Hoje em dia, a dieta mediterrânea é vista como uma das melhores para a saúde, talvez por isso seja recomendada por tantos especialistas. Porém, de acordo com um novo estudo, no passado os habitantes do Mediterrâneo podem ter experimentado outros tipos de alimentos do mundo.
Philipp Stockhammer, da Ludwig Maximilian University of Munich, na Alemanha, e os seus colegas, analisaram restos microscópicos de comida nos dentes de 16 indivíduos do Levante, uma região a leste do Mar Mediterrâneo. O povo viveu nos séculos 17 e 11 a.C nas cidades de Megiddo e Tel Erani, relembra o New Scientist.
Durante a sua pesquisa, a equipa descobriu que estes indivíduos – provenientes de diferentes classes sociais – comiam alimentos do Sul da Ásia ou do Leste Asiático, incluindo gergelim, soja, cúrcuma e banana.
“Sempre pensamos que a globalização inicial se limitava a pedras e metais preciosos. Agora vemos que essa globalização inicial foi acompanhada pela globalização dos alimentos”, diz Stockhammer.
A equipa determinou quais os alimentos que foram comidos analisando o cálculo dentário (ou tártaro) das pessoas que habitavam no Mediterrâneo há cerca de 4000 anos. Esta é uma forma de placa endurecida que os arqueólogos geralmente removem dos esqueletos escavados para limpá-los.
O principal autor do estudo espera que “o estudo desperte a consciência para o cálculo dentário no futuro e mostre o potencial existente neste método”.
Andrew Clarke, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido diz que ainda há muitos detalhes não conhecidos sobre histórias de alimentos na África, Austrália e nas Américas”, por isso sublinha a importância de “aplicar este tipo de técnicas a outras regiões, com o objetivo de entender os costumes de outras populações”.
A identificação dos alimentos permite uma nova compreensão da complexidade das rotas comerciais iniciais e da globalização nascente no antigo Oriente Próximo, levantando assim questões sobre a manutenção a longo prazo e a continuidade deste sistema de comércio em períodos posteriores.
O estudo foi publicado no jornal PNAS a 21 de dezembro de 2020.