Já chegaram 138 mil envelopes com votos dos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo. Foram enviadas 1.464.709 cartas com um boletim de voto para 186 países nos primeiros dias de setembro.
Porém, destes 138 mil boletins, nenhum veio da África do Sul, de onde ainda não chegou qualquer envelope dos 32.596 que tinham sido expedidos. O secretário-geral-adjunto para a Administração Eleitoral admite que tal não venha a acontecer até à tarde de dia 16 e, depois disso, também não entrarão nas contas.
O apuramento e contagem dos votos dos dois círculos da emigração – pela Europa e resto do mundo – que valem dois deputados cada, são feitos na quarta-feira no pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, de acordo com o jornal Público.
Os votos dos emigrantes, guardados nestes dias num cofre do Ministério da Administração Interna no Terreiro do Paço, serão levados pela PSP durante a noite para o pavilhão e para o ginásio. Nas cem mesas de contagem serão, primeiro, assinalados eletronicamente nos cadernos eleitorais os eleitores que votaram e depois depositados nas urnas os respectivos votos. A expectativa é que por volta das 21h30 ou 22h os resultados estejam fechados.
O rasto dos envelopes da África do Sul foi sempre seguido, mas os correios não terão dado o devido andamento à distribuição. Os envelopes entraram no centro de distribuição de Joanesburgo a 5 de setembro, foram levantados pelos correios a 17 e só começaram a ser distribuídos a 24, mas boa parte deles só chegaram às caixas de correio dos portugueses a residir naquele país já depois de dia 6 – era a data limite em que as cartas deviam ser devolvidas.
Este será o caso mais complicado destas eleições, que movimentaram 32 toneladas de envelopes e boletins de voto. Também houve problemas no Brasil, afetado por uma greve dos correios, e em França e na Alemanha, onde os serviços recusaram os envelopes de porte pago, exigindo aos eleitores que pagassem o selo da carta.
A Comissão Nacional de Eleições lamentou que não seja possível fazer a contagem de todos os votos de emigrantes que votaram fora do país para as eleições de 6 de outubro.
João Machado, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, apontou à TSF que tem de haver uma data limite para o apuramento dos votos. “A CNE olha para isto com alguma tristeza, mas como uma situação que nos ultrapassa, porque a lei é clara quando diz que o apuramento tem de ser feito até ao décimo dia pós-eleições, e esse décimo dia será amanhã [quarta-feira].”
O representante da CNE considera que o problema é deixar muitas vezes os procedimentos para a última hora, mas admite que pode haver uma melhor articulação com os correios. “Tem havido todos os anos votos que chegam depois do décimo dia”, constata João Machado. “Os boletins de voto têm de ser colocados no correio até 6 de outubro, mas deveriam ter sido colocados muito antes”, argumenta o porta-voz da CNE.
Embora já tenham chegado 138 mil votos, “regressaram” também 142 mil envelopes devolvidos pelo facto de o destinatário ser desconhecido ou não terem sido levantados nos correios. Embora o processo tenha sido desenhado para se poder tratar 450 mil votos recebidos, a expectativa do secretário-geral-adjunto da Administração Eleitoral é que até ao dia 16 à tarde se chegue aos 142 mil votos – cerca de 9,7% de votação do total dos recenseados e uma participação percentualmente inferior à de 2015 (11,68%, quando votaram 28.354 eleitores), mas com uma expressão numérica bem superior.