Há um novo movimento de cidadãos a marcar a sociedade francesa, com os “Lenços Vermelhos” a surgirem como uma resposta aos “Coletes Amarelos” e em “defesa da República e da ordem”, num apoio implícito a Emmanuel Macron com uma grande manifestação convocada para 27 de Janeiro.
Os “Lenços Vermelhos” surgiram a 26 de Novembro de 2018, tendo por missão a “defesa das liberdades de cidadania” e visando o “restabelecimento do Estado de direito e por uma França em paz”, como se destaca no site oficial do movimento.
Na página de Facebook dos “Lenços Vermelhos” releva-se ainda que o objectivo é lutar pelo “fim dos bloqueamentos e das violências” pelos quais culpam os “Coletes Amarelos”.
Os responsáveis do movimento dizem compreender “a expressão do mal-estar e do sofrimento exprimido” pelos “Coletes Amarelos” e também criticam a classe política, mas lamentam “a politização” do movimento que tem organizado diversos protestos em França, denunciando a perturbação da “ordem pública” que têm gerado.
“Os Lenços Vermelhos não são contra os Coletes Amarelos“, até porque as suas “causas” são “defensáveis”, justifica em declarações ao Le Figaro um dos lideres do movimento, Théo Poulard, um padeiro da Bretanha de 23 anos.
“Eu próprio poderia sair à rua para protestar contra o aumento dos combustíveis. Cada qual tem o direito de se exprimir e de se manifestar. Mas quando vemos como isso se transformou, torna-se perigoso”, nota Théo Poulard.
Os “Lenços Vermelhos” reflectem o facto de muitos franceses estarem fartos dos distúrbios provocados pelos protestos dos “Coletes Amarelos”, nomeadamente das alterações e complicações de trânsito que perturbam o dia-a-dia profissional e pessoal dos cidadãos.
Assim, convocam uma manifestação para Paris a 27 de Janeiro próximo no que definem como a “Marcha Republicana das Liberdades”.
Esta manifestação está a ser organizada em parceria entre elementos dos “Lenços Vermelhos” com o engenheiro Laurent, de Toulouse, que criou a página de Facebook “Stop, maintenant, ça suffit!” (“Parem, agora já chega” na tradução para Português) em Dezembro passado.
Este simpatizante assumido de Emmanuel Macron que recusa revelar a sua identidade porque diz que já recebeu ameaças de morte, refere ao jornal francês La Dépêche du Midi que o objectivo é “acima de tudo, defender a República”.
“Quando vi a estátua que representa a República destruída parcialmente em Paris, isso fez-me saltar”, salienta. Isso levou-o a criar no Facebook o evento “Marcha de apoio a Emmanuel Macron e à República” que foi depois transformado na “Marcha Republicana das Liberdades” porque “não é um apoio à pessoa, mas à sua função“, explica Laurent.
O protesto é para os que têm “orgulho de defender a República contra quem a quer destruir”, explica ainda o engenheiro, notando a certeza de que “antigos Coletes Amarelos, que deixaram o movimento quando viram que tinha sido recuperado por bandidos de extrema direita e de extrema esquerda“, vão estar presentes no protesto do dia 27.
Entretanto, temem-se os riscos de uma contra-manifestação dos Coletes Amarelos, depois de o Governo ter anunciado novas medidas para punir elementos mais violentos envolvidos nos protestos.