Mapa revela mais de 60 áreas em Portugal com risco significativo de cheias

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ZAP // APA

Um novo mapa da Agência Portuguesa do Ambiente identifica 63 áreas de risco significativo de inundações em Portugal continental, seja por cheias costeiras ou fluviais.

Ainda no rescaldo das inundações catastróficas que devastaram Valência, surge uma pergunta: pode algo parecido acontecer em Portugal?

Portugal possui 63 áreas de risco significativo de inundações, podendo afetar mais de 102 905 habitantes, especialmente ao longo do litoral, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Desse total, 47 pontos são suscetíveis a cheias fluviais e 16 a inundações costeiras.

Numa publicação no LinkedIn acompanhada por um mapa, José Pimenta Machado, presidente da APA, explica que “a identificação dessas zonas teve por base a compilação da informação sobre as ocorrências entre 2011 e 2018 e suas consequências, nomeadamente em termos de vidas humanas, em número de desalojados, impactes nas atividades económicas, no património e no ambiente”.

O dirigente da APA destaca que os Planos de Gestão dos Riscos de Inundações (PGRI) estão atualizados e foram aprovados em Conselho de Ministros em abril de 2024.

Estes planos, que englobam 600 medidas, têm o objetivo de minimizar os impactos das cheias na saúde, comércio, património cultural e ambiente, focando-se em quatro áreas: preparação, prevenção, proteção e recuperação.

Contudo, para serem efetivos, é essencial que sejam integrados nos Instrumentos de Gestão Territorial, com especial atenção dos municípios. Assim, os planos poderão ser usados na ordenação do território para prevenir os efeitos de fenómenos extremos, que serão cada vez mais frequentes devido à crise climática.

Entre as atualizações do novo plano em relação ao anterior (2016-2021), estão a inclusão das áreas costeiras e a ampliação dos critérios para zonas de risco. Além disso, há uma cooperação com Espanha para monitorizar áreas de risco em bacias partilhadas.

O recente caso de inundações em Valência, Espanha — onde choveu em oito horas o que chove num ano e já há 219 mortes confirmadas — revela a importância da aplicação prática dos planos de gestão de risco. O jornalista e deputado valenciano Juan Bordera denunciou que as autoridades receberam alertas sobre a tempestade cinco dias antes, mas só enviaram mensagens à população quando as águas já tinham invadido várias áreas.

O fenómeno conhecido como “gota fria” (ou DANA, depressão isolada em níveis altos) contribuiu para a severidade da tempestade em Valência. Segundo Maria José Roxo, professora de Geografia e Planeamento Regional, explicou ao Público, a combinação de um Mediterrâneo quente e massas de ar frio em altitude cria grandes quantidades de precipitação em poucas horas.

Os solos alcatroados e com pouca capacidade de absorção e a falta de infraestruturas adequadas para o escoamento da água agravam as inundações em áreas urbanas e dão origem a tragédias como a de Valência.

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2 Comments

  1. Não é sobretudo a impermeabilização do solo que cria as situações de Valência. É principalmente a elevada precipitação em curto espaço de tempo. Se o solo estivesse ao natural, com capacidade de absorção, certamente que absorveria parte da precipitação, mas não a totalidade dos 480L/m² que choveram em 8H.

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