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Imunidade pode chegar em agosto. Para desconfinar, ainda não há datas (mas Marcelo lança uma meta)

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José Sena Goulão / Lusa

Marta Temido momentos antes da sessão de apresentação “Situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal”, no Infarmed

O Governo ainda não tem data definida para desconfinar, mas a intenção é que as escolas sejam as primeiras a reabrir. Esta segunda-feira, na reunião no Infarmed, o coordenador da task force, Henrique Gouveia e Melo, disse que a imunidade de grupo pode ser atingida no início ou meados de agosto.

O primeiro a ter a palavra no encontro desta segunda-feira foi André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde (DGS), que lançou o mote com a informação de que a incidência de contágios a 14 dias teve uma “consolidação da tendência” com uma “descida muito significativa”.

O responsável da DGS informou que 104 concelhos deixaram de estar num nível de risco extremamente elevado, sendo agora 15 os concelhos nessa situação. Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Centro são as regiões mais preocupantes.

Mas as boas notícias não ficaram por aqui: o coordenador da task force para o Plano de Vacinação contra a covid-19 em Portugal, Henrique Gouveia e Melo, avançou que a disponibilidade de vacinas melhorou e que isso fez com que a meta para se atingir a imunidade de grupo no país se alterasse para agosto.

O responsável explicou que, “desde o dia 19 de fevereiro, a redução no primeiro trimestre continuou a confirmar-se apesar de ser menor”. “No entanto, isso continua a fazer com que a primeira fase de vacinação ultrapasse o primeiro trimestre”, disse, destacando que há uma “expectativa mais positiva” em relação ao segundo, terceiro e quatro trimestres.

Se as expectativas “se mantiverem e se materializarem no futuro próximo, o período em que se poderá atingir os 70% de imunidade de grupo pode eventualmente reduzir-se e passar para meados do verão, à volta de agosto ou inícios de agosto“, afirmou Henrique Gouveia e Melo, citado pelo Público.

Ainda assim, o coordenador do plano de vacinação avisou que se trata de “expectativas que ainda têm de se confirmar”.

Vacinar 100 mil pessoas por dia

No segundo trimestre do ano, “haverá uma concentração de vacinas suficiente para aumentar a velocidade de vacinação para cerca de 100 mil vacinas por dia“, anunciou Gouveia e Melo.

O coordenador da task force disse também que “chegaram a Portugal, grosso modo, cerca de um milhão de vacinas”, sendo que 680 mil foram já aplicadas no continente e 19 mil nos Açores e Madeira. Cerca de 230 mil vacinas chegaram esta segunda-feira ao país e serão aplicadas esta semana.

Segundo o vice-almirante, temos, atualmente, “sete em 100 habitantes com pelo menos uma inoculação”, ou seja, cerca de 4,5% da população portuguesa já recebeu a primeira dose da vacina e 2,7% foi já vacinada com a segunda dose.

Sem data para abrir o país

Esta segunda-feira, na reunião no Infarmed, a ministra Marta Temido disse que o Executivo ainda não tem data prevista para iniciar o desconfinamento, mas afirmou que as escolas devem ser as primeiras a reabrir, à semelhança do que tinha dito a ministra Mariana Vieira da Silva na semana passada.

De acordo com a responsável da pasta da Saúde, o Governo está a refletir sobre “os momentos em que se deve começar a equacionar” as medidas de desconfinamento e por onde se deve começar a aplicá-las.

“Tendo o Governo referido várias vezes que o último encerramento que desejaria ter feito era o das atividades escolares é coerente que se pense que num processo contrário também pelas atividades escolares de iniciará o processo”, admitiu a ministra, sublinhando, porém, que “este não é o momento de falar de tempos ou de modos, lá chegaremos”.

“Este é o momento de nos concentrarmos em conter a transmissão da doença, em melhorar aquilo que é a resposta a outras áreas que não a área covid-19, em apostar na rapidez do processo de vacinação e na proteção dos mais frágeis e vulneráveis”, avisou Temido.

A meta de Marcelo para desconfinar

O epidemiologista Baltazar Nunes estimou que o número de doentes com covid-19 internados em cuidados intensivos possa estar abaixo dos 300 em meados de março e abaixo dos 200 no final do mês – um número *-+indicado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como linha vermelha para um desconfinamento seguro.

O investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) ressalvou, no entanto, que estas projeções têm muitas condicionantes.

“Nada do que se projeta está adquirido, vai depender de conseguirmos manter a atual tendência de decréscimo de novos casos e esta tendência depende das medidas atualmente implementadas, da sua adoção pela população assim como dos comportamentos preventivos da população e do controlo da transmissão das novas variantes do SARS-CoV-2 que ainda representam são muito prevalentes a população”, afirmou Baltazar Nunes.

Contudo, as projeções estão de acordo com os cenários apresentados na última reunião em que foi projetado que “a taxa de incidência possa estar abaixo de 120 no início de março, abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes na segunda quinzena de março”.

Relativamente ao índice de transmissibilidade (R), o especialista adiantou que se encontra nos 0,67, estando em decréscimo em todas as regiões (todas abaixo de 1). O valor do R em 0,67 é “o mais baixo estimado desde o início da epidemia, disse, adiantando que nos últimos dias se encontra uma estabilização do valor R”.

Relativamente ao excesso de mortalidade, Baltazar Nunes estimou que cerca de 74% possam ser atribuíveis à epidemia de covid-19 e 19% às temperaturas baixas.

Testes covid com saliva

No final da reunião com os especialistas, Marta Temido anunciou, em declarações aos jornalistas, que a Direção-Geral da Saúde e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge estão a avaliar a possibilidade de se avançar com testes PCR de saliva.

“Esta solução, que já existe no mercado e é reconhecida pelo Infarmed, está em cima da mesa e será mais um contributo que se juntará à estratégia a entrar em vigor nos próximos dias”, referiu a ministra da Saúde.

Quanto à nova norma de testagem, a governante disse que só entra em vigor à meia noite desta terça-feira e invocou “razões técnicas” para o atraso, uma vez que devia ter tido início na passada segunda-feira.

Na sequência da declaração do coordenador da task force, que reforçou a necessidade de recorrer a outros meios para a administração de vacinas além dos centros de saúde, Temido disse aos jornalistas que está a ser trabalhada uma norma sobre centros de vacinação, admitindo a vacinação noutros pontos como farmácias comunitárias.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

5 Comments

  1. E os “Especialistas” é que mandam. Saír de casa só quando o Sr. Doutor quiser……..E aquele que andou apregoando que era preciso salvar o Natal, está agora armado em “durão” e castigador, que é para todos saberem que ele também sabe ser firme…….

    • Já todos tivemos mais do que tempo para compreendermos quais os cuidados a ter para evitar o contágio, no entanto, muitos insistem em festinhas, grupinhos e confraternizar como se nada se passasse. A responsabilidade, disciplina e respeito pela nossa vida e pela dos outros só depende de cada um de nós. Os políticos são políticos…

  2. A religião destes gajos é a reabertura das escolas… parecem vampiros sedentos…!

    Acham que a imunidade vai chegar em agosto… e nem metade da população portuguesa foi ainda vacinada. Tristeza…! E os miúdos e jovens têm que sofrer com as aulas presenciais. Nada disto faz sentido…! Este governo é descoordenado.

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