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Moody’s antecipa eleições inconclusivas (e impasse “negativo para crédito”). Juros da dívida sobem

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Sam Valadi / Flickr

“Charging Bull”, escultura de Arturo Di Modica à entrada da Bolsa de Nova Iorque

A agência de ‘rating’ Moody’s disse hoje que o ‘chumbo’ do Orçamento do Estado de 2022 cria impasse político que é negativo para o crédito de Portugal e aumenta a incerteza sobre os investimentos dos fundos europeus.

Numa análise hoje divulgada, a Moody’s considerou, face a dados que indicam que as eleições legislativas antecipadas serão inconclusivas, que essa incerteza é “negativa para o crédito” de Portugal e que o possível impasse político cria riscos de o Governo não cumprir as metas acordadas, o que pode impedir o desembolso dos fundos do plano de recuperação da União Europeia.

A agência de ‘rating’ lembra que “esses fundos europeus são cruciais para o crescimento económico de Portugal”.

se algum partido conseguir a maioria do parlamento nas eleições legislativas, diz a Moody’s que isso seria positivo para a nota de crédito de Portugal pois retiraria o risco de incerteza política.

Contudo, avisa, se um novo Governo quiser voltar a redefinir o uso dos fundos europeus, tal implica nova aprovação pelo Conselho Europeu e conduzirá a atrasos significativos nos desembolsos financeiros.

Enquanto não houver um novo orçamento, o ano de 2022 decorrerá com o orçamento de 2021 em vigor (em duodécimos), o que diz a Moody’s que não é problemático para a meta do défice orçamental, uma vez que as medidas para mitigar o impacto da pandemia da covid-19 (que têm impacto na despesa) têm vindo a ser retiradas de forma faseada.

Na semana passada, a proposta do Governo para o Orçamento do Estado de 2022 foi ‘chumbada‘ com os votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL, devendo agora seguir-se eleições legislativas antecipadas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falará ao país na quinta-feira, depois de ouvido o Conselho de Estado, sobre a dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições.

Marcelo Rebelo de Sousa já recebeu os partidos em Belém sobre este tema. Sete dos nove partidos com representação parlamentar apontaram a data de 16 de janeiro como a mais indicada para a realização de eleições legislativas antecipadas, incluindo PS e PSD.

Juros da dívida sobem a dois, a cinco e a 10 anos

Os juros da dívida portuguesa estavam hoje a subir a dois, a cinco e a 10 anos em relação a sexta-feira, alinhados com os de Espanha, Grécia e Itália.

Às 10:15 em Lisboa, os juros a 10 anos avançavam para 0,522%, contra 0,459% de sexta-feira. O mínimo de sempre, de -0,059%, foi verificado em 15 de dezembro de 2020.

Os juros a cinco também subiam, para -0,166%, contra -0,243% de sexta-feira. O mínimo de sempre, de -0,506%, aconteceu em 15 de dezembro de 2020.

No mesmo sentido, os juros a dois anos avançavam para -0,555%, contra -0,628% de sexta-feira. O mínimo de sempre, de -0,774%, foi registado em 11 de outubro.

Prestação da casa paga ao banco desce ligeiramente

A prestação paga ao banco pelo crédito à habitação desceu ligeiramente este mês de novembro nos contratos indexados à Euribor a seis meses e a três meses, face às últimas revisões, segundo a simulação da Deco / Dinheiro&Direitos.

Um cliente com um empréstimo no valor de 150 mil euros a 30 anos, indexado à Euribor a seis meses e com um ‘spread’ (margem de lucro do banco) de 1%, passou a pagar a partir deste mês 447,01 euros, o que se traduz em menos 0,72 euros face à última revisão (maio).

Já no caso de um empréstimo nas mesmas condições (valor e prazo de amortização), mas indexado à Euribor a três meses, o cliente passa a pagar 445,50 euros, menos 0,33 euros do que pagava desde agosto.

Estes valores foram calculados tendo em conta as médias da Euribor no mês de outubro, tendo sido a seis meses de -0,527% e a três meses de -0,550%.

No final de setembro, acabou a grande maioria das moratórias do crédito, que nas famílias eram importantes sobretudo para o crédito à habitação.

As taxas Euribor são o principal indexante em Portugal nos contratos bancários que financiam a compra de casa. A Euribor a seis meses é a mais usada, seguida da taxa a três meses.

ZAP // Lusa

5 Comments

    • Não sei se és mesmo ignorante, ou estás a tentar fazer uma piada.
      Imaginado que é o primeiro caso, eu explico-te.
      A Moody’s é uma das três agências de rating que determina se Portugal tem melhores ou piores condições de pagar os seus calotes – o que às vezes, quando a vida nos corre mal (mais ou menos ao fim de cada 6 anos de governo socialista) se mostra dramaticamente importante.
      Portanto, não importa nada se tu acreditas nas previsões das agências de rating — nem importa se elas acabam ou não por se concretizar.
      O que importa, é se os mercados acreditam.
      Capisce?

      • Marques Mendes; és tu?!

        Então essa Moody’s também faz previsões… e é mais uma daquelas que falhou completamente na crise de 2008 (enquanto atribuía um rating de AAA ao Lehman Brothers)!…
        Que previsões… quase tão importantes como as do M. Mendes!…
        O que seria do mundo sem elas…

        Olha que lindo:
        “Moody’s to pay $864 million for pre-2008 ratings deception”
        Ratings agency Moody’s has agreed to a settlement payout with US authorities over mortgage securities fraud that contributed to the 2008 financial crisis. The agreement follows an investigation lasting several years.
        DW, 14.01.2017

      • Eu sei que tu tens uma tara pelo Marques Mendes, mas não, não sou.
        Vou explicar-te outra vez, mas com menos palavras.
        “Não importa se as previsões se concretizam”, importa se os mercados acreditam – e se as seguem (ao fim de cada 6 anos de governo socialista).
        Pois… sorry Marques Mendes, sorry Eu!, as (patetas) previsões das agências de rating importam.
        Capisce, ou ainda não capisce?

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