Manuel de Almeida / LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa fala aos jornalistas
Presidente da República disse que está à vontade para nomear um Governo tendo a certeza que esse Governo não é rejeitado.
Marcelo Rebelo de Sousa opta por ficar mais discreto durante campanhas eleitorais mas, desta vez, abriu uma exceção.
O presidente da República disse na quinta-feira passada que quer nomear um governo com a certeza de que o respetivo programa será viabilizado no parlamento, o que considerou ser “a questão fundamental” nesta matéria.
Marcelo atirou que está “à vontade para nomear um Governo tendo a certeza que o Governo não é rejeitado imediatamente” e que “não está à vontade para o nomear não tendo essa certeza”.
O PAN reagiu rapidamente: quer Marcelo calado até 18 de maio. A porta-voz do partido, Inês Sousa Real, aconselhou o Presidente da República a “remeter-se ao silêncio”, afirmando esperar que este não esteja indiretamente a apelar ao voto útil.
Mas foi precisamente isso que Marcelo Rebelo de Sousa fez, avisa Vítor Matos, especialista em política.
“Marcelo de repente levantou-se do seu silêncio e intrometeu-se na campanha de uma maneira que não é a mais recomendável ou correcta“, analisou, na rádio Observador.
Vítor considera que o presidente da República deveria ter guardado aquela declaração para o dia 19 de maio, o dia seguinte às eleições legislativas.
O jornalista do Expresso entende que Marcelo não quer repetir o que Cavaco Silva fez em 2015, quando convidou Passos Coelho a formar Governo – que foi logo a seguir rejeitado na Assembleia da República pela maioria de esquerda.
Mas Marcelo “não deveria ter feito isso em plena campanha. É uma intromissão que mexe com o jogo: é um apelo ao voto útil na AD ou no PS – se é que isso tem reflexo no eleitorado de hoje em dia”, comentou.
Marcelo Rebelo de Sousa entretanto já votou, antecipadamente, neste domingo. Vai estar na primeira missa do Papa Leão XIV, no Vaticano, no dia das eleições.
“O meu apelo é de que votem. Votem por uma razão muito simples. O mundo está como está, não está fácil, está mais difícil do que há um ano e por outro lado não pode haver eleições no próximo ano“, declarou aos jornalistas.