A área à volta da central de Fukushima foi evacuada há cinco anos, mas animais selvagens como javalis e guaxinins parecem estar a aproveitar a tranquilidade do local, usando casas abandonadas como abrigo para se reproduzirem.
Desde o acidente nuclear, a população de javalis selvagens tem aumentado numa proporção impressionante. Enquanto antes havia três mil animais, agora são 13 mil.
Além disso, através da dieta de raízes, nozes, frutas silvestres e água, os animais estão com altas concentrações de radiação.
Apesar de ainda não indicarem sinais de alterações genéticas, as amostras da sua carne mostram que há 300 vezes mais Césio-137 do que é considerado seguro.
Caça controlada
Apesar de serem um símbolo de prosperidade e fertilidade, estes animais têm causado um enorme problema na agricultura local.
Os caçadores têm recebido recompensas por entregarem javalis às autoridades locais, mas a taxa de crescimento da população dos animais é grande e esta medida não está a ser suficiente para travar a multiplicação.
A cidade de Nihonmatsu, por exemplo, a 56 quilómetros de Fukushima, fez três grandes covas capazes de acomodar 1.800 javalis. O local, porém, já está sobrecarregado.
Esta multiplicação de javalis e guaxinins é semelhante à que aconteceu em Chernobyl, com veados e também javalis, conforme revela um estudo da Universidade de Portsmouth publicado na revista científica Current Biology.
Jim Smith, um dos autores do estudo sobre a região da Ucrânia, explicou que “isto não significa que a radiação seja boa para a vida selvagem, mas sim que os efeitos da presença humana, incluindo a caça, agricultura e florestamento, são muito mais prejudiciais” para a vida selvagem do que a radiação.