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Lukashenko reuniu-se com Putin para mostrar ao Ocidente que não está sozinho

Mikhael Klimentyev / Sputnik / Kremlin Pool / EPA

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, com o seu homólogo russo, Vladimir Putin

O Presidente da Bielorrússia acusou o Ocidente, esta sexta-feira, de tentar “desestabilizar” a situação no país, durante uma reunião com o seu homólogo russo.

No início da reunião Vladimir Putin em Sochi, no sul da Rússia, Alexander Lukashenko disse existir “uma tentativa de desestabilizar a situação até aos níveis de agosto do ano passado”, numa referência aos protestos anti-governamentais depois das eleições Presidenciais, que a oposição e os países ocidentais consideraram fraudulentas.

“É muito óbvio o que pretendem os nossos amigos ocidentais…”, disse o chefe de Estado bielorrusso, antes de apresentar ao homólogo russo “diversos documentos” sobre o incidente de domingo, que implicou a detenção do jornalista e ativista Roman Protasevich e da sua companheira Sofia Sapega.

“Para que entenda o que se passou. Para que compreenda que tipo de pessoas são“, disse Lukashenko.

O líder de Minsk, no poder desde 1994 e crescentemente isolado na cena internacional, também criticou a União Europeia por punir as linhas aéreas estatais Belevia com o encerramento do seu espaço aéreo, ao considerar que a empresa é estranha ao incidente do voo da Ryanair que efetuava o voo Atenas-Vílnius.

Por que motivo castigam a frota da Belavia? Não tem nada que ver com isto. Levaram com tudo. Aí, mostram a sua verdadeira face”, sublinhou.

Por sua vez, Putin recordou o incidente ocorrido em 2013 quando a Áustria, a pedido da União Europeia, forçou a aterragem do avião do Presidente da Bolívia, Evo Morales, pela suspeita de que seguia a bordo o ex-analista da CIA Edward Snowden, alvo de um mandado de captura emitido pelos Estados Unidos.

“Forçaram à aterragem do Presidente da Bolívia. Tiraram o Presidente do avião, e nada: silêncio”, recordou o Presidente russo.

Putin congratulou-se com a presença do seu homólogo e recordou que se está “em vias de construir uma União” reforçada entre os dois países, numa reafirmação do apoio ao país vizinho e aliado, também ex-república soviética.

“Avançamos firme nessa direção (…) e este trabalho já se traduz em resultados concretos para os nossos cidadãos”, acrescentou.

A Rússia tem justificado a atuação de Minsk, criticado as sanções decretadas pela União Europeia e considerado que o caso Protasevich, após o desvio do aparelho devido a uma alegada ameaça de bomba, é um assunto interno do país vizinho.

Esta sexta-feira, foi noticiado que as autoridades de aviação russas estão a recusar a entrada de aviões europeus em Moscovo. A Austrian Airlines teve de cancelar um voo que partia de Viena com destino à capital russa e a Air France também se viu obrigada a cancelar o seu voo Paris-Moscovo, pela segunda vez, depois de lhe ter sido negada a entrada.

Esta aparente retaliação da Rússia segue-se ao apelo dos 27 líderes europeus para que as companhias aéreas europeias evitem o espaço aéreo bielorrusso.

Lukashenko pronunciou na quarta-feira, perante as duas Câmaras do Parlamento, um inflamado discurso, no qual garantiu uma resposta às sanções europeias e aludindo a uma “nova guerra mundial”.

“Somos um país pequeno, mas responderemos adequadamente. Há exemplos parecidos no mundo. Mas, antes de se agir sem pensar, há que recordar que a Bielorrússia é o centro da Europa e que, se aqui estalar algo, será uma nova guerra mundial”, avisou.

Os líderes europeus pretendem avançar com novas sanções à Bielorrússia depois de o desvio forçado do avião da Ryanair, numa altura em que altos responsáveis do país já se encontram visados por sanções devido à repressão dos críticos do regime e do movimento de contestação.

Protasevich, de 26 anos, antigo chefe de redação do influente media da oposição bielorrusso Nexta, desde novembro que era considerado um “terrorista” pelas autoridades do seu país.

ZAP // Lusa

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