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“Há exceções a mais”. Marques Mendes defende que Governo deve reavaliar medidas de confinamento

Carlos Barroso / Lusa

No seu habitual espaço de comentário na SIC, no domingo à noite, Luís Marques Mendes falou sobre as novas medidas de confinanento e das eleições presidenciais.

Depois de uma semana a bater recordes em números de casos diários e óbitos, e numa altura em que os hospitais estão prestes a atingir o limite de capacidade, Marques Mendes criticou o demora do Governo em aplicar medidas de restrição.

“Não havia razão nenhuma para que as medidas que o Governo anunciou esta semana não tivessem sido anunciadas na semana passada. Elas estavam prontas. Fica um bocadinho a sensação de que quando são medidas simpáticas o Governo decide sozinho, como no Natal, quando são medidas impopulares precisa do respaldo dos técnicos. Perdeu uma semana aqui. Pode parecer pouco tempo, nesta matéria de saúde é uma eternidade”, atirou.

O comentador culpou, em parte, o aumento do número de casos no “facilistismo que houve por parte do Governo”, referindo-se ao alívio das medidas de restrição na altura do Natal. “Esse facilitismo ajudou muito nesta situação. Essa falta de coragem deu também nisto”, concluiu.

Por outro lado, o ex-líder social-democrata elogiou o Governo pela decisão de avançar com um confinamento e concordou com a decisão de não encerrar as escolas. “Acho essa exceção positiva”, frisou. “Parar as escolas em dois anos consecutivos é fatal. E para muitas crianças e jovens estar na escola é a oportunidade de ter uma refeição digna.”

Em relação ao Conselho de Ministros extraordinário convocado para esta segunda-feira, Marques Mendes partilhou expectativas em como o Governo vai reavaliar as exceções ao recolhimento domiciliário.

Só por sorte é que estas medidas são suficientes para a situação dramática em que estamos. Há exceções a mais nestas medidas”, referiu. “Com este mini confinamento não resolvemos o problema dos hospitais. Se vai reunir amanhã para reavaliar a situação, devia também avaliar com muito mais rigor as exceções que criou na semana passada, diminui-las. As pessoas estão a ter uma interpretação muito criativa, muito alargada”.

Plano de vacinação deveria incluir governantes

Marques Mendes confirmou que a vacinação vai ficar concluída até ao final de fevereiro nos lares e unidades de cuidados continuados. “Até ao final deste mês chegam mais 128 mil doses da Pfizer, embora já com uma redução, e 11 mil da Moderna”, afirmou.

O comentador defendeu que o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, a ministra da Saúde e outros ministros devem ser vacinados prioritariamente.

Não é uma questão de privilégio, é uma questão de normalidade. Deu-se prioridade aos profissionais de saúde porque estão na linha da frente”, explicou. “Faria um apelo à diretora-geral da Saúde para que tome essa decisão rapidamente no plano técnico de vacinação. Estará a prestar um serviço ao país.”

Adiar as eleições presidenciais?

Para Marques Mendes, “não há grandes condições para fazer campanha eleitoral” e “a abstenção pode ser invulgarmente elevada”. Porém, segundo o comentador, “adiar eleições pode ser ainda pior”.

O ex-líder do PSD explicou que ninguém garante que a situação melhora e o confinamento acaba daqui a umas semanas e que o adiamento “colide com a Constituição e uma revisão constitucional é um processo complicadíssimo”.

Para Marques Mendes, é importante que não haja confinamento no dia das eleições; que haja muito mais mesas de voto que nas demais eleições para evitar filas, aglomerações de pessoas e contágios; e que os idosos que estão confinados em lares não tenham de se deslocar para votar.

Sobre os debates televisivos, Marques Mendes considerou que Vitorino Silva foi “espontâneo e genuíno” e que João Ferreira “fez os possíveis e impossíveis para fidelizar o eleitorado do PCP”. Já Marisa Matias “foi a maior desilusão”.

Por outro lado, Tiago Mayan “foi uma boa surpresa” e “mostrou coragem, frontalidade e pensamento político”, Ana Gomes esteve “bom nível na generalidade dos debates” e André Ventura “perdeu face às expectativas mas ganhou nos seus nichos de mercado”.

Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa “esteve bem nos vários debates”: com Marisa e João Ferreira usou a “arma da simpatia”, mas o debate com Ventura “foi o melhor debate de toda a vida política de Marcelo”.

Maria Campos, ZAP //

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