O Chega, Iniciativa Liberal e Livre, todos com deputados únicos, não terão tempo de intervenção no próximo debate quinzenal com o primeiro-ministro. Luís Marques Mendes considera que esta decisão revela “falta de respeito pela democracia, hipocrisia e medo”.
No habitual espaço de comentário na SIC, Luís Marques Mendes considerou que a recusa dos partidos de esquerda (PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV) em deixar os deputados únicos intervirem no debate quinzenal com o primeiro-ministro, que acontece já esta semana, revela “falta de respeito pela democracia, hipocrisia e medo”.
A esquerda justificou a decisão com o facto de só poder falar quem tem grupo parlamentar, mas para Marques Mendes esta é uma “desculpa de mau pagador“. O comentador lembrou ainda que, na legislatura anterior, o PAN não tinha grupo parlamentar, mas, numa exceção à regra, foi autorizado a falar. “Porque é que se abriu uma execução ao PAN e não se abre para o Chega, Iniciativa Liberal e Livre?”
Para o social-democrata, esta limitação é “falta de respeito pela democracia” porque “silencia os que foram eleitos pelos portugueses”. “É uma prepotência.”
Além disso, no entender do comentador, mostra “hipocrisia“. “O PS sempre foi o partido da liberdade”, mas cortou a liberdade de intervenção; o Bloco de Esquerda, “que sempre se disse defensor de minorias”, acabou por discriminá-las; e o PCP, que se diz um partido da democracia, “nega” o seu exercício, afirmou, citado pelo Observador.
“Parece que há medo do debate e do confronto. É desta maneira que o populismo vai crescendo. Depois não se queixem.”
Mais um candidato nas eleições do PSD
Luís Marques Mendes falou ainda sobre as eleições no PSD e disse esperar um “resultado muito incerto e imprevisível”.
“Muito provavelmente podem ser eleições com duas voltas porque neste momento há três candidatos e, com as novas regras, pode haver duas voltas se ninguém conseguir 50% na primeira”, explicou, sobre as diretas para eleger o presidente do partido que vão realizar-se a 11 de janeiro e, caso seja necessário, a eventual segunda volta realizar-se-ia no sábado seguinte à primeira data das eleições diretas, em 18 de janeiro.
Até agora, há três candidatos à presidência do PSD: Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz. “Em teoria, Rui Rio tem vantagem à primeira volta, mas pode não ser suficiente para chegar aos 50% porque de há dois anos para cá ele viu reduzida a sua base de apoio. À segunda volta, Luís Montenegro pode ter vantagem”, disse Marques Mendes, mas acrescentou que poderá ainda haver novidades.
“Miguel Morgado voltou à ideia de ser candidato. Está neste momento a recolher assinaturas e pode ainda ser candidato“, anunciou o comentador.
Espanha: cenário “não é brilhante”
As eleições em Espanha terminaram com uma vitória do PSOE sem maioria absoluta, mas, segundo Marques Mendes, não mostram um cenário “brilhante” para o país. O comentador considera que estas eleições foram uma “espécie da segunda volta das eleições de abril”, mas, “aparentemente, o bloqueio mantém-se”.
A subida do Vox, partido de extrema-direita “é bastante preocupante para a democracia” e uma possível terceira volta seria politicamente “inútil” porque “os espanhóis estão fartos de eleições” e, economicamente, porque a “economia já está em queda“.
“Muito provavelmente vai surgir um movimentação da opinião pública no sentido de entendimento entre PSOE e o PP”, não para formar governo, mas no sentido de o principal partido da oposição “fazer um esforço, sob condições, para apoiar um governo minoritário do partido socialista”, explicou o comentador da SIC.
Ainda assim, os resultados são negativos “para a resolução do problema da Catalunha”.