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Igreja perdeu 50 milhões de euros com a pandemia (e há dioceses em lay-off)

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Lawrence OP / Flickr

Ao cabo de dois meses de paragem por causa da pandemia de covid-19, as missas regressam, neste sábado, mas com regras novas para evitar a propagação do coronavírus. Uma paragem que resultou num “prejuízo” de 50 milhões de euros para a Igreja Católica devido a menos receitas recolhidas, nomeadamente com esmolas.

A Igreja Católica portuguesa terá deixado de receber 50 milhões de euros durante os cerca de dois meses em que não foi possível celebrar missas por causa da covid-19. O número é avançado ao Jornal de Notícias (JN) por fontes ligadas à gestão financeira de dioceses do Norte e constitui uma estimativa.

Em causa estão valores de esmolas, de oferendas e de encomendas de missas que não foram pagos durante o período do confinamento.

A redução drástica no número de casamentos realizados também contribuiu para as perdas – cada cerimónia de casamento rende “200 euros” no caso da Basílica do Bom Jesus, em Braga, conforme aponta o JN.

Os meses de Abril e Maio são, habitualmente, bastante rentáveis para a Igreja Católica, já que são as alturas típicas da Páscoa e das celebrações de Nossa Senhora de Fátima. A estes eventos religiosos costumam estar associadas ofertas bastante generosas dos fiéis que acabam por “alimentar” financeiramente todo o resto do ano.

“A igreja vive dos ofertórios e colectas“, salienta no JN um porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Mas houve quebras da ordem dos 90% a 100%, de acordo com fontes ouvidas pelo diário.

A situação complicou tanto as contas das dioceses que algumas chegaram a ter que recorrer ao lay-off, como foi o caso de PortoAlgarveAngra do Heroísmo, segundo nota o JN.

“A afluência de pessoas aos serviços e a suspensão das actividades de culto deixaram de permitir a percepção das receitas habituais”, salientou o Economato Diocesano, serviço da Diocese do Porto, numa nota enviada à Lusa, salientando que, “até mesmo por razões de equidade”, se entendeu que seria melhor que “uma parte dos seus colaboradores ficasse abrangido pelo regime de lay-off simplificado“.

O lay-off inclui elementos do clero “ao serviço quer das estruturas da Diocese do Porto, quer de qualquer uma das Fábricas da Igreja responsáveis pelas paróquias”, aponta ainda o Economato Diocesano, justificando que “os direitos e deveres neste contexto são iguais aos de qualquer outro trabalhador”.

Cultos religiosos regressam hoje com regras adaptadas

Várias confissões religiosas preparam a retoma das cerimónias presenciais em Portugal, a partir deste sábado, com novas regras para os fiéis e adaptações dos cultos, após uma paragem superior a dois meses por causa da pandemia de covid-19.

O distanciamento entre os participantes e o uso de materiais de protecção vão ser os sinais mais visíveis nos templos e lugares de culto, sendo comuns a todas as celebrações religiosas, segundo as medidas de protecção estipuladas pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Cada confissão tem ainda de adaptar os seus rituais específicos às novas regras, com o objectivo de tentar fornecer a maior segurança possível a todos os envolvidos nas cerimónias.

Contactado pela Lusa, o padre Manuel Barbosa, porta-voz e secretário da CEP, saudou o regresso das cerimónias religiosas, ainda que em moldes diferentes.

No seu site oficial, a CEP “convida todos os fiéis a fazerem por si próprios todos os possíveis para limitar esta pandemia”.

A lista da CEP inclui um total de 79 recomendações, nomeadamente a proibição de comunhão na boca. Esta medida levou um grupo de mais de 500 católicos, entre leigos e sacerdotes, a apelar aos bispos para que revoguem esta norma. Mas, por enquanto, está fora de questão, segundo avançou à Lusa o porta-voz da CEP.

Também com a reabertura no horizonte, a Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL) divulgou um guia de recomendações a tomar no regresso das orações nas mesquitas.

“A ablução [rito de purificação e higienização] ser feita em casa, o espaço sanitário ser fechado, as portas das mesquitas serão abertas um pouco antes de cada oração e fechadas depois das orações”, enumera à Lusa o imã David Munir, sublinhando que as pessoas devem “permanecer o mínimo de tempo nas mesquitas”.

Já Isaac Assor, oficiante litúrgico da Sinagoga de Lisboa, assinala à Lusa que “as confissões religiosas tiveram que se adaptar” para reabrirem as portas, de acordo com as especificidades da cada uma, desde logo, em função das diferenças físicas entre os lugares de culto, bem como dos distintos rituais.

“No caso da religião judaica, todo o ritual de leitura da Tora é o ‘clímax’ da cerimónia, envolvendo várias pessoas em diferentes processos, mas vai haver uma simplificação do mesmo por razões de segurança”, exemplifica Isaac Assor.

Por seu turno, o pastor António Calaim, presidente da Aliança Evangélica Portuguesa (AEP), salienta à Lusa que “as igrejas têm sido alvo de desinfecção exterior e interior, pelo que estão prontas para a reabertura”, e apela para que “as pessoas tenham calma e ordem a entrar e a sair” dos templos.

“Vai haver mudanças nas salas, com as distâncias entre os fiéis – achamos que dois metros é um exagero e esperamos uma resposta da DGS à nossa proposta de duas cadeiras -, os pregadores e os cantores também vão cumprir com as distâncias, vai haver muito cuidado com a higiene, com as máscaras e com os desinfectantes”, adianta António Calaim, revelando que a maioria das igrejas evangélicas retoma a actividade no domingo.

Portugal entrou no dia 3 de Maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de Março.

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância activa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

ZAP // Lusa

11 Comments

  1. É um espectáculo esta amostra de País. Pagar impostos, não que existe a concordata e como se não bastasse, vão para Lay off para o estado, via segurança social assumir os encargos. Como é que isto pode acabar bem ?

    • Qual é o seu problema? Se está em Lay off e recebe é porque fez descontos, se não está deixe de ser invejoso e egoísta, lembre-se que amanhã podem ser os funcionários da Igreja a ajudar à sua sobrevivência..

    • Não é um país nem é uma amostra; é a maior máfia global – há 2000 anos a manipular os mais distraídos!!
      Está em (praticamente) todos os países do mundo e não paga impostos em nenhum!!

  2. A Igreja Católica deixou de receber 50 milhões de euros devido a menos receitas recolhidas, nomeadamente com “esmolas” e oferendas e de “encomendas de missa”? E ainda se queixam … estão isentos de impostos, as famílias portuguesas não estão! Como é óbvio se não foram celebradas …
    “A igreja vive dos ofertórios e colectas“, a igreja originária do nosso Santo Padre (Papa Francisco) trabalhavam na agricultura, porque razão, em altura de epidemias a igreja não poupou o dinheiro angariado nos anos anteriores para agora? É o que as famílias sensatas normalmente fazem. A quebra de 90% a 100%, também ocorreram nas famílias portuguesas, há pessoas a passar necessidades. Eu pergunto: Onde está a tão proclamada “solidariedade”, “generosidade”, “partilha” tão proclamada, para com as dioceses que chegaram a ter que recorrer ao lay-off, como foi o caso de Porto, Algarve e Angra do Heroísmo, segundo nota o JN? Eu sou de um concelho do distrito de Braga, e pergunto: Porque razão tenho de além de contribuir para o sustento do clero da minha freguesia, tenho de contribuir para o sustento da paróquia de Braga? Os de lá em nada contribuem para a minha freguesia, pois não? Cada freguesia terá de contribuir para o sustento da sua freguesia, ponto.

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