A DGS deverá decidir em breve se o período de quarentena pode ser reduzido de 14 dias para apenas 10 dias, mas não para todos os casos. Para ficar menos tempo isolado é necessário cumprir vários critérios clínicos que ainda estão a ser estudados.
A verdade é que nos últimos dias o número de infetados por covid-19 tem vindo a aumentar drasticamente, e isso ninguém pode negar. A diretora-geral da Saúde reconhece esse aumento em Portugal, mas ainda assim Graça Freitas admite que o período de 14 dias de isolamento para casos positivos pode ser encurtado para 10 dias.
Na Europa, a lista dos países a diminuir o tempo de quarentena de 14 para 10 dias, com mais ou menos detalhes e algumas diferenças nos contornos da decisão, não pára de aumentar. Portugal poderá em breve fazer parte de um grupo onde já estão inseridos a França, Luxemburgo ou Alemanha. Por enquanto, os portugueses que estiverem em quarentena têm de cumprir os 14 de isolamento e no fim desse período realizar um teste.
Contudo, e de acordo com o Público, isso pode mudar. Graça Freitas já falou nessa hipótese mais do que uma vez, adiantando que essa “seria uma ótima notícia”.
“Os dez dias são mais ou menos consensuais para as pessoas positivas. Mesmo os franceses, que encurtaram para sete dias em relação aos doentes, em relação aos contactos dos doentes testam ao sétimo dia e, eventualmente, se o teste for negativo, só libertam essa pessoa do isolamento ao décimo dia”, disse Graça Freitas esta quarta-feira, mas relembra que caso a ideia avance “temos de ser muito cuidadosos”.
O pneumologista Filipe Froes explicou ao Público que “passados seis meses da pandemia nós já sabemos mais sobre a duração da transmissão e a evolução clínica das pessoas”. Neste sentido, o médico acha viável haver uma redução, mas apenas para “pessoas que tiverem teste positivo e com formas ligeiras de doença (ou seja, um doente que não precisa de internamento)”.
Ainda assim, há mais condições para poder ficar menos tempo isolado. O doente deve estar há pelo menos três dias sem recurso a fármacos que inibam a febre e deve também apresentar uma evolução clínica “favorável e consistente”, ou seja, menos sintomas. De acordo com os especialistas, só nestes casos é que é seguro diminuir o tempo de isolamento para 10 dias sem colocar o doente ou a comunidade em risco, diz o Público.
Além disso, Filipe Froes assume que “estes indivíduos já não precisam de fazer o teste de cura microbiológica”. “Há vantagens para todos nós. Não põem em causa a sua segurança nem a dos outros e poupam um teste de cura microbiológica que pode ser necessário para outras pessoas. E estas pessoas podem retomar a sua atividade laboral quatro dias mais cedo.”
Segundo o Público, a OMS faz a distinção entre isolamento (para casos positivos) e quarentena (para contactos de risco ou viajantes). Assim, os “critérios para a alta dos doentes em isolamento”, sem a necessidade de fazer um novo teste, estão estabelecidos: 10 dias para doentes sintomáticos, a contar após o início dos sintomas, e mais pelo menos 3 dias adicionais sem sintomas (incluindo sem febre e sem sintomas respiratórios).
Nos EUA, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças também já recomenda apenas 10 dias de quarentena para os casos positivos que cumpram os critérios clínicos. Na Europa, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Uma redução de quarentena, mesmo que baseada em conhecimento científico, pode ser mal interpretada pela população que pode ver aqui um certo relaxamento nas medidas de controlo da pandemia, explica o Público.
Filipe Froes garante que “se as decisões forem suportadas cientificamente, com clareza e transparência, e permitirem garantir a segurança dos doentes e da comunidade, dissipando qualquer dúvida, não vejo que haja motivos para dúvidas”.
Coronavírus / Covid-19
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