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Mensagens falsas “mataram” o rei de Espanha. Foi há 450 anos

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Museo del Prado / Wikimedia

Filipe II, Rei de Espanha (1527-1598), filho de Carlos I de Espanha e Isabel de Portugal

O fenómeno das notícias e mensagens falsas que se propagam de forma viral nas redes sociais preocupa cada vez mais governos, organizações internacionais e académicos, mas não é algo de novo.

Desde a campanha eleitoral de 2016 nos Estados Unidos, e principalmente nas últimas semanas, com as eleições no Brasil, os holofotes da imprensa voltaram-se para combater as chamadas “fake news”.

Este é um fenómeno viral que se propaga nas redes sociais e preocupa cada vez mais governos, organizações internacionais e académicos, e que pode influenciar o resultado das eleições. Esta sexta-feira, o Tribunal Eleitoral brasileiro abriu uma ação para investigar o envio de mensagens em massa por apoiantes de Jair Bolsonaro

O fenómeno não é novo. No domingo foi revelado que uma rede de sites de notícias falsas, alojados no Canadá, poderão ser da autoria de uma empresa de informática de Santo Tirso, em Portugal. Mas, na verdade, as mensagens falsas são documentadas há vários séculos.

“Antigamente, essas fake news eram citadas nos documentos como ‘notícias falsas’ ou ‘notícias mentirosas’, mas não deixam de ser mentiras propagadas com um propósito desestabilizador”, diz à BBC Almudena Serrano Mota, diretora do Arquivo Histórico de Cuenca, em Espanha.

A principal diferença é que, há séculos atrás, as mensagens falsas não eram disseminadas pelas redes sociais, mas transmitidas diretamente boca a boca. Mas isso não diminuía a sua capacidade destrutiva.

Um exemplo da propagação de notícias falsas ocorreu em 1564 e a vítima foi o homem mais poderoso do mundo na época: o rei espanhol Filipe II.

Um boato no Império

Durante o reinado de Filipe II, o império espanhol atingiu o seu esplendor máximo: expandia-se das Filipinas até à América do Sul – por isso, diziam que o sol nunca se punha nos seus domínios – ou seja, quando desaparecia no Ocidente, surgia no Oriente.

Com um vasto território, imagine o que aconteceria se alguém fizesse correr um boato sobre a vida do monarca… Foi exatamente o que aconteceu em 1564, quando “uma notícia falsa foi usada para tentar sabotar seriamente o reinado de Filipe II“, conta Almudena Serrano.

O monarca soube que um boato da sua própria morte “a tiros” se tinha espalhado. A notícia foi divulgada “em Madrid e outras partes dos reinos de Castela”, segundo documentos históricos.

Por essa razão, era necessário evitar, o mais rápido possível, que se propagasse para outras partes da Europa, “diante do risco que implicaria à monarquia“, ressalta o especialista.

“Imediatamente, o rei teve que acionar toda a máquina burocrática dos correios e da transmissão de mensagens, a fim de chegar o mais rápido possível às áreas que considerava convenientes que aquela notícia falsa era um boato sem fundamento”, diz Serrano.

Assim, o rei enviou cartas aos seus diplomatas pedindo-lhes que neutralizassem os rumores e que fizessem vir à tona “a verdade em todos os lugares”. Além disso, ordenou “uma grande diligência para descobrir de onde surgira o boato e com que propósito”, segundo consta na documentação do Arquivo Geral de Simancas, em Castela e Leão.

Ainda que, para o monarca, “o objetivo fosse claro”: “Está subentendido que foi propagado com má intenção”, diz a documentação.

Segundo Serrano, nunca se soube a origem do boato. “Mas quase tão importante do que descobrir a autoria era conseguir que o falso assassinato do rei não se espalhasse. Significaria uma perda de prestígio para a monarquia (o suposto facto de) terem conseguido assassinar o rei de Espanha”, diz o especialista.

Nem a primeira, nem a última

Essa não foi a única mensagem falsa que afetou a monarquia espanhola na época. Antes, o pai de Filipe II, o imperador Carlos V, também havia sido vítima de uma notícia falsa sobre a sua alegada morte.

O caso foi relatado pelo embaixador espanhol em Génova, que informou o rei que os seus inimigos na Alemanha tinham espalhado o rumor entre os soldados espanhóis:

“As notícias vêm do acampamento dos inimigos. Muitos declararam publicamente que, se soubessem que o imperador estava vivo, que não serviriam outro homem, é um sinal de que os franceses espalharam que a sua majestade está morta” , diz outro documento preservado no Arquivo Geral de Simancas.

“Circularam boatos sobre outras mortes, navios holandeses que disseminaram notícias falsas sobre rebeliões contra o rei da Espanha, por exemplo, nas ilhas do Pacífico, durante o reinado de Filipe IV, ou rumores de falsos tratados de paz que eram notoriamente prejudiciais à monarquia espanhola”, acrescenta Serrano.

ZAP // BBC

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8 Comments

    • Ah?!
      Se não sabes, devias consultar a Internet antes de escrever… o pior é que esse rei (Filipe II) até foi rei de Portugal a partir de 1580!
      O Reino de Espanha teve o seu inicio na unificação de Castela e Aragão em 1469, portanto foi há 549 anos!.

      • Eu pus apenas a minha dúvida e penso não ter ofendido ninguém e por essa razão aceitaria um esclarecimento com todo o respeito, não aceito é autoritarismos teus um pouco habituais nos teus comentários. Cumprimentos.

      • Mesmo podendo estar duvidoso no caso das datas compreendo que alguns Miguéis de Vasconcelos se sintam por vezes incomodados quando toca à soberania espanhola e tenham que escrever qualquer coisa.

  1. Só um esclarecimento: na notícia relatam que o pai de Filipe II foi Carlos I de Espanha e a mãe Isabel de Portugal… Adiante está escrito: «Antes, o pai de Filipe II, o imperador Carlos V,…» …
    Antes que “alguém” ponha em dúvida a autenticidade da notícia, tomo a liberdade de ESCLARECER que se trata da MESMA PESSOA: Carlos I de Espanha E Carlos V do Sacro Império Romano Germânico, que deteve os 2 títulos em «união pessoal», por ter herdado o reino de Espanha da mãe (Joana a Louca) e o Império pelo pai (Filipe de Habsburgo).

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