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Israel constrói no deserto a maior torre de energia solar do mundo

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Na paisagem das areias do deserto do Negev, no sul de Israel, destaca-se uma torre de 250 metros de altura – o equivalente a um prédio de 50 andares.

Trata-se da torre da central solar de Ashalim, parte do esforço das autoridades israelitas para produzir, até 2020, 10% de sua energia através de fontes renováveis. Actualmente, essa percentagem é de 2,5%.

A torre de Ashalim, a mais alta do mundo para um projecto de energia solar térmica concentrada, isto é, com apenas uma torre central, é circundada por 50.600 espelhos.

Estes heliostatos, controlados por computador, estão distribuídos por uma área de 3 km², e acompanharão a movimentação do sol de modo a reflectir luz sobre a caldeira localizada no topo da torre durante o maior tempo possível ao longo do dia.

A radiação solar infravermelha capturada pelos espelhos e reflectida sobre a caldeira criará um processo térmico de vapor que moverá enormes turbinas, produzindo grandes quantidades de energia eléctrica “limpa”.

Quando pronta, no primeiro trimestre de 2018, a central de Ashalim produzirá 121 megawatts de energia solar, suficientes para iluminar 125 mil casas, evitando a emissão anual de 110 mil toneladas de dióxido de carbono.

“A electricidade será gerada a partir do vapor, da mesma forma que aconteceria com uma central de gás ou de carvão, mas a energia não tem origem em combustíveis fósseis. Vem do sol.

Esta é uma obra de grande porte para quem quer investir em energia limpa”, diz o director-geral da central solar, o engenheiro uruguaio Jacinto Durán-Sanchez.

Os espelhos serão controlados remotamente, e os engenheiros e directores da central poderão até fazê-lo por telemóvel. Diariamente, a areia do deserto acumulada sobre eles terá de ser retirada.

“Os heliostatos vão estar inclinados, enviando raios de sol e calor até à caldeira, que elevará a temperatura do vapor de água até aos 600 graus. Cada heliostato tem o seu comando remoto individual. Entre os espelhos há torres de wi-fi, para assegurar que estejam ligados 24h por dia”, explica o engenheiro argentino Claudio Nutkiewicz.

No mundo, há actualmente apenas 10 centrais heliotérmicas com capacidade superior a 121 MW. A maior é a de Ivanpah, no deserto do Mojave, nos Estados Unidos. Inaugurada em 2014, tem uma capacidade projetada de 392 MW, mas tem três torres de 190 metros de altura, o equivalente a 40 andares, que recebem luz de 173.500 heliostatos.

O projecto israelita é mais humilde no número de espelhos, um terço, mas inova ao contar com apenas uma torre, dez andares mais alta – que teria potencial maior na produção energética com custo menor do que o de erguer múltiplas torres.

Há outros mega-projetos em curso com torres altíssimas, em vez de várias mais baixas. Uma delas, na Austrália, ficará perto da de Ashalim: a Aurora Solar Energy terá uma torre de 227 metros de altura – 48 andares.

A central heliotérmica de Ashalim tem um custo estimado de 470 milhões de euros, e faz parte de um projeto mais amplo, o Megalim, uma joint-venture entre a General Electric, a BrightSource, empresa americana de energia solar que também construiu a central de Ivanpah, e o fundo israelita Noy, que investe em infraestrutura, com participação do Banco Hapoalim, o maior banco israelita.

No total, o projecto é estimado, em 680 milhões de euros, incluindo mais duas obras complementares: uma para armazenamento de energia solar de noite e outra de uma central com tecnologia fotovoltaica para produzir ainda mais energia. Juntos, os três projectos solares gerarão 310 MW, cerca de 2% das necessidades de Israel.

Mas as centrais heliotérmicas também têm críticos. Nos Estados Unidos, ambientalistas apontam para o fenómeno das aves mortas encontradas nas proximidades destas centrais. Segundo os ambientalistas, os pássaros são incinerados pela luz reflectida pelos espelhos, que pode alcançar 600° centígrados.

// BBC

4 Comments

  1. Compreendo os ambientalistas que sejam críticos com estes projetos, pois quanto mais aves morrerem incineradas pelo calor dos espelhos, menos sobram para os caçadores.
    Para além disso eles devem utilizar computadores à manivela, carros a pedais e outos equipamentos similares para poderem reduzir a sua pegada ecológica.
    Ser-se ambientalista, não é sinónimo de ser-se burro, mas lá que alguns parecem…

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