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Ciclone Kenneth deixa rasto de destruição em Moçambique

Josh Estey / EPA

Um mês depois do Idai, o ciclone Kenneth já destruiu casas e várias colheitas. Nas próximas 24 a 36 horas, pode cair a mesma quantidade de chuva que cai num ano em Cabo Delgado e Nampula.

Esta quinta-feira, um ciclone de categoria 4 atingiu a costa moçambicana, com consequências que poderão vir a ser tão graves quando as do ciclone Idai, que deixou Moçambique em desespero no passado mês de março.

O Kenneth é um dos maiores ciclones a atingir a costa moçambicana, e, além dos ventos fortes na ordem dos 220 km/hora, trará chuva intensa nos próximos dias.

Mário Marques disse ao Público que o problema deste ciclone não é somente o vento, mas sim a acumulação de precipitação. “Ele agora vai ficar até sábado como tempestade tropical – e depois passará a depressão tropical – a debitar muita precipitação, poderá acumular de 500 a 1000 mm, isso em 24/36 horas é quase a precipitação anual do Porto (que é de 1100/1200 mm)”, afirmou o climatólogo.

Numa região onde as casas são demasiado frágeis, a principal preocupação das autoridades foi levar as populações para edifícios mais resistentes, como as escolas, por exemplo. Cerca de 30 mil cidadãos foram retirados das suas casas por questões de segurança.

Os ventos que chegaram aos 280 km/hora mataram três pessoas nas Comores e destruíram 90% dos edifícios da ilha de Ibo, próxima da província de Cabo Delgado. Segundo a Visão, as autoridades moçambicanas acreditam que mais de 600 mil pessoas terão sido afetadas por este fenómeno da natureza.

Na manhã deste sábado, a imprensa do país dava conta de que algumas famílias da cidade de Pemba estavam a abandonar os centros de abrigo e a regressar às zonas de risco para avaliar os danos causados pelo ciclone.

As previsões meteorológicas apontam ainda para a continuação de chuvas fortes, pelo menos até domingo, sendo que a pluviosidade registava pode mesmo superara a do ciclone Idai. Agora, o maior medo são os solos saturados e as chuvas constantes que podem provocar cheias capazes de destruir edifícios e culturas e que dificultarão as operações de ajuda.

Contudo, a situação acalmou. O Público conseguiu falar com os bombeiros de Pemba, que afirmaram que a chuva tinha parado. “Os ventos fortes também já amainaram um pouco. As pessoas já estão a circular normalmente.”

As equipas ainda estão no terreno a avaliar os danos causados pelo Kenneth, não se sabendo ainda a dimensão do impacto do ciclone.

Esta é a primeira vez que o país é atingido por dois ciclones durante a mesma estação e é um sinal claro de que as alterações climáticas continuarão a ter um impacto violente nos países mais suscetíveis a fenómenos naturais.

ZAP //

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