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Há suspeitas de que a China está a incentivar a toma de uma vacina que ainda não foi testada

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A China National Biotec Group (CNBG), uma subsidiária da farmacêutica Sinopharm, disse a empresas estatais do país que as vacinas estavam seguras e prontas para serem tomadas pelos funcionários.

Uma carta enviada a funcionários de empresas estatais chinesas adianta que duas vacinas experimentais contra o novo coronavírus são seguras e eficazes. No entanto, nenhuma delas concluiu os ensaios clínicos da fase três, avança o Quartz.

Normalmente, os ensaios clínicos da fase três envolvem a administração da vacina a dezenas de milhares de participantes, por forma a analisar a sua segurança e eficácia, antes de serem autorizadas para uso generalizado.

O problema, conforme destaca o Quartz, é que os funcionários, que trabalham em aeroportos, não estão a receber as vacinas como parte de ensaios clínicos, mas sim numa base de “uso de emergência“. Se participassem, formalmente, num ensaio clínico, seriam acompanhados por profissionais de saúde.

Além disso, a carta não explicitava que as vacinas ainda estavam a passar por ensaios clínicos. Da mesma forma, a missiva não mencionava os possíveis riscos da toma da vacina. Segundo o Quartz, a CNBG ainda não se manifestou a respeito desta história.

Especialistas contactados pelo Quartz esclarecem que as alegações sobre a segurança e a eficácia de uma determinada vacina não devem ser feitas até que todos os testes sejam concluídos.

“Mesmo que a vacina seja benigna, se as pessoas pensarem que estão protegidas, quando na verdade não estão, podem expor-se a riscos que, de outra forma, evitariam e aumentar a probabilidade de adoecer”, disse Alex John London, diretor do Center for Ethics and Política da Universidade Carnegie Mellon.

Atualmente, três em cada seis empresas farmacêuticas que estão a conduzir estudos de fase três de vacinas contra o coronavírus situam-se na China. A carta, endereçada às empresas de viagens estatais, foi escrita por uma subsidiária de uma dessas empresas, a SinoPharm.

A empresa iniciou testes em Abu Dhabi, que envolveram cerca de 15.000 voluntários no início deste mês.

As autoridades chinesas afirmam que, no final deste ano, estará pronta uma vacina para uso generalizado, um prazo extremamente apertado que pode não ser cumprido. No caso da SinoPharm, os ensaios da fase três levarão de três a seis meses até estarem concluídos.

Se ficar provado que a vacina é clinicamente segura e eficaz, o próximo obstáculo será produzi-la e distribui-la em massa – o que, por si só, é um grande desafio.

ZAP //

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