Manifestações pela saída da presidente Dilma Rousseff e o fim da corrupção estão a reunir milhares de brasileiros em mais de 300 cidades do país.
Os protestos estão a decorrer em municípios como o Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Paraná, Maranhão, Pernambuco, Goiás, Tocantins, Pará ou São Paulo, além do distrito federal, Brasília. De acordo com o Movimento Vem pra Rua, as manifestações a favor do impeachment de Dilma podem chegar a 500 cidades.
De acordo com a Polícia Militar, o protesto em Brasília reuniu 100 mil pessoas, mais do que o dobro do que na manifestação de março de 2015, quando 45 mil pessoas compareceram.
Na capital brasileira, onde a manifestação estava marcada desde o ano passado, a maioria dos manifestantes veste roupas de cor verde e amarela da bandeira brasileira. Um boneco vestido de detento, chamado pelo movimento de Pixuleco, está amarrado ao chão. Alguns manifestantes alinharam-se em frente ao Congresso Nacional formando a frase “Fora, Dilma”.
De acordo com Breno Saradelo, coordenador do movimento em Brasília, a manifestação é um apelo “contra a corrupção institucionalizada, independentemente do governo e do partido”. Em vários momentos, os manifestantes defenderam uma “limpeza” de políticos corruptos, nomeadamente Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, Renan Calheiros, presidente do Senado, e de Dilma.
No Rio de Janeiro, a manifestação que se concentrou na orla de Copacabana foca-se no apoio à Operação Lava Jato, à Polícia Federal e ao juiz Sergio Moro, que julga o escândalo de corrupção na Petrobras.
Um dos carros de som na Avenida Atlântica traz uma faixa com a frase “Fora Comunismo”, enquanto o porta-voz do movimento chama pelo microfone “as famílias de bem, de direita, contra o PT” para participarem na manifestação.
Este discurso, no entanto, não é partilhado por todos os manifestantes. “Não sou de direita e não me sinto representada por este senhor. E ainda fica insultando a presidente. Acho feio. O ato é pela democracia e honestidade e é por isso que estou aqui”, afirmou Elvira Moraes, uma dona de casa de 63 anos, à Agência Brasil.
Outro manifestante afirma que “estar aqui é importante, porque acredito que nossa indignação pode pressionar o governo e as autoridades a acabarem com essa sujeira que tem assolado a política deste país”.
Em Brasília, um funcionário da Justiça Federal acredita que a corrupção não é de apenas um partido. “O Brasil precisa se reinventar. O que se está pedindo não é solução. O necessário seria convocar uma nova Constituinte”.
O PT também tinha marcadas manifestações em diversas cidades este domingo, mas a maioria acabou cancelada devido ao receio de confrontos com militantes favoráveis à saída de Dilma Rousseff.
Em algumas cidades, os sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros movimentos mantiveram a realização de manifestações pró-governo e pró-Lula, tais como Fortaleza, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
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