INEM teve de esperar por autorização para socorrer Comandos

António Cotrim / Lusa

O médico do INEM, ouvido, esta terça-feira, no Campus da Justiça, em Lisboa, recorda que teve de aguardar por uma autorização para entrar no campo onde decorria o 127.º Curso de Comandos.

Segundo o jornal Público, o médico e o enfermeiro do INEM chamados para socorrer os militares do 127.º Curso de Comandos tiveram de esperar por uma autorização na porta principal para entrar no campo por se tratar de “uma instituição militar”.

O médico Cláudio Caiado foi ouvido, esta terça-feira, como testemunha da acusação no julgamento de 19 militares, no Campus da Justiça, em Lisboa.

O clínico não referiu quanto tempo teve de esperar para entrar, mas lembra-se que eram 21h10 quando a ambulância, vinda do Hospital do Barreiro, chegou à tenda. O INEM foi chamado às 20h37.

“Demorámos um pouco porque era longe da porta de arma. E tivemos de ir devagar, atrás de uma viatura militar, porque eram terrenos impróprios”, explicou em tribunal, acrescentando que, quando lá chegou “a pessoa que vinha socorrer estava morta”. O óbito viria a ser declarado na tenda médica do Campo de Tiro de Alcochete às 21h45.

A pessoa em causa é Hugo Abreu, o instruendo, de 20 anos, que morreu durante a chamada ‘Prova Zero’, que decorreu a 4 de setembro de 2016.

De acordo com o profissional de saúde, citado pelo mesmo jornal, a “desidratação extrema” foi a razão para não ter conseguido “atuar em conformidade”, não tendo sido possível colocar soro intravenoso no recruta.

“Tinha a pele seca, baça, os olhos encovados, sem brilho, e uma rigidez” do corpo, disse o médico, acrescentando ainda que “dentro da tenda estava um calor imenso”.

Uma semana depois, outro instruendo com a mesma idade, Dylan da Silva, faleceu no Hospital Curry Cabral. “Dylan também estava desidratado, prostrado, hipotenso, e fez uma convulsão já dentro da ambulância”, recordou o médico.

O diário adianta que o médico regressa ao tribunal, no início de janeiro, para responder aos advogados de defesa.