Um em cada dez acidentes acontecem nestas estradas. “Não há auditorias e inspeções na maioria das estradas portuguesas” e situação não mostra sinais de melhoria para 2023.
Entre 2020 e 2022, Portugal registou números alarmantes em relação à sinistralidade rodoviária. Nestes três anos, foram registados 1167 acidentes com vítimas mortais, resultando num total de 1242 óbitos, com agravamento em 2022, ano em que o número de acidentes mortais ascendeu para 428.
Cinco estradas, mais especificamente a EN2 (Chaves-Faro), EN109 (Porto-Leiria), EN125 (Algarve), IC2 (Lisboa-Porto) e a A1 (Lisboa-Porto), foram particularmente fatais, com 128 vítimas mortais — nestes caminhos rodoviários ocorrem, avança o Jornal de Notícias, 10% do total de acidentes mortais de Portugal. Parte deste risco deve-se ao seu tráfego intenso.
“Estas estradas têm perfis variados ao longo do seu percurso, mas todas partilham uma característica: o tráfego motorizado muito intenso, o que aumenta a probabilidade de sinistros”, explica Mário Alves, presidente da Estrada Viva.
Já Manuel João Ramos, da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, tem uma outra explicação: a falta de auditorias e inspeções em muitas vias do país.
“Não há auditorias e inspeções na maioria das estradas portuguesas. Os condutores não têm qualquer garantia de segurança nas estradas portuguesas”, diz Manuel João Ramos.
Outras estradas, como a EN261, IC1, IP2, EN18 e EN4, também tiveram um número elevado de fatalidades. Têm características comuns — como o atravessamento de zonas urbanas, interseções e passagens para peões — que aumentam a vulnerabilidade a acidentes.
A Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária será debatida no Parlamento esta quarta-feira. Uma das propostas é o financiamento de um plano para eliminar os “pontos negros” nas estradas, usando parte da receita dos radares.
José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, enfatiza a importância de se disponibilizar meios e recursos financeiros para avançar na redução de acidentes. Destaca também a necessidade de reforço na fiscalização, em especial contra a condução sob influência de álcool.
Mário Alves sugere “a implementação de medidas de acalmia de tráfego para reduzir as velocidades” nas zonas urbanas. Adicionalmente, menciona a importância dos novos radares de controlo de velocidade, considerando-os um investimento essencial, mesmo que tardio: “os radares agora instalados são um investimento tardio mas muito bem-vindo”, referiu.
Em 2023, a situação ainda não mostra sinais de melhoria, com 97 acidentes mortais registados apenas no primeiro trimestre. A instalação recente de radares em quatro das cinco estradas mais problemáticas representa uma esperança, mas o desafio persiste.
“Não há auditorias e inspeções na maioria das estradas portuguesas”.
Mas em nome da “nossa segurança”, há uma fartura de multas, que engordam os cofres do estado,