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Infanta Cristina de Espanha interrogada oito horas por fraude fiscal

OEA - OAS / Flickr

A infanta Cristina de Borbón,  filha do Rei Juan Carlos de Espanha

A infanta Cristina de Borbón, filha do Rei Juan Carlos de Espanha

A infanta Cristina, filha do rei Juan Carlos, de Espanha, foi hoje interrogada durante mais de seis horas e meia na Audiência Provincial de Palma de Maiorca, como arguida por alegados delitos de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

A infanta Cristina de Borbón, que abandonou o tribunal pouco depois das 18:00 locais, oito horas depois de entrar no edifício, tinha sido interrogada durante cinco horas pelo juiz José Castro e, posteriormente, cerca de uma hora pelo procurador Pedro Horrach.

A filha do Rei Juan Carlos recusou-se a responder às acusações dos advogados particulares e aos advogados de defesa de outros arguidos no processo.

O advogado da infanta, Miquel Roca, disse aos jornalistas que a sua cliente saiu “muito contente” da audição porque “teve a possibilidade de explicar com todo o detalhe, pergunta a pergunta, com meticulosidade qual foi ou não a sua intervenção nos factos que se lhe imputam”.

“Hoje não poderia ser para a infanta e para os seus advogados um dia melhor”, disse aos jornalistas.

“A justiça funciona. Todos somos iguais perante a lei. Deixaremos que o tempo ajude à reflexão que a justiça tem que realizar”, sublinhou.

O advogado recusou que a infanta tenha dado respostas evasivas durante as quase sete horas de depoimento, afirmando que em 95% das perguntas “respondeu com sim ou não, de forma firme, taxativa e serena”.

É normal, disse, que em alguns casos tenha dito não se lembrar de alguns dos acontecimentos sobre que foi interrogada “porque ocorreram há muitos anos”.

“Esclareceu-se tudo e penso que se pode despertar em sua senhoria, nas instituições e, espero na opinião pública, o quão inocente é a infanta de todas as acusações que lhe são dirigidas”, afirmou.

“Houve emoção, sentimento, sinceridade, dúvida, afirmações contundentes. Foi uma declaração muito sincera e leal, muito exemplar”, afirmou.

A sessão histórica – pela primeira vez, um membro de uma casa real europeia respondeu perante a justiça por um caso de corrupção – foi acompanhada por mais de 400 jornalistas, dominando as atenções mediáticas em Espanha e noutros países.

Cristina foi questionada sobre gastos que fez com o cartão de crédito da empresa e sobre outros elementos do processo, com o empréstimo de 1,2 milhões de euros que recebeu do rei Juan Carlos para a compra da sua casa em Barcelona.

Arguida por delito fiscal e branqueamento de capitais disse, segundo fontes judiciais, que soube da advertência feita em 2006 por Juan Carlos a Iñaki Urdangarin para que deixasse as suas atividades no Instituto Nóos.

Atribuiu esse aviso a uma questão de estética e imagem da Casal Real, não lhe tendo dado mais importância.

Cristina foi questionada até sobre o seu pessoal doméstico, afirmando que os tinha contratado, mas desconhecendo a forma como eram pagos.

Tranquila e “muito bem treinada”, segundo um dos advogados presentes, Cristina insistiu que nunca participou na gestão do Instituto Nóos, onde eram vogal, e rejeitou ter conhecimento sobre a gestão diária da empresa Aizoon.

/Lusa

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