Inflação deu ao Governo folga recorde de 5.000 milhões. Desaparece daqui a uma semana

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Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa (D) conversa com o Ministro das Finanças, Fernando Medina (E)

Só um défice de 5000 milhões no quarto trimestre deste ano conseguiria levar as contas do estado para o vermelho em 2022. E pode acontecer.

Em ano de grande pressão para as finanças para as famílias, o impulso dado à receita fiscal pela inflação ofereceu ao governo uma folga orçamental de 5000 milhões nos primeiros nove meses do ano.

Segundo o jornal Público, o excedente orçamental registado no terceiro trimestre do ano — um valor histórico em democracia e o maior desde que o país aderiu ao Euro — levou as contas do Estado a um valor positivo recorde.

Agora, só um défice de 5.000 milhões durante os últimos três meses de 2022 pode impedir que o estado feche o ano com excedente orçamental, diz o mesmo jornal.

No entanto, diz o DN, aquele que é o maior excedente público trimestral da democracia desaparece daqui a uma semana.

De acordo com os dados do INE revelados esta sexta-feira, diz o DN, este saldo positivo, medido em contabilidade nacional, deve desaparecer totalmente no último trimestre do ano, dando lugar a um défice trimestral que superará os 2,2% do Produto Interno Bruto nacional.

A inflação galopante que este ano afetou os portugueses, que ronda atualmente os 10% (e que Mário Centeno previu esta semana que atingirá o pico no início de 2023), conduziu a uma deterioração da situação financeira e significativa perda do poder de compra das famílias.

Em 2022, Portugal encontrou-se mesmo entre os países da União Europeia em que o preço dos alimentos mais supera a inflação geral.

Em contrapartida, o aumento da receita fiscal gerado por essa mesma inflação permitiu ao Estado encher os cofres e acumular nestes nove meses o referido excedente recorde — o maior excedente de que há registo desde 1974.

As receitas obtidas pelo Estado até setembro superaram as despesas num valor equivalente a 2,8% do PIB, realça o Público — resultado que, salienta o jornal, lança dúvidas sobre a credibilidade das estimativas feitas pelo Governo para o saldo orçamental da totalidade de 2022.

O excedente agora revelado fica muito longe quer da meta de 1,9% que o Governo tinha avançado em outubro, na altura da apresentação da proposta de Orçamento de Estado para 2023, quer da nova estimativa revelada a semana passada pelo primeiro-ministro, António Costa.

Com o excedente orçamental registado a setembro, seria necessário que o quarto trimestre do ano trouxesse um défice orçamental idêntico — 4.980 milhões de euros, cerca de 8% do PIB — para que o saldo orçamental de 2022 fosse nulo.

Défices trimestrais desta magnitude foram raros nas últimas décadas, diz o Público, e apenas aconteceram em circunstâncias extraordinárias para as contas do Estado.

Mas entretanto, nota o DN, a grave crise inflacionista que nos primeiros nove meses do ano ajudou o Estado a encher os cofres começa agora a prejudicar a economia.

Além disso, os significativos apoios públicos às famílias e empresas, cujo pagamento se reflete na despesa pública no final deste ano, dará lugar a um défice trimestral que irá superar os 2,2% do PIB — e fazer desaparecer, na próxima semana, o enorme excedente orçamental que o Governo tinha no sapatinho deste Natal.

ZAP //

11 Comments

  1. Basta de roubar os portugueses!
    A democracia está minada por gente esperta que faz dos portugueses estúpidos.
    Mas a maioria dos portugueses gosta de ser enganada.

      • Esse triste filme foi na governação de Sócrates que rebentou o país e teve que pedir socorro à Troika e a Passos Coelho e a todos nós tivemos que pagar a fava.

    • E gostam mesmo de ser enganados.
      Depois da roubalheira em impostos que estes fulanos nos têm feito olhem para as sondagens.
      Pelo menos os subsídio-dependêndentes votarão sempre Kosta…é mais seguro.

  2. Gostava de saber o que o PSD lucrou com a alteração do Líder, antes ainda tinha um Líder com credibilidade, e postura de estado, agora tem um faroleiro comprometido com a governação de Passos Coelho e Paulo Portas, a melhor alteração foi de papa almoços e jantares, e se pendurar atrás do PR e Moedas como o emplastro sempre que vê umas câmaras de televisão .

    • Tu “fa” querias o pacato Rui Rio. Montenegro não é Rio. Este ataca de forma racional e incisiva o miserável governo que temos. Este incomoda muita gente, como tu.

  3. 4.980 milhões de euros, cerca de 8% do PIB?! Não há matemática ou MACS no curso de jornalismo?! Sabem ao menos qual é o PIB nacional?! Para esse valor ser 8% o PIB nacional tinha que ser cerca de 50.000€ e na realidade é cerca de 4 vezes mais, logo a % será cerca de 4x menos!

    • Caro leitor,
      Obrigado pelo seu reparo.
      O PIB de Portugal em 2021 foi de cerca de 234 mil milhões de euros, não 200 mil euros.
      O valor de 4.980 milhões de euros é efetivamente cerca de 2,17% de 234 mil milhões.
      Não tendo no entanto dados sobre a forma como as nossas fontes (Público e DN) calcularam o valor de 8% do PIB, vamos manter a informação contida no artigo.

  4. Tanto dinheiro que estes ladrões recebem e não têm a hombridade de baixar os impostos. Preferem distribuir rebuçados sempre aos mesmos para garantir os seus votos. Ainda se tivessemos um presidente da república…

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