Esta quarta-feira, pelas ruas de Paris marchou-se em homenagem à morte de Mireille Knoll, a mulher que não acreditava na maldade e que foi assassinada por ser judia. Le Pen decidiu marcar presença, mas os manifestantes expulsaram-na do evento.
Marine Le Pen, ex-candidata pela extrema-direita à Presidência de França, foi expulsa de uma marcha que homenageava a memória da sobrevivente do Holocausto Mireille Knoll, assassinada por ser judia.
De acordo com a Ansa Brasil, também o candidato de extrema-esquerda às presidenciais de 2016, Jean-Luc Mélenchon foi expulso da manifestação.
“Tanto na extema-direita como na extrema-esquerda há uma grande concentração de antissemitas”, justificou Francis Kalifat, presidente do Conselho Representativo das instituições Judaicas de França (Crif), ainda antes do início da marcha.
Quando se juntaram ao protesto, Jean-Luc e Le Pen foram recebidos com assobios e vaias, acabando por terem que ser retirados da concentração.
Daniel Knoll, um dos filhos de Mireille, tinha estendido, antes da marcha, o convite “a todos”, incluindo Le Pen e Mélenchon.
Depois disso, o candidato da extrema-esquerda disse, ainda assim, renovar “as condolências e o meu afeto respeitoso à família Knoll. E não confundo a comunidade judaica com o Crif nem com o energúmenos que atrapalham a solidariedade contra o antissemitismo”.
Mireille foi encontrada, na passada sexta-feira, morta carbonizada no seu apartamento em Paris. O autor do crime desferiu 11 golpes sobre a idosa com uma arma branca e lançou fogo ao seu apartamento.
Já conhecido por roubo e agressões sexuais, o homicida sabia da religião da vítima. Segundo o cúmplice, terá gritado “Allah Akbar”, Deus é grande, enquanto esfaqueava Mireille. A expressão tem sido usada por jihadistas muçulmanos em ações terroristas.
A polícia prendeu dois suspeitos, um dos quais seu vizinho. A polícia abriu um inquérito aos dois suspeitos, acusados de crime com motivações raciais.
Durante a II Guerra Mundial, Mireille Knoll tinha conseguido fugir da grande operação conhecida em França como “Rafle de Vel d’Hiv”, na qual milhares de judeus foram detidos e enviados para os campos de concentração nazi entre os dias 16 e 17 de julho de 1942. Depois de fugir com um passaporte brasileiro, refugiou-se em Portugal.
O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou “o crime hediondo” e reafirmou a sua determinação absoluta em lutar contra o antissemitismo. “O assassínio de uma idosa sem qualquer outra razão a não ser o facto de ser judia é completamente inaceitável”, declarou o líder do República em Marcha, partido no poder.
O assassinato provocou grande comoção na comunidade judaica, e acontece um ano após a morte de outra idosa judia, Sarah Halimi, de 65 anos, também vítima de um ataque anti-semita cometido por um vizinho.