Em meados de agosto, o Japão atingiu o pico de 6.000 casos diários de covid-19. Quase do dia para a noite, o país asiático observou, espantosa e inesperadamente, uma queda acentuada no número de infeções.
Ao contrário de outros países asiáticos e europeus, o Japão nunca adotou a estratégia do confinamento. Em vez disso, apostou numa campanha de vacinação que, embora tardia, se revelou verdadeiramente rápida e eficaz, e na desocupação de muitas áreas conhecidas pela vida noturna.
A somar a estes dois fatores, a Time destaca o mau tempo no final do mês de agosto – que manteve as pessoas em casa – e a prática generalizada do uso de máscara ainda antes de a pandemia ter assolado o mundo.
Kazuhiro Tateda, professor de virologia da Universidade de Toho, salientou que as taxas de vacinação aumentaram de julho a setembro, à medida que a variante Delta, a mais infecciosa, se espalhava rapidamente.
Mas, apesar do aumento da taxa de inoculação, o especialista considera que os exemplos do Reino Unido e dos Estados Unidos podem fazer soar os alarmes: as vacinas, por si só, não são perfeitas e a eficácia destes fármacos desgasta-se gradualmente.
Tendo este fator em conta e com o Inverno a aproximar-se a passos largos, os especialistas receiam que o Japão possa vir a enfrentar uma nova onda de infeções – e desconhecer a razão pela qual os casos caíram tão drasticamente pode não ser uma ajuda ao combate de uma eventual vaga.
Questionado sobre o misterioso motivo, Norio Ohmagari, diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, não soube responder.
“É uma pergunta difícil, e temos de considerar o efeito do progresso das vacinas, que é extremamente grande. Ao mesmo tempo, as pessoas que se reúnem em ambientes de alto risco, como lugares cheios e menos ventilados, podem já ter sido infetadas e adquirido imunidade natural”, explicou.
A Time escreve que muitos especularam também que a queda podia ser explicada pela diminuição do número de testes realizados, mas dados do governo metropolitano de Tóquio mostram que a taxa de positividade caiu de 25% em finais de agosto para 1% em meados de outubro – o que mostra que as infeções abrandaram mesmo. Já o número de testes diminuiu um terço.
O susto pode ter levado os japoneses a tornarem-se mais cautelosos e o cuidado pode ter contribuído para a diminuição das infeções no território, mas os especialistas em saúde pública continuam empenhados em descobrir o que realmente aconteceu. Para isso, propõem uma investigação exaustiva sobre as razões que explicam o declínio dos casos.
Portanto, vacina + máscara + cautela = positivo!