“Ilusão monetária”. Líder parlamentar do PSD diz que portugueses vão “sofrer significativamente” e acusa Governo de inação

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(dr) PSD

Joaquim Miranda Sarmento

Morais Sarmento acusou ainda o Governo de estar a operar uma estratégia de “ilusão monetária”.

Joaquim Miranda Sarmento, líder parlamentar do PSD, considera que a população portuguesa enfrenta atualmente uma ameaça dupla, constituída pela subida da inflação e das taxas de juro ao crédito à habitação, ao mesmo tempo que acusa o Governo de não ter uma “resposta robusta” para o problema.

Num discurso proferido no 1.º Encontro Interparlamentar do PSD, em Ponta Delgada, o representante dispôs dos seus conhecimentos na área económica para explicar que, se no campo da inflação esta motiva a subida dos preços, o aumento das taxas de juro ao crédito à habitação é “bastante mais preocupante, tem a ver com as prestações bancárias, nomeadamente com as prestações do crédito à habitação”. O problema, afirmou, é que na primeira situação se pode aplicar o chamado “efeito de substituição“, o que funciona como atenuante ao primeiro caso e não é viável no segundo.

Ou seja, se no caso da inflação é possível às famílias substituírem os produtos que compravam anteriormente por outros mais baratos ou de marca branca — ainda que até um determinado limite —, o mesmo não acontece com as prestações bancárias do crédito à habitação, um valor fixo e que terá sempre de ser subtraído ao rendimento das famílias.

Perante este cenário, Joaquim Miranda Sarmento antecipa que os portugueses irão “sofrer significativamente estes dois efeitos, e sem que o Governo tenha, até agora, dado uma resposta robusta e eficiente aos problemas das famílias e das empresas”. Considera, por isso, este tema “urgente” porque “já está a ter um impacto muito significativo na vida das famílias — e das empresas também — mas sobretudo das famílias”, ao passo que a inflação “não nos deve fazer esquecer o principal problema do país: a falta de crescimento económico”, atirou. “E as perspetivas de crescimento para os próximos anos continuam a ser bastante desanimadoras“.

Os ataques ao Governo prosseguiram durante o que restou do discurso, quer na vertente económica quer na vertente política. O polémico anúncio de António Costa há três semanas relativo às pensões não ficou naturalmente de fora, algo que o social-democrata descreveu como sendo “uma forma encapotada e dissimulada de esconder um corte de mil milhões nas pensões”. “Sem explicar a razão“, atirou, o Governo “decidiu cortar 3,5% em todas as pensões, desde a pensão mais baixa (288 euros) até qualquer outra pensão”.

Referiu-se ainda à justificação dada por António Costa e restantes membros do Governo, a da sustentabilidade da Segurança Social, como uma “desculpa“. “Não deixa de ser interessante porque é um tema de que o PS sempre fugiu e sempre garantiu que a Segurança Social era sustentável durante 25 ou 30 anos”.

Morais Sarmento acusou ainda o Governo de estar a operar uma estratégia de “ilusão monetária“, ou seja, “nominalmente as pensões vão subir, nominalmente os salários da Função Pública vão subir, mas, do ponto de vista do poder de compra, vão diminuir“. Já sobre a gestão que tem sido feita pelo primeiro-ministro da maioria absoluta, o líder parlamentar reforçou o que já tinha dito após as eleições de 30 de janeiro. “Com uma ou duas exceções, o Governo afunilou-se e ficou cada vez mais centrado na máquina do PS“.

Um dos exemplos, referiu, foi António Costa ter colocado os seus “putativos sucessores lá dentro, com os resultados que já estamos a ver”. Acrescenta-se ainda “a agravante de ter um ministro das Finanças que tecnicamente não é um economista conceituado e politicamente é alguém diminuído”. A substituição de Marta Temido como ministra da Saúde também foi alvo de críticas, com o líder do PSD a descrever a situação como representativa da “incapacidade do primeiro-ministro de recrutar para lá do aparelho mais duro e entranhado no PS”.

A polémica em torno da redução do IRC — com vários ministros a mostrarem posicionamentos diferentes sobre a matéria — foi igualmente aproveitada pelo por Miranda Sarmento para catalogar o Governo como “descoordenado”. “Entre ontem [terça-feira] e hoje [quarta-feira], o ministro da Economia disse uma coisa sobre a redução do IRS, que era importante que fosse transversal para todas as empresas, e foi desautorizado – primeiro pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e depois pelo ministro das Finanças”.

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1 Comment

  1. Era bom que houvesse entendimentos entre todos os Partidos Políticos pois todos beneficiaríamos disso, mesmo os que, como eu, somos apartidários.

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