogar os cartuchos todos.

  8. A esquerda não tem argumentos, com uma base de apoio envelhecida, analfabeta, ou avençada, manda estas “atoardas” como kits de sobrevivência. O PS transformou Portugal no seu verdadeiro chiqueiro, pode ser que os “bichos” se revoltem…
    Distribuir pobreza e miséria é o seu programa. Um militar soldado contratado tem um vencimento base de 821.8€.

  9. Este tipo de atitude não é democrata. Parecem as crianças que fazem birra, só porque não gosta do que o outro falou.

    Faço a sugestão à sra. que também retire a sua candidatura, já que terá de continuar a confrontar-se com aqueles temas, que muitos portugueses pretendem ser discutidos e que se faça algo de diferente.

    Contudo era bom lembrar que a bancada do Chega teve uma atitude igual no parlamento, (embora o assunto fosse sério)…. Dá que pensar

  10. Uma vergonha de política, e uma vergonha de mulher.
    Se se recusa a compactuar com esses discursos, então que fique lá, onde eles aparecem, e combata-os, como deve de ser, com discursos melhores, como deve de ser.
    Os políticos que temos são uma desgraça.
    É com isto que temos que contar para lutar contra ideologias bárbaras? Estamos bem tramados, estamos…

  11. A atitude dessa ministra, é o argumento dos comunistas da união soviética, e dos da cruz suástica, querendo impor a “sua” verdade, ou seja, só entendem a ditadura da sua ideologia, que querem impor.

  12. Não estive no referido debate. Mas, pelo que se infere da notícia aqui dada, não vejo em que foi que o membro do CHREGA saiu dos carretos para afugentar a ministra. De resto, eu, que não sou do CHEGA nem a ele afecto, apetecia-me dizer muito mais, tudo o que é necessário que se diga sobre EMIGRAÇÂO e IMIGRAÇÃO.. Está tudo por dizer e por fazer, talvez por interessar a muito “boa gente” que assim seja/esteja. Só que também sobrará para ela.

  13. A “coitada” da mulher, de nome Ana Abrunhosa, nem consigo perceber o que viram nela, ou que qualidades para a indigitar como ministra da Coesão Territorial, e menos ainda como conseguiu manter-se no poleiro durante 4.5 anos. Há, já sei, …, foi porque não foi apanhada a fazer trafulhices (e se calhar não fez), mas também a verdade seja dita, o que é que ela fez de jeito? falando de coesão no país, enquanto a “moça” esteve no poleiro, a coisa piorou.

    O mundo está a mudar, Portugal com ele e se calhar nalguns aspetos ainda mais aceleradamente, e pergunta-se: o que esta mulher feita ministra de uma pasta bem importante (se se conhecer e souber o que se anda a fazer sobre o assunto da pasta da incumbente em epígrafe) andou a fazer ou fez, ou quais implementações e/ou melhorias concretas implementou (ou também reorganizações mais eficazes e eficientes) com vista a novas realidades mais consentâneas com as já novas realidades instaladas e (e já agora teria também dado jeito alguma visão e ações com mínimo alcance de próspectiva) também aquelas que se perspectivam e decorrentes das dinâmicas endógenas e também, e não menos importantes, exógenas? Pouco vejo sobre a pergunta que coloquei, e teria de usar um microscópio bem potente para identificar coisa com valia real no sentido que coloquei acima.

    A saída dela (sobre a qual se comenta e tagarelam), ao eventual comentário do outro freguês, admitamos que quiçá “menos feliz” embora tenha (muitas) dúvidas sobre isso (mas não ponho as mãos no fogo), mas muitas mais certezas sobre que a saída dela tenha sido um puro aproveitamento político, de hipocrisia do politicamente correto (do tipo nojento e que cheira mal) e carregado de estratégia para fugir às responsabilidades de ter de responder sobre o que andou a fazer no governo (durante 4.5 anos).

    Li um comentário por aí, e que transcrevo: “”disse a ministrinha: é Violência física e psicológica”: a ministra Ana Abrunhosa abandona debate com candidato do Chega. Quis ter os seus minutos de fama, para o Instagram e para o TikTok. Não sabe responder ou contra argumentar?” …, bem eu respondo: 1. sim, quis ter os seus minutos de fama (meio triste, mas cada um tem as suas preferências), e 2. não, ela não sabe responder ou argumentar, pois habituou-se à mama no governo, a pouco fazer e ou ao pouco ou nenhum escrutínio de avaliação sobre a qualidade de trabalho que por lá andou a fazer. Ao menos poderia ter feito algo de bom e inteligente, que era ter contratado algum assessor (ou assessora) de qualidade, com capacidade de visão, criatividade, inovação, organização e capacidade de operacionalizar, para projetar novas soluções que cada vez se fazem mais necessárias (algumas até já urgentes) no âmbito do ministério que tomou (pouco) conta. Mutatis mutandis (por analogia e com as devidas adaptações), quase que se aplica o mesmo à grande maioria dos outros ministérios (pelo menos e certamente, aos da Educação, da Saúde, da Defesa e Administração Interna, da Agricultura (…) e do Ambiente, apenas para citar os que mais gastam e/ou que têm mais importância estratégica e em que cujos desempenhos e/ou resultados bem que poderiam (e deveriam) ter sido bem mais eficazes e certeiros nos interesses reais de todos nós (mas aqui devo “confessar” que nem eles sabem bem, ou não querem saber), quais são esses tais “de objetivos de interesses de todos nós” para hoje e para o futuro.
    É ver ou assistir à pobres ideias dirimidas pelos pretendentes a governantes para quase garantir que quase tudo irá continuar na mesma, isto se algum dos mesmos de sempre ganhar, e ir de mal a pior se algum (ou alguns) dos novos pretendentes chegar ao poder. Gostaria de estar enganado, mas apesar de ser optimista, nesta matéria poucas razões tenho para o ser.

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