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Entre críticas e um mea culpa, Marcelo não quer “sistema manco” e deixa recados à direita e esquerda

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Miguel A. Lopes / Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa deixa algumas críticas ao Governo e aos partidos políticos pela forma como tem sido alinhada a resposta à pandemia de covid-19, mas também faz um mea culpa quanto ao alívio das medidas no Natal que está a ser associado ao aumento elevado de novos casos de infecção neste mês.

“Quando corre bem, os autores sentem-se bem; quando corre mal, naturalmente são reprovados”, aponta o Presidente da República na qualidade de recandidato ao cargo, numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença, a propósito do decreto que assinou para determinar o alívio das medidas aquando do Natal.

Salientando que é o “responsável” por aquela decisão, Marcelo aponta que “todos os partidos” tiveram “uma posição nesse sentido [do alívio das medidas]” ou “posições ainda mais liberais”, por estarem “mais preocupados com a economia e a sociedade do que propriamente com a saúde e a vida”.

“O privado está a fazer o que pode”

Quanto à elevada pressão que os hospitais estão a sentir devido ao aumento de novos casos de covid-19, Marcelo destaca que “o privado está a fazer o que pode” em termos de pacientes não-covid, tal como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está também a tentar “encontrar camas e equipas e alocar os meios para responder à convergência entre covid, gripe sazonal num inverno rigoroso, e as outras patologias”.

Mas o candidato presidencial critica que se “improvisou muito” no arranque e que depois houve “um atraso a partir de Maio, na sequência da descompressão [da pandemia]”, no que se refere ao recurso ao sector privado para ajudar a responder às necessidades de Saúde.

“A pandemia tem sido inesperadamente muito mais longa e muito mais complexa de gerir”, aponta ainda, em jeito de desculpa para o Governo.

Marcelo admite que o actual confinamento possa durar até à Primavera e avisa as pessoas de que “não se devia elevar muito as expectativas” quanto ao plano de vacinação.

“As pessoas puseram-se em fila de espera da vacina, ao menos mentalmente, e estão à espera de ser contactadas”, nota, alertando que “é melhor dizer aos portugueses que o processo de vacinação vai durar um ano e meio“. “Os primeiros e segundo grupos vão demorar até ao fim da Primavera, começo do Verão”, antecipa.

Marcelo quer uma “alternativa forte” de direita

O que é certo é que quanto mais tempo demorar a crise pandémica, pior será porque “o dinheiro não é ilimitado“, alerta Marcelo.

Assim, para enfrentar as dificuldades destes tempos, “é preciso que a maioria parlamentar que apoia o Governo seja forte e minimamente coesa“, destaca ainda.

Um cenário desejável que “já não acontecia no fim da legislatura anterior”, uma vez que “os dois últimos orçamentos já foram um drama na votação e isso é um problema que se coloca nesta legislatura”, avisa também.

Dentro destas circunstâncias, Marcelo nota que é “muito importante garantir a ida da legislatura até ao fim”, defendendo que não é recomendável “termos crise política e eleições antecipadas, com a pandemia ainda por aí, ou com a crise económica agravada”.

Marcelo defende igualmente que “é preciso ter uma alternativa forte”, referindo-se à direita política e considerando que PSD e CDS se fragmentaram em “mais de cinco” partidos.

Aquilo que preocupa o Presidente que se recandidata ao cargo é que essa “alternativa forte” não exista, o que tornaria o sistema “manco”.

“A falta de uma oposição menos forte torna o Governo menos exigente, facilita no mau sentido do termo a gestão governativa”, alerta, apontando o receio de que haja “divisão à esquerda e uma inexistência de uma alternativa à direita”.

Para Marcelo, a solução não é “o apelo a governos presidencialistas”, como defende André Ventura. A solução deve ser antes um bloco “de direita e não um bloco central”, pois este “não é uma solução para uma situação de crise”, nota.

Qualquer opção que surja, mesmo que incluindo um partido de extrema-direita como o Chega, “têm de ser os partidos a construir”, conclui.

Marques Vidal deve ser ouvida pela vigilância a jornalistas

Na mesma entrevista, Marcelo defende ainda a audição da anterior procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, no caso da vigilância a jornalistas que foi feita a pedido do Ministério Público (MP) e sem um mandato judicial.

“A instituição continua, mas é sempre desagradável estar a falar de ausentes e sobre a actuação de ausentes” sem que estes sejam ouvidos, salienta Marcelo, realçando que o caso aconteceu num “período anterior ao mandato da actual procuradora-geral da República [Lucília Gago]” e que, por isso, é “de julgamento mais sensível“.

O Presidente da República também defende o inquérito aberto pelo MP “para saber o que se passou” e diz que deve “haver uma explicação, se for solicitado pela Assembleia da República”.

Sobre a questão da eutanásia, Marcelo recusa dar a sua opinião pessoal, salientando que o Presidente da República “pronuncia-se sobre o diploma que há-de chegar às suas mãos, quando chegar às suas mãos”.

Susana Valente, ZAP //

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11 Comments

  1. As pessoas devem ir todas votar mas VOTO EM BRANCO, que seja histórico e que todos estes corruptos da esquerda à direita sejam castigados, mas todos: PS; PCP; BLOCO; CDS; CHEGA; PSD PARA TODOS UM VOTO EM BRANCO

    • Eu concordo, só não concordo nesta altura que estamos em crise pandémica, entre ter um mau governo é ter um caos no governo prefiro o 1º , porque pode gerir mal, mas vai gerindo no cão ninguém gere e vai morrendo pessoas. Tendo um pensamento assim agora é uma irresponsabilidade social e humano. O que seria não ter pessoa para trabalhar na saúde, não ter dinheiro para pagar ordenados e acha que no sector privado as coisas correriam melhor? Havia o caos, acha que Portugal é rico?! Acontece é que as pessoas deviam -se manifestar no devido tempo e pensar bem quando escolhem governantes, mas quando as coisas correm bem nem vão votar e quando correm bem, pensam em viajar, em futebol e festivais de musica e blablá e não querem saber de nada o que passa no país .
      Os portugueses só pensam quando a processão vai no adro, quando as coisas correrem bem mal… e a mentalidade, quando foi a situação do Sócrates nem havia dinheiro para ordenados, nem pensões , nem apoios sociais para as pessoas bem necessitadas, não queira ajudar agora essas opiniões que iria prejudicar tantas pessoas. Manifeste na altura menos conturbada e ponha realmente os tais ladroes no devido lugar, era a mesma coisa se os seu patrões fossem postos na rua , o que seria dos empregados!!! Não sejamos mais para o Problema , mas mais para a solução! Queremos que as pessoas sejam mais proactivas e então quando a tempestade passar , assim sim arrumar a casa e ver quem presta e quem não presta.

  2. Politicas a parte… mas alguem percebe de politica a serio….

    deixem de lamwixas e aprendem o k ‘e a politica de uma vez por todas….

    vida ‘e turca demais para errar e repetir erros sucessivos… Portugal com quase mil anos ainda nao aprendeu a governar-se???? ‘e preciso inventar o que para esta gente entender o que ‘e facil de endender????

    Na politica estao todos preocupados com seu humbigo…resto ‘e conversa de boi manco….

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