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Importação de troféus de caça de elefantes volta a (não) ser permitida nos EUA

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A administração norte-americana, liderada por Donald Trump, enfrentou esta sexta-feria duras críticas por ter anunciado que vai voltar a autorizar a importação dos chamados troféus de caça de elefantes africanos. Ao fim do dia, Trump recuou na decisão.

O Serviço de Vida Selvagem dos Estados Unidos anunciou esta sexta-feira, em comunicado, que irá voltar a permitir que os elefantes africanos do Zimbabué e Zâmbia sejam trazidos como troféus, e que, com isso, irá conseguir recolher fundos para programas de conservação de espécies.

Donald Trump tenciona reverter uma decisão tomada por Barack Obama, em 2014. O anterior governo proibiu a entrada no país de troféus de caça de elefantes. Esta alteração nos esforços para impedir a importação de presas de elefante aplica-se aos animais mortos entre janeiro e 2016 e dezembro de 2018.

“A caça desportiva legal e bem regulamentada, como parte de um programa de gestão, pode beneficiar determinadas espécies, proporcionando incentivos às comunidades locais para conservar essas espécies e colocando receitas tão necessárias de volta à conservação”, lê-se no comunicado.

A informação relativa à decisão dos EUA foi avançada na página de um conhecido fórum sul-africano de caça, o Club International Foundation, que, juntamente com a National Rifle Association, batalhou para conseguir que a lei de Obama fosse anulada.

No final do primeiro semestre de 2018, as autoridades irão proceder a uma “avaliação da situação”, com o objectivo de decidir se a importação de troféus de caça continuará a ser permitida durante mais tempo.

O elefante africano está classificado como espécie ameaçada na Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção dos Estados Unidos desde 1979.

O número de elefantes africanos diminuiu de cerca de cinco milhões, há um século, para cerca de 400 mil. A cada ano, desde 2010, as populações desta espécie diminuem 7% em média, com mais de 30 mil mortes por ano.

Segundo a EuroNews, o Centro para a Diversidade Biológica, com sede em Tucson, no estado do Arizona, diz que os EUA permitirem a importação de presas de elefantes mortos significa que “Trump concorda com a extinção de uma espécie ameaçada“.

Nas redes sociais, são inúmeros os utilizadores inconformados com o regresso dos troféus de caça, que apelam mesmo às transportadoras norte-americanas que não aceitem transportar troféus de caça para os Estados Unidos.

Na onda de protestos estão agora a ser também partilhadas fotografias dos filhos do actual presidente americano, Donald Jr. e Eric, junto a animais selvagens mortos durante uma expedição ao Zimbabué, em 2012.

Que razão terá Trump para reverter a proibição de Obama à importação de troféus de caça?”, perguntam os utilizadores.

E um volte-face: Trump recua

Entretanto, no mesmo dia em que a polémica medida foi anunciada, o presidente dos EUA, Donald Trump, recuou na decisão e suspendeu a liberalização da importação de presas de elefante – ironicamente, o símbolo do seu próprio Partido Republicano.

Segundo o Expresso, o recuo de Trump deve-se sobretudo aos inúmeros protestos, que não se fizerem esperar, vindos quer de organizações de defesa do ambiente, quer do próprio partido republicano,com destaque para o presidente do comité de Negócios Estrangeiros da Câmara de Representantes, o republicano Ed Royce.

Royce sustenta que um dos critérios para autorizar este tipo de importações é o bom funcionamento do sistema de governo local, e neste momento o Zimbabwe, país que está “a braços com um golpe de estado para afastar o presidente Robert Mugabe”.

A contestação aumentou de tom também porque a liberalização foi anunciada por organizações que defendem a caça grossa, como a Fundação Safari Club International ou a National Rifle Association, defensora do porte livre de armas de fogo, e não pelo serviço público que tutela o sector, o U.S. Fish and Wildlife Service.

Ao final da tarde de sexta-feira, Donald Trump acabaria por anunciar que tinha decidido suspender a medida que autorizara durante a manhã.

ZAP //

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