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Macron, Charles Michel e rei Mohammed VI entre os alvos do spyware Pegasus

franceintheus / Flickr

O Presidente de França, Emmanuel Macron

A investigação jornalística sobre o software Pegasus, levada a cabo pelo consórcio Fobidden Stories, revelou, esta terça-feira, que pelo menos um telemóvel do Presidente francês foi espiado a pedido das autoridades marroquinas, assim como 14 ministros franceses.

Um número de telemóvel de Emmanuel Macron, que este detém desde, pelo menos, 2017, figura na lista dos 50 mil divulgados pela investigação Forbidden Stories que foram espiados pelo software Pegasus, desenvolvido e comercializado pela empresa israelita NSO Group.

A notícia foi divulgada, esta terça-feira, pelo jornal Le Monde e pela rádio Franceinfo, que integram o consórcio Forbidden Stories e integraram esta investigação internacional.

Além do número do Presidente francês, também o número de Edouard Philippe, antigo primeiro-ministro, e de pelo menos 14 ministros está na lista que Marrocos terá pedido à empresa israelita para espiar.

Marrocos terá pedido que a NSO Group analisasse pelo menos 10 mil números e 10% são franceses.

Já o jornal britânico The Guardian aponta que Marrocos também espiou os telefones de Tedros Adhanom Ghebreyesus, secretário-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do belga Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.

Ao jornal Le Monde, o Eliseu disse que “caso os resultados da investigação se confirmem, os factos são muito graves” e “tudo será esclarecido sobre estas revelações”.

A Justiça francesa iniciou, esta terça-feira, uma investigação sobre a utilização do Pegasus, pelas autoridades de Marrocos, para vigiar telemóveis dos jornalistas do portal de informações francês Mediapart. Entretanto, segundo a agência Reuters, o país africano já divulgou um comunicado a negar o seu envolvimento neste software.

Vários líderes mundiais na lista

De acordo com a Deutsche Welle, além de Macron, também aparecem na lista o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do Iraque, Barham Salih; os primeiros-ministros do Paquistão, Imram Kha, de Marrocos, Saad-Eddine El Othmani, e do Egipto, Mostafa Madbouly; e ainda o rei marroquino Mohammed VI.

O consórcio também revelou que os serviços de inteligência do México fizeram uso da ferramenta durante o Governo de Enrique Peña Nieto. O país lidera a lista de números espionados, com quase 15 mil, revela a DW. Entre os alvos estão jornalistas, ativistas e até o atual Presidente do país, Andrés Manuel López Obrador.

Estas revelações já estão a ter efeitos políticos nos países onde a ferramenta foi usada. Na Índia, por exemplo, a oposição no Parlamento interrompeu uma sessão para defender a instauração de um inquérito contra o primeiro-ministro Narendra Modi.

Já na Hungria, conta a mesma plataforma alemã, a oposição acusou o primeiro-ministro Viktor Orbán de criar um “Estado policial” ao utilizar o Pegasus para espiar jornalistas e políticos da oposição. Pelo menos 300 pessoas terão sido monitorizadas no país.

No domingo, um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais denunciou que jornalistas, ativistas e políticos de todo o mundo terão sido espiados graças a um software desenvolvido pela NSO Group.

O grupo israelita negou “fortemente” as acusações feitas na investigação, acusando-a de estar “cheia de falsas suposições e teorias não substanciadas”.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, descreveu o caso como “extremamente alarmante”, considerando que as queixas sobre o uso generalizado de spyware “parecem confirmar os piores receios sobre o abuso de tecnologias de vigilância para violar os direitos humanos”.

Por sua vez, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu que os Governos de países democráticos atuem contra os que se serviram deste software para espiar jornalistas e recordou que já tinha descrito a empresa NSO Group como uma “predadora digital” da liberdade de imprensa, no ano passado.

“Os países democráticos devem assumir o controlo deste caso particularmente grave, determinar os factos e sancionar os responsáveis. Convidamos os jornalistas e os meios de comunicação social afetados a virem à RSF para se juntarem a nós na resposta judicial necessária depois destas revelações”, afirmou, em comunicado, Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.

ZAP // Lusa

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