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“Não cometam o erro do Magalhães”. Manuais digitais vão avançar no próximo ano letivo

Mário Cruz / Lusa

Em setembro, no início do próximo ano letivo, o Governo vai avançar com manuais escolares digitais em dez escolas em diferentes contextos geográficos.

A Renascença, que avança a notícia esta segunda-feira, noticia que o Governo vai avançar com manuais escolares digitais em setembro, no arranque do novo ano letivo num grupo de dez escolas.

Em declarações à Renascença, João Costa, secretário de Estado da Educação, explicou que o Governo quer “fazer uma transição que não é experimentalista e que foi preparada com uma capacitação para aquilo que podem ser os obstáculos”.

O objetivo é alcançar resultados o mais positivos possível, porque se “o próprio professor não conseguir explorar amplamente as capacidades dos recursos digitais, eles podem ser ou relativamente inúteis ou, até, não serem um bom substituto do papel”.

Os manuais escolares digitais vão ser testados num grupo de dez escolas, cuja lista “ainda não está fechada”, mas que terá “diferentes contextos geográficos, diferentes cenários socioeconómicos de implantação da própria escola”.

“Não se cometa o erro do Magalhães”

Jorge Sá Couto, administra a JP Group, que “explodiu” no mundo dos negócios a nível internacional com o impulso dado no Governo de José Sócrates com o pequeno portátil “Magalhães”, acredita que “Portugal vai voltar novamente a essa área”.

À Renascença, Jorge Sá Couto desenhou o que deve ser o equipamento de um futuro “Magalhães”. “Deve ser um portátil. Isso por razões muito objetivas. Claro que para o ensino pré-primário pode ser um tablet, uma vez que é mais para consumo de conteúdos.”

Por outro lado, há quem peça que “não se cometa o erro que se cometeu com o Magalhães”. Segundo a Renascença, muitos computadores que foram atribuídos aos alunos acabaram por ser vendidos pelos pais que os adquiriram através de uma pequena contribuição ou de forma gratuita.

Jorge Ascensão, da Confederação das Associações de Pais (Confap), espera que não se cometa “o erro que se cometeu com o Magalhães”: “atribuir diretamente a famílias que não se responsabilizaram por eles e, depois, evaporaram-se todos os recursos”.

O responsável desafia o Governo a pensar bem a medida para não se estar a mandar fora este tipo de recursos. “Porque quando estamos a falar da Acão Social Escolar, estamos a falar de uma heterogeneidade de famílias, nas suas culturas, expetativas, anseios, forma de encarar e responsabilizar por aquilo que é disponibilizado pelo Estado. E há, portanto, todo um trabalho a fazer para que haja esta responsabilização sobre aquilo que todos nós estamos a dar com os nossos impostos”, conclui.

No ano letivo em que foi lançado (2008/2009) e nos anos seguintes em que funcionou, o programa e.escolinhas distribuiu computadores Magalhães gratuitamente às famílias carenciadas, ou até 50 euros para as restantes. Esta medida permitiu que cada criança no 1.º ciclo tivesse um computador. Os alunos mais velhos continuavam a ter de partilhar um computador por cada quatro alunos.

O programa chegou ao fim em 2011, e o número de alunos que tiveram de partilhar um computador no primeiro ciclo de escolaridade tem vindo a aumentar desde aí.

Nos restantes ciclos (2.º, 3.º e ensino secundário), entre os anos letivos de 2010/2011 e 2015/2016 existia uma média de três alunos por computador. Por contraste, nas escolas privadas, esta média de três alunos por computador só se verificava no ensino secundário, para os 2.º e 3.º ciclo a média era maior – cinco a sete consoante o ano letivo.

ZAP //

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