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Legionella encontrada nos doentes é semelhante à da Adubos de Portugal

Janice Haney Carr / CDC

Bacterias Gram-negativas de Legionella pneumophila

O diretor geral da saúde revelou esta sexta-feira que as bactérias encontradas em doentes com legionella são semelhantes às detetadas numa torre de refrigeração da empresa Adubos de Portugal.

A revelação foi feita durante um encontro da task force para lidar com a infeção por legionella que começou no dia 7 de novembro, em Vila Franca de Xira.

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), também presente no encontro com os jornalistas, reiterou que “existe semelhança entre a legionella encontrada numa das torres de refrigeração da empresa Adubos de Portugal” e a detetada nos doentes.

Contactada pela Lusa, a empresa Adubos de Portugal escusou-se a comentar o assunto.

Segundo um comunicado conjunto dos vários organismos que compõem esta task force, lido pelo diretor geral da Saúde, Francisco George, desde o início do surto registaram-se 336 casos de doença dos legionários, dos quais dez morreram.

A doença do legionário, provocada pela bactéria Legionella pneumophila, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

Estes dados – que estabelecem o cruzamento entre a bactéria encontrada nos doentes e na torre de refrigeração na empresa Adubos de Portugal – seguem agora para o Ministério da Saúde, segundo anunciou o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.

Jorge Moreira da Silva esclareceu que, apesar de se manter o segredo de justiça – que há uma semana foi a razão apontada pelas autoridades para não revelar a origem do surto – os resultados agora disponíveis apresentam dados mais concretos.

“Estamos perante resultados que resultam de análises de cultura e uma coincidência com a estirpe clínica. Só se avança para este tipo de informação para o Ministério Público quando existem dados robustos”, disse.

O ministro adiantou ainda que são estes dados que irão, junto do Ministério Público, ajudar no esclarecimento sobre a existência de um “eventual crime ambiental em relação a esta empresa”, numa referência à Adubos de Portugal.

Antes de ser conhecido o resultado destas análises, fonte da Adubos de Portugal disse, numa resposta enviada à agência Lusa, que obteve na quarta-feira autorização da Inspeção Geral do Ambiente para tratar as torres de refrigeração ainda paradas devido ao surto de ‘legionella’ que ocorreu no concelho de Vila Franca de Xira.

“O pedido para realização do procedimento de tratamento necessário ao levantamento do mandado de suspensão do funcionamento das torres de refrigeração foi devidamente autorizado no dia 19 de novembro pela Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território”.

/Lusa

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