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Jornalista russo crítico de Putin morto a tiro

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Arkady Babtchenko foi encontrado pela mulher no edifício do seu apartamento, em Kiev. Acabou por morrer na ambulância a caminho do hospital. No entanto, sabe-se agora que esta morte não passou de uma encenação.

Um jornalista russo, muito crítico do Presidente russo, Vladimir Putin, foi assassinado esta terça-feira, com tiros nas costas, em Kiev. Arkady Babtchenko foi encontrado pela esposa no edifício do seu apartamento em Kiev, a sangrar, e morreu na ambulância que ela chamou, a caminho do hospital.

A polícia adiantou que Babtchenko morreu devido a vários tiros disparados nas suas costas. Em comentários televisivos, o chefe da polícia de Kiev, Andriy Krishchenko, afirmou: “A primeira e mais óbvia versão da causa do assassínio é a das suas atividades profissionais”. No entanto, sabe-se agora que tudo não passou de uma encenação.

A notícia da sua morte fazia parte de uma encenação criada pelo jornalista, em conjunto com as autoridades da capital ucraniana, no âmbito da investigação das ameaças de morte de que Babtchenko era alvo.

O jornalista, de 41 anos, era um crítico contundente das políticas do Kremlin, apontando a anexação da Crimeia, o apoio aos insurgentes separatistas no leste da Ucrânia e a campanha russa na Síria. Dirigentes ucranianos e russos acusaram-se mutuamente pela morte.

Anton Gerashchenko, um deputado ucraniano que foi conselheiro do Ministério do Interior, afirmou no Facebook que os investigadores devem olhar pela “os esforços das agências de espionagem russas para se livrarem dos que procuram dizer a verdade sobre o que se passa na Rússia e na Ucrânia”.

 

Esta terça-feira, o político adiantou ainda que o suposto assassino de Babchenko estava à espera dele nas escadas dentro do edifício onde o jornalista morava e que o alvejou nas costas, quando ele saía para comprar pão. Em Moscovo, dirigentes e deputados criticaram as autoridades ucranianas pela sua alegada incapacidade de proteger os jornalistas.

“A Ucrânia está a tornar-se o país mais perigoso para os jornalistas”, disse o deputado russo Yevgeny Revenko, em observações transmitidas pela agência noticiosa estatal RIA Novosti insistindo que “o Governo ucraniano não pode garantir as liberdades básicas”.

Pavel Sheremet, outro jornalista de renome, natural da Bielorrússia mas que trabalhou para meios de comunicação russos, foi morto através da explosão do carro, no centro de Kiev, em julho de 2016. O caso continua por esclarecer.

Em março de 2017, Denis Voronenkov, um deputado russo que passou de apoiante a crítico do Kremlin, foi assassinado à entrada de um hotel em Kiev. Os procuradores ucranianos alegaram que Voronenkov, que passou a crítico do Kremlin, depois de se mudar para a Ucrânia em 2016, foi morto por ordem de um criminoso russo.

Arkady Babchenko esteve nas fileiras militares russas e combateu na primeira guerra separatista na Chechénia, durante a década de 1990. Mais tarde, tornou-se jornalista, trabalhando como correspondente militar para vários meios russos, e publicou vários livros baseados nas suas experiências de guerra.

Babchenko saiu da Federação Russa em fevereiro de 2017, dizendo que estava a receber ameaças e estava preocupado que pudesse ser preso.

ZAP // Lusa

5 Comments

      • Se os outros mais de 20 jornalistas russos que foram assassinados de forma “misteriosa” nos últimos anos (curiosamente todos críticos do Putin), aparecerem por aí a dar conferencia de imprensa é que será surpreendente!…
        Mas, esta operação dos serviços secretos ucranianos foi muito bem elaborada e mostra bem como se fazem os “acidentes estranhos” que acontecem com alguma frequência aos críticos do Putin…

  1. O que significa: “No entanto, sabe-se agora que tudo não passou de uma encenação”? O autor do artigo, sabendo isso, não deveria ter alterado o título e o início do artigo? Parece que o desmentido aconteceu a meio da escrita do artigo, mas é estranho que o jornalista obtivesse tão rapidamente informações pormenorizadas sobre a encenação. Terei que concluir que a manutenção do título e da parte inicial do artigo foi uma manobra típica daquele jornalismo noticioso tipo CM TV/Correio da Manhã!

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